Dafne de Albuquerque Simão; Eugênio de Moura Campos; Maximiliano Loiola Ponte de Souza
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(1):2-6
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O suicídio é um importante problema de saúde pública e vem aumentando nos mais jovens. A literatura focada nestes seguimentos é escassa. Parte dos estudos agrega numa única categoria a população de 10 a 19 anos, desconsiderando as diferenças existentes entre crianças (10 a 14 anos) e adolescentes (15-19 anos).
OBJETIVOS: Descrever de forma comparativa as características e as taxas de suicídio entre crianças (10-14 anos) e adolescentes (15-19 anos) no Brasil.
MÉTODO: Estudo descritivo, compreendendo o período de 2012 a 2016, utilizando dados dos sistemas nacionais de informação. Foram selecionados óbitos de pessoas com idades de 10 a 19 anos, cuja causa básica foi classificada como "lesões autoprovocadas voluntariamente".
RESULTADOS: O método mais utilizado foi o enforcamento. O segundo método mais comum variou conforme o sexo, no masculino foi mais frequente a arma de fogo e no feminino, a intoxicação. O óbito ocorreu mais frequentemente em domicílio. Meninas e adolescentes do sexo feminino morreram mais frequentemente em hospitais/ estabelecimentos de saúde. Entre crianças houve maior percentual de indígenas. Entre crianças, a taxa de mortalidade por suicídio foi de 0,8/100 mil (0,9/100 mil, em meninos e 0,7/100 mil, em meninas). Já entre adolescentes, a taxa foi de 4,2/100 mil, sendo 6,0/100 mil no sexo masculino e 2,4/100 mil no feminino. As taxas variaram conforme as macrorregiões.
CONCLUSÃO: Evidenciou-se um conjunto de assimetrias de gênero e variações nas taxas de suicídio entre crianças e adolescentes potencialmente úteis para elaboração de estratégias de prevenção deste agravo.
Palavras-chave: Suicídio Consumado. Criança. Adolescente. Brasil. Epidemiologia.
Flávia Yasmine Elias; Tony Tannous Tahan; Andrea Maciel de Oliveira Rossoni
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(1):7-14
Resumo PDF PTOBJETIVOS: Determinar a prevalência de alterações hematológicas em crianças com resultado positivo para infecção pelo vírus da imunodeficiência humana, bem como suas causalidades e condutas.
MÉTODOS: Estudo observacional, analítico, transversal, com coleta de dados retrospectiva. A amostra foi composta pelos pacientes em acompanhamento no serviço de infectopediatria de um hospital terciário no Paraná, de janeiro de 2002 a setembro de 2018. a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da referida instituição.
RESULTADOS: Foram incluídos todos os 56 pacientes que estavam em acompanhamento no período, sendo 53,57% meninas e 50% com idade de 11-15 anos. Ao longo do acompanhamento, 42,86% apresentaram uma ou mais alteração no hemograma. As principais alterações encontradas foram: 16,06% anemia; 23,21% macrocitose e 10,71% plaquetopenia. Fizeram uso de Zidovudina 85% dos estudados, em algum momento do tratamento (p=0,268). Todos os pacientes com macrocitose constavam como bons aderentes ao tratamento (p=0,018). Em 75% das alterações, a conduta foi expectante.
CONCLUSÕES: Foram encontradas alterações nas três séries do hemograma, com predominância da eritrocitária. A anemia e a macrocitose foram as mais prevalentes e para a grande maioria das alterações não houve necessidade de intervenções, reforçando a segurança da terapêutica instituída.
Palavras-chave: Crianças. Macrocitose. AZT. Infecções por HIV. Doenças hematológicas.
Kedison da Silva Monteiro; Débora Oliveira Marques; Camila Soares Santos; Nathalia França de Oliveira
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(1):15-20
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A notificação da violência contra crianças e adolescentes configura-se como uma ferramenta para o controle do agravo e o cuidado das vítimas e famílias. Assim, é importante compreender se a ocorrência de violência na infância apresenta uma relação com o ato de notificar a violência infantojuvenil.
OBJETIVO: Analisar a associação da ocorrência de violência na infância em médicos da Estratégia Saúde da Família e a notificação da violência infantojuvenil em Manaus.
MÉTODOS: Estudo transversal, realizado em unidades básicas de saúde. Para a coleta de dados, utilizou-se um questionário multitemático padronizado, pré-codificado, previamente testado e autoaplicado. Para identificar a ocorrência de violência na infância, empregou-se o Questionário sobre Traumas na Infância (QUESI).
RESULTADOS: Dos 71 médicos que participaram do estudo, mais de 90% referiram a ocorrência de negligência física e emocional de forma moderada a extrema. A ocorrência de abuso físico, sexual e a negligência emocional predominou no sexo feminino. Não há relação entre a ocorrência de violência na infância entre os médicos da Estratégia Saúde da Família em Manaus e o ato de notificar a violência contra crianças e adolescentes. No entanto, observou-se que os profissionais médicos que sofreram abuso sexual (60,0%) foram os que mais notificaram os casos identificados.
CONCLUSÕES: O estudo demonstrou que a ocorrência de violência sexual na infância parece influenciar o ato de notificar. Dessa forma, enfatiza-se a necessidade de se considerar não somente as experiências profissionais, como o histórico pessoal dos profissionais ao se planejar as capacitações sobre o tema.
Palavras-chave: Maus-tratos infantis. Médicos de atenção primária. Estratégia Saúde da Família. Notificação de doenças. Crianças. Adolescentes.
Priscila Feijó Klaes; Fernanda Pinto Mariz; Ekaterni Simões Goudouris; Jusley Lira Sousa; Lucila Akune Barreiros; Antonio Condino Neto
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(1):21-28
Resumo PDF PTOBJETIVO: Aplicar teste de triagem para erros inatos da imunidade (EII), descrever resultados comparando diferenças entre nascidos prematuros e a termo, e achados clínicos associados.
MÉTODOS: Estudo descritivo no qual foram obtidas 384 amostras de sangue em papel filtro de recém-nascidos na Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para quantificação do número de círculos excisados de receptores de células T (TREC, do inglês: T-Cell Receptor Excision Circles) e círculos excisados kappa-deleting (KREC, do inglês Kappa-deleting Recombination Excision Circles) com técnica de reação em cadeia de polimerase (polymerase chain reaction, PCR) em tempo real. As variáveis foram comparadas utilizando-se o teste de Mann-Whitney e consideradas significativas quando p < 0.05.
RESULTADOS: 383 amostras válidas, valores de TREC variando de 0 a 641 (mediana: 151, média: 169) e de KREC de 0 a 397 (mediana: 74, média: 86.5) moléculas por microlitro. Das 7 amostras com valores abaixo da normalidade, 6 foram repetidas. Não foi confirmado nenhum caso de imunodeficiência. Quantificações de TREC e KREC de prematuros foram significativamente menores que dos nascidos termo (p<0.0001 e p=0.03, respectivamente), entretanto, em relação ao KREC, não houve diferença entre prematuros a partir de 34 semanas e a termo (p=0.86).
CONCLUSÃO: A prematuridade influencia na quantificação de TREC e KREC, porém a grande maioria dos prematuros apresentou resultados normais, ressaltando a importância do exame mesmo nesses recém-nascidos. Os resultados sugerem que a repetição da avaliação de KREC em recém-nascidos prematuros, quando necessária, pode ser realizada a partir de 34 semanas.
Palavras-chave: Triagem neonatal. Agamaglobulinemia. Imunidade. Imunodeficiência combinada severa.
Kamila Magalhães Sampaio; João Vitor Santa Maria Magalhães; Ingrid Kandler
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(1):29-34
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Sinusite é um termo amplo que inclui várias subdivisões de inflamação sinusal, podendo ser aguda, subaguda e crônica. Estes termos são comumente usados para descrever infecções bacterianas, mas também existem infecções fúngicas crônicas, bem como a sinusite alérgica. As complicações intracranianas são sequelas comuns de sinusite, quando há comprometimento dos seios frontais ou etmoidais, e o risco de infecção intracraniana é acentuadamente aumentado. Apesar de sua relativa raridade, as complicações intracranianas permanecem clinicamente importantes, devido à alta morbimortalidade associada à doença.
OBJETIVO: Revisar retrospectivamente a literatura, a fim de obter uma síntese das complicações neurológicas de sinusite mais comuns em pacientes pediátricos, para fornecer dados adicionais ao pequeno corpo de literatura que existe sobre este tópico.
FONTE DE DADOS: Esta revisão se baseia em estudos publicados na base de dados PubMed nos últimos 5 anos. Para tal, foram utilizados os descritores "sinusite", "complicações" e "pediatria".
SÍNTESE DE DADOS: Grande parte dos estudos apresentam empiema epidural e subdural, complicações intracranianas supurativas e não supurativas, além de comprometimentos orbitais. Complicações intracranianas secundárias à rinosinusite, embora apenas esporadicamente observadas, são potencialmente fatais, e pacientes com sinusite que desenvolvem complicações mais graves são comumente crianças.
CONCLUSÃO: Complicações neurológicas decorrentes de sinusite bacteriana são eventos raros, mas que exigem atenção do pediatra, pelo fato de suas manifestações clínicas serem inespecíficas, como febre, cefaleia, náuseas ou vômitos, mas com a grande possibilidade de morbidade nos pacientes.
Palavras-chave: Pediatria. Complicações. Sinusite.
Charbell Miguel Haddad Kury; Barbara Soares de Oliveira Souza; Edwarda Ciâncio Soares-Silva; Dayana Brasileiro Haddad Parente; Esther de Souza Beira; João Pedro Silva Castro-Cardoso; Juliana dos Santos Valentim da-Silva; Leonardo Pereira Barros; Bruno Passebom Soares; Leonardo Vandesteen
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(1):35-40
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O vírus Chikungunya (CHIKV) é causador de quadros infecciosos agudos. O primeiro caso de transmissão vertical foi identificado em 2005. Atualmente, essa infecção viral representa um grave risco para os neonatos de mães sintomáticas.
OBJETIVO: Descrever manifestações clínicas e radiológicas em dois casos de chikungunya neonatal por transmissão vertical.
DESCRIÇÃO DO CASO: Neonatos filhos de mães que apresentaram ao final da gestação quadro de infecção por CHIKV confirmada laboratorialmente. Caso 1: neonato, masculino, iniciou quadro de cianose perioral, evoluindo no 6º dia com choro e irritabilidade. Realizada ressonância magnética de crânio (RNM), que evidenciou encefalite aguda com lesão parenquimatosa e áreas de necrose/liquefação periventricular e extensão para os membros posteriores das cápsulas internas. Houve evolução para sepse neonatal precoce. Caso 2: neonato feminino, iniciou no 4º dia de vida quadro de irritabilidade, febre e exantema maculopapular em região de dorso. A doença evoluiu para enterocolite necrotizante cirúrgica. A RNM também evidenciou sinais de encefalite aguda por CHIKV. Ambos os casos obtiveram sorologia IgM positiva para CHIKV. Ambos foram submetidos a tratamento antimicrobiano associado a terapia com imunoglobulina humana e suporte sintomático. Após melhora clínica, receberam alta hospitalar, respectivamente, no 25º e 47º dia de vida.
DISCUSSÃO: A encefalite por CHIKV é uma manifestação neurológica grave, com implicações em neurodesenvolvimento. A abordagem propedêutica desta doença deve envolver todo um conjunto de suporte clínico e análise por exames de imagem, sendo imperativo avaliar o neurodesenvolvimento cerebral, pois este norteia as tomadas de decisões terapêuticas/suporte, a fim de se evitarem sequelas no longo prazo. O uso de imunoglobulina humana em ambos os casos foi seguro e protetor.
Palavras-chave: Vírus Chikungunya. Encefalite Viral. Imunoglobulinas.
Bruno Previdelli Coghi; Beatriz Bettiol Nicoletti; Bruna Sandy Pastre; Bruna Isepão Barboza da-Silva; Zumira Aparecida Carneiro; Jacqueline Fonseca; Laura Vagnini; Regina Albuquerque; Marcela Almeida; Debora de Cassia Tomaz; Fernanda Veiga Goes; Tainá Regina Damaceno Silveira; Ana Paula Andrade Hamad; Fernanda Timm; Charles Marques Lourenco
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(1):41-46
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Niemann-Pick tipo C (NP-C) é uma condição genética hereditária autossômica recessiva, causada por mutações nos genes NPC1 e NPC2, ocasionando armazenamento lisossomal neurovisceral. Alteração lisossomal decorre de defeito no trânsito celular, com consequente acúmulo de glicoesfingolipídios e colesterol em diversos órgãos, progressivamente levando à morte celular prematura. Essa doença apresenta uma prevalência de 1:120.000, no qual cerca de 95% dos afetados exibem alteração no gene NPC1 e apenas 5% são decorrentes de mutação no gene NPC2. Pacientes com NP-C podem apresentar vários fenótipos, desde a forma neonato-infantil, com manifestações viscerais como organomegalia e colestase, até a forma juvenil-adulta, com degeneração neurológica progressiva.
RELATO DE CASO: Paciente feminino, 18 anos, encaminhada para investigação de quadro neuropsiquiátrico ("esquizofrenia-like" e paralisia do olhar conjugado vertical), associado a manifestações motoras (ataxia, leve distonia e disartria). Diante dos achados clínicos e exame físico, solicitou-se o teste de Filipin que se positivou, sendo necessário o sequenciamento genético para comprovação da doença. Após o diagnóstico, iniciou uso de terapia de redução de substrato (TRS) com Miglustate, evoluindo com estabilização clínica.
DISCUSSÃO: NP-C deve ser considerada como diagnóstico diferencial de diversas doenças com manifestações viscerais e neuropsiquiátricas progressivas, a fim de direcionar sua investigação. Sendo a NP-C potencialmente tratável e dado seu caráter progressivo, o diagnóstico precoce torna-se fundamental, não só para melhor prognóstico clínico da paciente, mas também para permitir aconselhamento genético familiar.
Palavras-chave: Doença de Niemann-Pick Tipo C. Proteína C1 de Niemann-Pick. Colestase. Espectro da Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos.
Bruno Antunes Contrucci ; Gustavo Rogério Pinato; Bruno Barboza de-Oliveira; Carolina Nascimbeni Rodrigues Cruz; Nathália de Oliveira Kolln; Marina Vanzela Lania Teles; Gustavo Botelho Sampaio
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(1):47-50
Resumo PDF PTA produção de anticorpos maternos contra antígenos plaquetários fetais herdados do pai, e que gera destruição plaquetária significante, define a trombocitopenia neonatal aloimune. Caracteriza-se por intensa plaquetopenia, com expressivo sangramento mucocutâneo pós-natal, além de importante causa de sequelas neurológicas em recém-nascidos decorrentes da hemorragia intracraniana que ocorre tanto intraútero quanto perinatal. Pelo fato de ser subdiagnosticada na prática clínica, buscou-se relatar o caso clínico com o intuito de discutir o diagnóstico, manejo clínico e importância da trombocitopenia neonatal aloimune, que se apresentou com sangramento intracraniano fetal evidenciado durante avaliação ultrassonográfica do pré-natal.
Palavras-chave: Trombocitopenia neonatal aloimune. Trombocitopenia. Transtornos plaquetários. Hemorragias intracranianas.
Bárbara de Lima Lacerda; Bárbara Bertolino Ravagnani; Bianca Prado e Silva; Laís Santos Nunes; Nathália Antunes dos Santos; Valdir Rubi Ecke Júnior; Vanessa Geron; Maísa Moscardini Moreira Herker Souza
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(1):51-56
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A infecção pela Covid-19 iniciada na China em 2019 disseminou-se rapidamente pelo mundo, atingindo sobretudo adultos e idosos. Em abril de 2020, no entanto, houve a identificação de uma síndrome inflamatória multissistêmica (MIS-C) com predomínio em crianças e adolescentes. Essa síndrome se manifesta de diferentes formas, podendo assemelhar-se à síndrome de Kawasaki e ao choque tóxico e evoluir para choque, a maioria cardiogênico, com elevação de enzimas musculares cardíacas.
OBJETIVO: Relatar o caso de duas crianças infectadas pelo vírus SARS-CoV-2 que evoluíram com MIS-C e refletir sobre a importância do reconhecimento precoce e rápida instituição de tratamento para a enfermidade.
DESCRIÇÃO DO CASO: Trata-se de um relato de caso de dois pacientes distintos que apresentaram a MIS-C após contraírem o vírus SARS-CoV-2. Os dois casos apresentaram sintomas e evoluções diferentes, embora ambos preenchessem critérios diagnósticos para a síndrome.
DISCUSSÃO: Entre os critérios clínicos da MISC, observam-se com maior frequência manifestações como febre, sintomas gastrointestinais, comprometimento cardíaco e elevação de marcadores inflamatórios. Tratando-se de uma síndrome nova relacionada à Covid-19, é de grande relevância a documentação de novos casos para o melhor reconhecimento e manejo da complicação que acomete principalmente a faixa etária pediátrica.
Palavras-chave: Pediatria. Síndrome de Linfonodos Mucocutâneos. COVID-19.
Alexandra Prufer Queiroz Campos Araújo; Clarisse Pereira Dias Drumond Fortes
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(2):57
PDF PTPalavras-chave: Pediatria. Síndrome de Linfonodos Mucocutâneos. COVID-19.
Natália Piano Seben; David Cavalcanti Ferreira; Helen Zatti; Júlia Piano Seben
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(2):58-64
Resumo PDF PTOBJETIVO: Avaliar a taxa transfusional e o perfil clínico-laboratorial dos recém-nascidos prematuros (RNPTs) de muito baixo peso e/ou idade gestacional (IG) inferior a 32 semanas submetidos à transfusão de concentrado de hemácias na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) de um hospital público estadual de referência e descrever a evolução desses pacientes.
MÉTODOS: Estudo de coorte retrospectivo, observacional, no qual foram incluídos 117 RNPTs de muito baixo peso e/ou IG inferior a 32semanas, nascidos entre janeiro de 2017 e 30 de junho de 2019. As variáveis contínuas e categóricas foram analisadas conforme a realização de hemotransfusão.
RESULTADOS: Dos 117 RNPTs incluídos no estudo, 92,3% receberam transfusão, sendo as médias do peso e da IG ao nascimento deste grupo, respectivamente, de 1.192,08g e 29,33 semanas. Nos pacientes submetidos à transfusão, os valores médios de hemoglobina e hematócrito foram de 11,09g/dL e de 31,64%, e a média do número de concentrados de hemácias transfundidos foi de 4,12 unidades. A discrepância de tamanho dos grupos limitou a associação entre a apresentação de patologias neonatais, contudo, contatou-se que o número de transfusões foi significativamente maior em RNPTs com persistência do canal arterial, displasia broncopulmonar e retinopatia da prematuridade.
CONCLUSÃO: A UTIN apresenta uma alta taxa transfusional, a qual não pode ser justificada pelas características clínicas da amostra, sendo relacionada ao fato de não ser seguido um protocolo bem estabelecido para o adequado suporte transfusional neonatal.
Palavras-chave: Recém-Nascido Prematuro. Unidades de Terapia Intensiva Neonatal. Transfusão de eritrócitos. Anemia.
Elton Bicalho de Souza; Antonio de Azevedo Barros-Filho
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(2):65-70
Resumo PDF PTO objetivo do presente estudo foi verificar a correlação entre circunferência do pescoço com o índice de massa corporal, circunferência da cintura, percentual de gordura corporal e somatório de dobras cutâneas em crianças. Estudo transversal realizado com 875 crianças de escolas públicas do município de Volta Redonda, Rio de Janeiro. Foram mensurados peso, estatura, circunferência do pescoço, circunferência da cintura e dobras cutâneas triciptal e subescapular. O diagnóstico do estado nutricional e risco de complicações foi realizado com base nos valores de índice de massa corporal, percentual de gordura, circunferências de pescoço e cintura. A mediana de idade foi de 8 anos, e a maioria das crianças apresentou eutrofia pelo índice de massa corporal (58,2%), sem risco de complicações metabólicas tanto pela circunferência do pescoço (51,3%) quanto pela circunferência da cintura (76,1%), e sobrepeso em relação à gordura corporal (52,2%). Observou-se correlação entre a circunferência do pescoço com o índice de massa corporal (r = 0,689; p < 0,005), circunferência da cintura (r = 0,738; p < 0,005), gordura corporal (r = 0,671; p < 0,005) e somatório das dobras (r = 0,679; p < 0,005). Diante do exposto, conclui-se que a circunferência do pescoço é uma excelente medida de avaliação, e sua utilização deve ser estimulada na pediatria.
Palavras-chave: Antropometria. Desenvolvimento infantil. Estado nutricional.
Ana Luiza Freitas Ribeiro; Carolina Rieg Medina; Beatriz Aguiar Delasta; Vera Esteves Vagnozzi Rullo; Maria Célia Cunha Ciaccia
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(2):71-76
Resumo PDF PTO vírus da síndrome respiratória aguda grave do coronavírus 2 (SARS-CoV-2) é causador de uma nova doença, e também de uma pandemia, conhecida como Covid-19, que atingiu milhões de pessoas em todo o mundo.
OBJETIVO: Conhecer a evolução dos casos notificados confirmados pela detecção do ácido ribonucleico (RNA) viral por reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR SARS-CoV-2) nas diferentes faixas etárias.
MÉTODO: Trata-se de um estudo ecológico com coleta de dados a partir da base de dados do Ministério da Saúde de casos notificados confirmados pelo RT-PCR SARS-coV2.
RESULTADOS: As maiores porcentagens de casos positivos foram para a faixa etária maior de 60 anos, sexo masculino e raça branca. Evolução para internação hospitalar, saturação de O2 < 95%, suporte ventilatório e óbito tiveram porcentagens significativamente maiores nas idades mais avançadas. Apesar de as crianças serem menos acometidas, verifica-se que das crianças menores de 29 dias analisadas, 62,7% foram internadas em Unidade de Terapia Intensiva e 77,8% evoluíram para cura. De um total de 2.195 crianças e adolescentes analisados, 12,1% evoluíram para óbito. E dos 100.319 indivíduos maiores de 60 anos analisados, 57,5% evoluíram para óbito. Os pacientes com idades mais avançadas tiveram porcentagens significativamente maiores de alterações na radiografia de tórax. Quanto à tomografia de tórax, esses pacientes tiveram porcentagens de alterações maiores, porém não significativamente.
CONCLUSÃO: As faixas etárias mais avançadas compõem a maioria dos casos de Covid-19 com evolução desfavorável. Apesar de as crianças serem menos acometidas, casos graves também podem ocorrer.
Palavras-chave: Coronavírus. Grupos etários. Evolução clínica. Doença.
Caroline Oliveira Soares; Marcela Cristina Moraes Oliveira; Marcus Renato Carvalho; Beatriz Oliveira Duarte; Clara Perini Fiorot; Débora Casanova Motta; Eduarda Goto Machado; Felipe Souza Oliveira; Karina Oliveira Caneca; Nathália Élika Araújo; Sarah Azevedo Andrade
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(2):77-86
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O cenário do desmame precoce torna-se uma preocupação para os profissionais de saúde, uma vez que a amamentação confere proteção contra infecções, relaciona-se a um maior QI, possui ação protetora sobre a internação hospitalar por infecções respiratórias e gastrointestinais, além de reduzir o risco de alergias e a ocorrência de sobrepeso, desnutrição, doenças cardiovasculares e diabetes nos lactentes e crianças. Assim, torna-se fundamental o estudo da relação entre o aleitamento materno exclusivo e a redução da morbimortalidade infantil por causas evitáveis.
OBJETIVOS: Reunir dados que comprovem a relevância do aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade do lactente e promover maior acesso social a informações referentes ao desmame precoce.
FONTES DE DADOS:
1. 1 livro com o tema "bases científicas da amamentação", disponível na biblioteca do Instituto de Pediatria e Puericultura Martagão Gesteira (IPPMG) e da Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
2. Informações coletadas em artigos publicados nos últimos 25 anos e acessadas nas bases de dados SciELO, MEDLINE, PubMed, The Lancet, Jornal de Pediatria e ResearchGate.
CONCLUSÕES: A amamentação confere proteção contra infecções gastrointestinais e respiratórias, por favorecer a formação do sistema imune e a colonização do trato gastrointestinal, além de ser uma prática protetiva contra a infecção por SARS-Cov 2, devido à transferência passiva de anticorpos maternos para o lactente. Nessa seara, o desmame precoce está associado à elevada incidência da morbimortalidade infantil. Visto isso, ampliação da amamentação pode prevenir aproximadamente 823.000 mortes de crianças anualmente.
Palavras-chave: Desmame. Aleitamento Materno. Mortalidade Infantil. Indicadores de Morbimortalidade.
Bruno Scofano Dias; Fernanda Marinho de Lima
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(2):87-96
Resumo PDF PTOBJETIVO: Realizar revisão de escopo sobre a qualidade de vida de crianças e adolescentes irmãos de indivíduos com transtornos crônicos neurológicos, do neurodesenvolvimento e da saúde mental.
FONTES DE DADOS: A busca foi realizada nas bases de dados PubMed, Medline, SciELO e Google Scholar.
SÍNTESE DOS DADOS: No total, 1.664 artigos foram encontrados na pesquisa inicial. Destes, 1.061 duplicados foram removidos. Em seguida, 590 foram excluídos por falta de adequação após a leitura dos títulos e resumos e/ou do texto completo, resultando em um total de 13 estudos incluídos. Destes, cinco (38,6%) foram publicados nos últimos cinco anos e 100% nos últimos 15 anos, avaliando indivíduos de 3 a 18 anos, totalizando 1.741 amostras. Como um todo, em oito estudos (61,6%), os participantes tiveram pior qualidade de vida do que os respectivos controles.
CONCLUSÕES: Os resultados sugerem que irmãos de indivíduos com transtornos crônicos neurológicos, do neurodesenvolvimento e da saúde mental tendem a ter menor qualidade de vida, e que o equilíbrio entre fatores de risco e proteção determina o desfecho. Os resultados apontam para a necessidade da realização de novas pesquisas que investiguem a qualidade de vida, a satisfação com a vida e o bem-estar dessas crianças e adolescentes. Do ponto de vista prático, esta revisão de escopo alerta que, para esses irmãos, é essencial que pediatras, pediatras do desenvolvimento, neuropediatras e psiquiatras infantis percebam a presença de fatores de risco, que forneçam vigilância, avaliação e intervenção precoce e que mantenham foco e investimento nos fatores de proteção.
Palavras-chave: Irmãos. Qualidade de Vida. Criança.
Andrezza Tayonara Lins-Melo; Allison Deyvison de Lima Pereira; Andrezza de Lemos Bezerra
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(2):97-101
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A infecção pelo novo coronavírus em neonatos pode ser considerada leve, grave ou moderada.
OBJETIVO: Descrever as condições clínicas durante o internamento de RNPTs que testaram positivo para a Covid-19.
MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo de caso realizado no hospital com unidade de terapia intensiva neonatal (UTINEO), com dois RNPTs, gemelares, do sexo feminino, sem nenhuma patologia de base além da Covid-19 e prematuridade, que necessitaram da UTINEO. As informações utilizadas foram colhidas através dos prontuários eletrônicos.
DESCRIÇÃO: Os dois RNs apresentaram-se estáveis ao nascimento e realizaram pressão positiva contínua nasal (CPAP) preventiva; apenas um RN necessitou de oxigênio com fração inspiratória de 25% por 24h, nenhum RN necessitou de ventilação mecânica e ambos receberam alta hospitalar 37 dias após o nascimento. Existe uma grande variedade clínica entre os RNs que foram diagnosticados com a Covid-19; a maioria não desenvolveu sintomas graves da doença, embora existam relatos de neonatos que necessitaram de VM e evoluíram a uma condição clínica grave.
COMENTÁRIOS: Os RNs que testaram positivo para a SARS-CoV-2 não apresentaram complicações significativas, mas devido à escassez de informação na literatura, são necessárias novas descrições e abordagens desses pacientes, além de estudos com amostras maiores.
Palavras-chave: Unidades de Terapia Intensiva Neonatal; Infecções por Coronavirus; Recém-Nascido Prematuro; Neonatologia.
Rayane Merlly Gandolfi de-Araújo; Caroline Noda Sakai; Vânia Oliveira de-Carvalho; Camila Girardi Fachin; Amanda Satuti Alcure Pinto; Alanne Darcy Magalhães de-Holanda
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(2):102-104
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A Tinea capitis é uma infecção causada por fungos dermatófitos que acomete o escalpo e os cabelos, ocorrendo predominantemente na infância. Sua apresentação clínica é variável e depende da resistência e da resposta inflamatória do hospedeiro. O padrão de manifestação mais grave é o Kerion celsi, uma inflamação supurativa do couro cabeludo.
OBJETIVO: Descrever e alertar sobre a importância do diagnóstico precoce e correto do Kerion celsi e diferenciá-lo de infecções bacterianas, visto que o tratamento tardio da lesão pode levar a alopecia cicatricial.
DESCRIÇÃO DO CASO: Paciente do sexo feminino, 1 ano e 11 meses, foi encaminhada a um hospital terciário por placa supurativa em couro cabeludo, associada a alopecia. Fez uso de antibiótico via oral e corticoide tópico na ocasião, sem melhora do quadro. Após a avaliação pelo serviço de dermatologia pediátrica do hospital, houve a suspeita de Kerion celsi. Foi realizada a cultura do material obtido através do raspado da lesão e o tratamento com griseofulvina 20 mg/kg foi iniciado. Após 15 dias, a cultura revelou o crescimento de Microsporum canis e o tratamento da griseofulvina foi continuado. Ao final do tratamento, a paciente apresentava melhora significativa da lesão e crescimento capilar.
DISCUSSÃO: Apesar da infecção por Tinea capitis ser comum na infância, sua manifestação mais grave, denominada Kerion celsi, é pouco conhecida e frequentemente confundida com lesões bacterianas. O reconhecimento da lesão e a suspeição diagnóstica são fundamentais para que o tratamento seja feito de forma correta e danos permanentes sejam evitados.
Palavras-chave: Tinha do Couro Cabeludo. Dermatomicoses. Microsporum. Trichophyton. Alopecia
Ana Paula Horokosky Kovacs; Alexandra Prufer Queiroz Campos Araújo
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(3):105-107
PDF PTPalavras-chave: Tinha do Couro Cabeludo. Dermatomicoses. Microsporum. Trichophyton. Alopecia
Sofia Toss Toss; Karoline Silva Zeni; Frederico Manoel Marques
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(3):108-112
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A infecção causada pelo SARS-CoV-2 também acomete a população pediátrica. O isolamento social (associado ao fechamento de creches/escolas) tornou-se essencial no enfrentamento ao coronavírus.
OBJETIVO: Relatar a relação entre o isolamento social e a diminuição das internações hospitalares pediátricas por doenças respiratórias durante um período da pandemia, no ano de 2019, comparando-o ao mesmo período no ano subsequente.
MÉTODO: Estudo quantitativo, descritivo, retrospectivo e documental, que analisou prontuários eletrônicos, coletados em um hospital pediátrico da Serra Catarinense, de internações de pacientes entre 0-15 anos diagnosticados por doenças respiratórias de 19/03/2020 a 30/06/2020, comparando com o mesmo período no ano de 2019.
RESULTADOS: O número de internações em 2019 entre março a junho por doenças respiratórias foi aproximadamente 10 vezes maior do que em 2020. Nota-se que, em ambos os anos, a doença com maior incidência foi pneumonia; hospitalizações por bronquiolite em 2019 corresponderam a 28,5% dos casos; já em 2020, esse número caiu (5,8%). Entre os anos de 2019-2020, a faixa etária mais acometida foi de 1-5 anos, seguida de 0-6 meses, 6 meses a 1 ano, 5-10 anos e por último 10-15 anos. O número de internações em 2019 de crianças que frequentavam creches/escolas foi de 92; e em 2020 foi de 5.
CONCLUSÃO: Houve, entre 2019-2020, correlação significativa entre hospitalização por doenças respiratórias, e crianças que frequentavam escolas/creches em comparação com as não frequentadoras devido ao isolamento social causado pela pandemia. Tal fato foi evidenciado devido à queda no número de internamentos.
Palavras-chave: Criança. Pediatria. Hospitalização. Covid-19. Isolamento Social.
Brunna Victória dos Santos Sá; Anna Klara Bohland
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(3):113-124
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: As condições crônicas complexas (CCC) são afecções que demandam cuidados especializados. Objetivo. Este trabalho objetiva descrever a morbidade hospitalar por CCC em menores de 19 anos, no estado de Sergipe, de 2004 a 2018.
MÉTODOS: Foi realizado um estudo descritivo a partir do Sistema de Informações Hospitalares do SUS. As internações por CCC foram agrupadas em 11 categorias e analisadas no Tabwin.
RESULTADOS: O total de internações por CCC foi de 14.549. O coeficiente de prevalência (por 100.000 habitantes) aumentou de 108,2 no primeiro quinquênio para 142,4 no último, sendo os maiores para malignidade (46,6), neurológicas (18,8) e cardiovasculares (16,7), e o menor para respiratórias (1,3). Os mais acometidos foram indivíduos do sexo masculino (53,9%) e os menores de 1 ano de idade (27,8%). A maioria (69,4%) permaneceu internada por até sete dias e 7,6% foram a óbito. A RS de residência e de ocorrência mais frequente foi a de Aracaju (38,5% e 92,9%, respectivamente). O custo médio por hospitalização foi de US$992,03 e o maior custo individual com doenças cardiovasculares (US$3.171,64).
CONCLUSÕES: Este estudo permitiu situar as CCC em menores de 19 anos em Sergipe, que têm caráter crescente, e evidencia que é imprescindível continuar estudando este tema.
Palavras-chave: Doença Crônica. Criança. Adolescente. Indicadores de Morbimortalidade.
Marinice Saraiva Attem; Andreza Oliveira Alvez; Débora Figueira Mendes; Luciana Eda Maximiano Hasegawa; Lady Jane da Silva Macedo; Pedro Jackson dos Santos Benício; Ana Carolina Pereira de Araújo dos-Anjos; Sileivane Alves Nunes Magalhães; Ana Rachel Oliveira de-Andrade; Vanessa Meneses de Brito Campelo; Khalina Assunção Bezerra Fontenele; Joilson Ramos-Jesus
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(3):125-134
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: De acordo com as evidências atuais, as enteroparasitoses são consideradas importantes problemas de saúde pública, principalmente em países emergentes. As crianças em idade escolar constituem o principal grupo afetado, podendo apresentar prejuízo no desempenho de atividades físicas, cognitivas e sociais.
OBJETIVO: Avaliar se a desnutrição oriunda de infecções parasitárias intestinais contribuem para o déficit no desenvolvimento cognitivo.
METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada a partir da busca de registros científicos de estudos em humanos, publicados entre 2016 e 2020. Foram utilizadas as bases de dados Pubmed, SciELO e Lilacs, mediante uso dos descritores "doenças parasitárias", "estado nutricional", "sinais e sintomas" e "desenvolvimento cognitivo" em português, inglês e espanhol, bem como o operador booleano "and".
RESULTADOS: Inicialmente, foram encontrados 3.203 artigos; 3.157 foram excluídos em razão da incompatibilidade com o tema central desta revisão, sendo também descartados os estudos duplicados. À leitura, foram mantidos 26 artigos, nos quais foram relacionados o desenvolvimento cognitivo de escolares com as doenças parasitárias mais comuns. O parasita mais relatado foi Ascaris lumbricoides, sendo encontrado em 19% dos artigos.
CONCLUSÃO: Com base nas evidências atuais, é notória a relação entre as parasitoses intestinais e a desnutrição em escolares com atraso no desenvolvimento cognitivo. Assim, o cuidado na redução dos fatores de risco, juntamente com as políticas públicas de desparasitação e nutrição adequada, são essenciais para o sucesso do crescimento e desenvolvimento cognitivo das crianças.
Palavras-chave: Doenças Parasitárias. Estado Nutricional. Sinais e Sintomas.
Rinaldo Fábio Souza Tavares
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(3):135-142
Resumo PDF PTOs canabinoides sintéticos (CS) compõem um grupo crescente das assim chamadas "designer drugs". Seu consumo tem aumentado em muitos países, inclusive o Brasil, com a expansão do comércio ilegal e a falsa percepção entre os jovens de que são compostos "naturais" ou "legais". Contribui para esse cenário a dificuldade de detecção desses novos compostos em testes de triagem convencionais. São abordadas neste artigo as principais manifestações clínicas e toxicológicas do uso dos CS. Atenção especial é dada a alguns riscos do uso desses produtos, incluindo alucinações, psicose, estados confusionais, convulsões, sintomas cardiovasculares, lesão renal e lesão pulmonar. O pediatra que atende adolescentes deve estar atento para o diagnóstico e manejo correto das novas situações de risco.
Palavras-chave: Canabinoides. Toxicidade. Drogas Ilícitas.
Bruno Antunes Contrucci; Gustavo Rogério Pinato; Augusto Oliveira Silva; Bruno Barboza de-Oliveira; Jordana Bueno Resende; Debora de Cássia Tomaz Fernandes; Regina Célia Ajeje Pires de-Albuquerque
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(3):143-148
Resumo PDF PTClassificada como síndrome neurocutânea, a esclerose tuberosa é caracterizada pela formação de hamartomas, de forma multissistêmica, decorrente de alteração gênica de supressores tumorais. A presença de crises convulsivas devido a alterações variadas em sistema nervoso central, lesões dermatológicas hipocrômicas, rabdomiomas cardíacos e, raramente, alterações de motricidade ocular, são possíveis apresentações fenotípicas da esclerose tuberosa. O diagnóstico é realizado a partir da presença de critérios clínicos e/ou teste genético, ocorrendo, geralmente, na idade pré-escolar, sendo pouco relatada em neonatos a partir de sinais e sintomas clínicos. Os autores relataram o diagnóstico precoce em recém-nascido com apresentação clínica inicial de forma não habitual e pouco relatada na literatura, com opsoclônus associados a pequenas máculas hipocrômicas. Após exames complementares, evidenciaram-se nódulos cardíacos, túberes corticais e subcorticais. Confirmado o diagnóstico durante o primeiro mês de vida, foi possível permitir o acompanhamento multidisciplinar e periódico do paciente, havendo impacto direto na qualidade de vida de todo o contexto familiar. O manejo de tal condição clínica é dependente de centro especializado para atender necessidades psicossociais dos pacientes, famílias e cuidados, além de realização de exames regulares para avaliar a progressão de lesões intrínsecas à esclerose tuberosa.
Palavras-chave: Esclerose Tuberosa. Síndromes Neoplásicas Hereditárias. Síndromes Neurocutâneas. Epilepsia. Manifestações Neurocomportamentais. Transtornos da Motilidade Ocular.
Charbell Haddad Kury; Cinthia Guimaraes Leandro; Barbara Soares de Oliveira Souza; Franci Mara Guarabu Scarpini; Michele Silva Thomaz; Vivian Beghini Correa; Aline Reis Bereta
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(3):149-153
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO:A malformação arteriovenosa da veia de Galeno (MAVG) representa cerca de 1% das malformações vasculares intracranianas, apresentando duas classificações de acordo com a localização da fístula: coroide e mural. O subtipo coroide é visto na maioria dos neonatos e comumente evolui com insuficiência cardíaca (IC) grave, associando-se a altas taxas de mortalidade neonatal.
OBJETIVO: Apresentar o caso de um recém-nascido (RN) que deu entrada em unidade de terapia intensiva com quadro de IC de difícil manejo secundária a MAVG.
DESCRIÇÃO DO CASO: RN com diagnóstico antenatal de MAVG por ecografia obstétrica, nascido as 40 semanas e 4 dias por parto cesáreo, Apgar 6 e 8, realizada reanimação neonatal com boa resposta. Após 48 horas de vida, evoluiu para IC de alto débito. Por agravamento clínico, foi necessário recorrer a ventilação mecânica e terapêutica com diuréticos e inotrópicos. RN evoluiu com taquicardia supraventricular no 7º dia de vida não responsiva a adenosina, necessitando de cardioversão elétrica. Faleceu ao 23º dia de vida.
DISCUSSÃO: A apresentação clínica da MAVG depende da idade em que a doença se manifesta. O paciente em questão apresentava uma MAVG do tipo coroide, causando disfunção cardíaca no RN precocemente. O manejo da IC nesse paciente é um desafio e perpassa a utilização de inotrópicos, vasodilatadores e diuréticos. A combinação desfavorável de MAVG com IC grave, associada a apresentação precoce dos sintomas, explica o motivo da deterioração rápida do quadro clínico desse paciente.de exames regulares para avaliar a progressão de lesões intrínsecas à esclerose tuberosa.
Palavras-chave: Malformações da Veia de Galeno. Insuficiência Cardíaca. Doenças do Recém-Nascido.
Larissa da Silva Chini; Larissa de Menezes Cabral; Marilene Ferraz Cavalieri; Álvaro Martins Gabriel Isaac; Zumira Aparecida Carneiro; Laura Vagnini; Thiago Hirose; Charles Marques Lourenco; Tainá Regina Damaceno Silveira
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(4):154-162
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O raquitismo hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X é uma rara doença osteometabólica causada por mutações no gene PHEX (Endopeptidase Neutra Reguladora de Fosfato), localizado no cromossomo Xp22.11. Mutações nesse gene levam ao aumento dos níveis do fator de crescimento do fibroblasto 23 (FGF-23), prejudicando a absorção de fosfato nas células tubulares renais e no epitélio intestinal.
RELATO DE CASOS: Caso 1 Paciente feminino, 11 anos, encaminhada para investigação de déficit pôndero-estatural associado à deformidade óssea do membro inferior em varo; exames radiográficos foram compatíveis com alterações metafisárias sugestivas de raquitismo.
CASO 2 Paciente masculino, 8 anos, irmão do caso 1, encaminhado para avaliar quedas frequentes e dor em joelho ao deambular, apresentou achados radiográficos compatíveis com dolicocefalia, arqueamento dos membros inferiores em varo e displasia metafisária. Investigação bioquímica de ambos foi compatível com raquitismo hipofosfatêmico, posteriormente confirmado geneticamente com identificação de mutação patogênica no gene PHEX.
DISCUSSÃO: O raquitismo hipofosfatêmico ligado ao X constitui uma das principais formas de raquitismo de herança genética. Pacientes afetados usualmente manifestam sintomas ainda na infância, como atraso de crescimento estato-ponderal, mineralização óssea anormal, alterações dentárias, craniossinostose, além de osteomalácia e deformidades ósseas em membros inferiores. Diante dos avanços terapêuticos nessa área, é fundamental que o pediatra reconheça os sinais precoces dessa enfermidade, para que não só seja possível o correto e acurado manejo clínico, mas também a realização do aconselhamento genético familiar.
Palavras-chave: Raquitismo. Raquitismo Hipofosfatêmico. Raquitismo Hipofosfatêmico Familiar. Endopeptidase Neutra Reguladora de Fosfato PHEX. Insuficiência de Crescimento.
Suely Keiko Kohara; Patricia Tessari; Maria Luíza Floriano
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(4):163-165
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A pseudoacondroplasia é a segunda forma mais comum de displasia esquelética. É uma condição caracterizada pelas manifestações diversas no esqueleto axial e apendicular. Objetivo: Descrever um paciente com pseudoacondroplasia e relembrar aos pediatras desse diagnóstico diferencial na investigação de baixa estatura.
DESCRIÇÃO DO CASO: Paciente masculino de 5 anos e 7 meses com baixa estatura, claudicação, encurtamento de mãos e genu valgo à esquerda. As alterações radiográficas e análise genética confirmaram o diagnóstico de pseudoacondroplasia.
DISCUSSÃO: A pseudoacondroplasia é uma displasia esquelética caracterizada por baixa estatura desproporcional e osteoartrite de início precoce. Esta condição é causada por uma mutação na proteína oligomérica da matriz da cartilagem (COMP), expressa principalmente nos condrócitos, causando morte prematura destas células do tecido cartilaginoso durante o crescimento ósseo, o que leva a alterações articulares diversas. Apesar de rara, é a segunda forma mais comum de displasia esquelética e deve ser lembrada na investigação de crianças com distúrbios do crescimento.
Palavras-chave: Acondroplasia. Estatura. Insuficiência de crescimento.
Jessyca Thays Melo de Andrade Ramos; Fernanda Veiga de-Góes; Marcela Rodriguez de-Freitas; Naiana de Fátima Silva; Alessandra Augusta Barroso Penna-e-Costa
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(4):166-173
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Lipofuscinoses ceroides neuronais (LCNs) são um grupo de doenças neurodegenerativas causadas pelo acúmulo de lipofuscina nos lisossomos. Apresentam quadro clínico variado e inespecífico, tendo como manifestações principais: declínio do desenvolvimento cognitivo e motor, perda visual, epilepsia e morte precoce. As LCNs são consideradas a principal causa de encefalopatia progressiva da infância. Há, atualmente, 14 subtipos de LCN com 13 genes associados, pois questiona-se a existência da LCN9, não geneticamente definida. Dentre estes, variantes patogênicas no MFSD8 ocasionam a lipofuscinose ceroide neuronal do tipo 7 (LCN7).
OBJETIVO: Relatar a evolução de um paciente com o diagnóstico de LCN do tipo 7, revisar o tema e sugerir um organograma de investigação para não especialistas.
RELATO DE CASO: Paciente do sexo masculino, pais consanguíneos, encaminhado por quadro de regressão do desenvolvimento caracterizada por perda visual, tetraparesia espástica e ataxia de tronco. Investigação diagnóstica evidenciou pesquisa de inclusão de lipofuscina em linfócitos positiva, confirmando o diagnóstico de LCN. Posteriormente, pesquisa molecular demostrou homozigose do MFSD8, estabelecendo o diagnóstico de LCN7.
DISCUSSÃO: A combinação de regressão neurológica associada a perda visual e epilepsia é a apresentação clínica clássica das LCNs. Quadros de regressão do desenvolvimento neuropsicomotor devem levantar suspeita diagnóstica de LCN, visando o manejo terapêutico multidisciplinar precoce e aconselhamento genético. O diagnóstico precoce, particularmente da LCN tipo 2, é importante uma vez que há atualmente tratamento específico.
Palavras-chave: Lipofuscinoses Ceroides Neuronais. Epilepsia. Cegueira.
Dara Kretchsmer Amorim; Alice de Castro Algayer; Etienny de Brito Dias Fernandes; Carolina Roberta Ohara Barros e Jorge da Cunha
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(4):174-183
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A vacinação é um dos pilares da prevenção da morbimortalidade infantil. No Brasil, há vários fatores que corroboram a incompletude vacinal, como as diferentes condições socioeconômicas da população e sua dificuldade de acesso aos centros de saúde. Objetivos: A presente revisão integrativa tem por objetivo discorrer sobre os impactos na completude vacinal em crianças de 0 a 5 anos, por meio de práticas da atenção básica à saúde.
MÉTODOS: As buscas nas bases BVS, LILACS, SciELO, Cochrane, ScienceDirect e Periódicos CAPES (dezembro/2020) recuperaram 10 produções predominantemente quantitativas e publicadas em periódicos nacionais.
RESULTADOS: Evidenciou-se que os serviços que precisam ser otimizados na Unidade Básica de Saúde, no contexto da Equipe de Saúde da Família, pertencem a três eixos principais, apontados como causas da incompletude pelos estudos selecionados. Em síntese, sugere-se que as equipes foquem na busca ativa e na redução das perdas de oportunidade, o que se relaciona, em última análise, à capacitação dos profissionais. Tal formação continuada tem impacto sobre o segundo eixo causal, que envolve a desinformação da equipe e orientação das famílias acerca da temática.
CONCLUSÃO: O estabelecimento do vínculo da família com o serviço mostrou-se indispensável na prática da ESF, com o propósito de minimizar as lacunas na vacinação infantil ofertada na rede pública.
Palavras-chave: Cobertura vacinal. Centros de Saúde. Atenção Básica à Saúde.
Cássia Niero; Martins Back Neto; Kelser de Souza Kock
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(4):184-194
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: As causas externas correspondem a um importante índice de hospitalizações e óbitos, sobretudo na população infanto-juvenil, com consequências que implicam altos custos econômicos e sociais para essa população.
OBJETIVO: Analisar hospitalizações e óbitos por causas externas em menores de 19 anos no estado de Santa Catarina entre 2009 a 2019, caracterizando sexo, faixa etária e subgrupos do CID-10. Métodos: Estudo observacional ecológico.
RESULTADOS: Das 97.6111 hospitalizações e 5.366 mortes no período e população analisada, houve prevalência do sexo masculino, e da faixa-etária de 9 a 19 anos. Entretanto, observou-se tendência de aumento das internações nos menores de 9 anos. Os principais grupos de CID-10 notificados foram as outras causas externas de lesões acidentais, os acidentes de trânsito, as agressões e os eventos cuja intenção é indeterminada.
CONCLUSÃO: As altas taxas de hospitalizações e óbitos por causas externas, seus impactos e custos diretos e indiretos alertam para a necessidade de maior prevenção e evitabilidade desses acidentes.
Palavras-chave: Hospitalização. Mortalidade. Causas externas. Criança. Adolescente.
Maria Augusta Bogo; Fernanda Emy Inumaru; Djulia Adriani Frainer; Mari Lúcia Correa; Ellis Cristina Cunha Marques Dias; Tiago Neves Veras
Revista de Pediatria SOPERJ - V.2022;22(4):195-201
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A pneumonia necrotizante é uma complicação rara e grave da pneumonia adquirida na comunidade, acometendo principalmente pré-escolares imunocompetentes.
OBJETIVO: Analisar o perfil epidemiológico da doença e seus desfechos em um hospital pediátrico do sul do Brasil.
MÉTODOS: Estudo observacional do tipo coorte retrospectivo e de caráter descritivo acerca dos pacientes com diagnóstico de pneumonia necrotizante em um Hospital Pediátrico do Sul do país entre janeiro de 2013 e dezembro de 2020.
RESULTADOS: Considerando um total de 4.538 pacientes, a prevalência de PN foi de 86 pacientes (1,89%). O tratamento clínico foi realizado em 52,3% dos pacientes, e o tratamento cirúrgico, em 47,7% dos pacientes. A média do uso de antibiótico por paciente foi de 3,05 antibióticos, variando o uso de 1 a 11 antibióticos diferentes. As complicações representaram 91,9% dos casos e ao todo 50% dos pacientes foram internados na unidade de terapia intensiva. Ao final do estudo, um paciente foi a óbito.
CONCLUSÕES: Esta análise demonstrou que a PN requer tempo prolongado de hospitalização, bem como necessidade de esquemas de antibioticoterapia diferenciados e intervenções cirúrgicas complementares aos que evoluíram com complicações. Logo, a PN apresenta baixa mortalidade, bom prognóstico, mas alta complexidade no tratamento.
Palavras-chave: Pediatria. Pneumonia necrosante. Antibacterianos. Procedimento cirúrgico operatório. Prognóstico.