Revista de Pediatria SOPERJ

ISSN 1676-1014 | e-ISSN 2595-1769

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Número atual: 15(supl 1)(2) - Março 2015

Relato de Caso

Dermatite Infecciosa Associada ao HTLV: A Importância do Pré-Natal

 

Soffé, B.A.C.; Figueiredo, C.F.; Watson, P.; Freires, M.G.

Hospital Municipal da Piedade

 

Resumo

INTRODUÇÃO: O vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV) está relacionado a diversas patologias, como a dermatite infecciosa associada ao HTLV-I (DIH), um tipo de eczema infectado e recidivante que incide em crianças que adquirem verticalmente a infecção.
OBJETIVO: Mostrar um caso de DIH precoce no lactente.
MATERIAL E MÉTODO: S.K.O.S, três meses, quadro de febre, diarreia, vômitos, rinorreia hialina e sibilância. Lesões cutâneas eczematosas eritemato-descamativas e micropapulas, xerodermia difusa, otorreia espessa, leitosa e fétida. Diagnosticaram-se dermatite com infecção secundária e otite externa eczematosa. Foram investigadas diversas causas de dermatite no lactente, com positividade para HTLV e MRSA em swab de nasofaringe. Iniciaram-se anti-histamínicos, corticoterapia sistêmica e tópica, amoxicilina por 7 dias. Houve alta após 20 dias de internação e melhora do quadro. A paciente foi rinternada após 2 meses, com recidiva cutânea, e foi tratada com sulfametoxazol-trimetropim e alta com dose profilática. Apresentou recidivas frequentes com descontinuação da terapêutica.
RESULTADOS: O diagnóstico de DIH foi firmado com base nos critérios de La Grenade. A doença está sempre associada à infecção pelo Staphylococcus aureus ou Streptococcus beta hemolíticos, com boa resposta a sulfametoxazol-trimetropim. Não se sabe por que crianças infectadas desenvolvem doença, a maioria permanecendo assintomática. Existe a possibilidade de que o desenvolvimento esteja ligado a fatores genéticos ou relacionados a interação do vírus com o portador
CONCLUSÃO Estima-se que haja cerca de 2,5 milhões de pessoas infectadas no Brasil. A via de transmissão favorece o desenvolvimento de doenças específicas associadas ao HTLV1, sendo o aleitamento a principal, ocorrendo de 20% a 30% dos lactentes amamentados por mães infectadas. O risco está associado ao tempo de amamentação. O prognóstico das doenças a ele relacionadas é reservado, em termos de sobrevida e qualidade de vida, sendo a triagem pré-natal fundamental na prevenção da disseminação da infecção.

 

Responsável
CINTIA PUGLIESE VARELLA