Anais do X Congresso de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro
Esclerose múltipla: uma apresentação incomum no adolescente
Feitosa, L.P.; Andrade, P.F.S.M.; Guimaraes, G.F.S.; Aquino J.H.W.; Castanheira, L.D.; Klaes, P.F.
Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente - NESA/UERJ.
RESUMO
A Esclerose Múltipla é uma doença desmielinizante da substância branca do SNC, não acometendo vias periféricas. É doença autoimune acometendo preferencialmente o sexo feminino, rara na população pediátrica. A forma recidivante-remitente é mais comum, com surtos que duram dias ou semanas, desaparecendo ou deixando sequelas. Este trabalho tem como objetivo ralatar um caso de apresentação incomum de EM no adolescente. Adolescente negra de 16 anos iniciou há 8 meses quadro súbito de paraplegia associada à plegia de membro superior esquerdo. Recuperou em um mês os movimentos e sensibilidade dos membros. Há 5 meses iniciou quadro de diminuição de acuidade visual em olho direito seguida de amaurose bilateral. Procurou atendimento médico recebendo diagnóstico de neurite óptica à direita e atrofia óptica à esquerda. Foi submetida a pulsoterapia com metilprednisolona recuperando parcialmente a acuidade visual. Há um mês iniciou quadro de claudicação e posteriormente plegia de membro inferior direito com sensibilidade preservada, o que ocorreu também em membro inferior esquerdo após 3 dias. Após 1 semana ocorreu perda do controle esfincteriano, fraqueza muscular e incoordenação em membros superiores. Foi internada para investigação, realizando RNM de coluna cervical que demonstrou imagem alongada com sinal hiperintenso em T2. A esclerose múltipla tem como quadro: perda visual, transtornos de movimentos extra-oculares, parestesias, plegias, fraqueza, disartria, espasticidade, ataxia e disfunção vesical. Dentre os achados patológicos estão áreas bem demarcadas de desmielinização na substância branca à RNM e bandas oligoclonais no líquor. Apenas 5% de todos os casos de EM ocorrem antes dos 18 anos e são infrequentes as manifestações motoras no adolescente, apresentando maior prevalência na primeira infância. Assim, é de suma importância que o pediatra, frente ao quadro clínico sugestivo, inicie a investigação. Para que diante do diagnóstico, institua o tratamento adequado precocemente, promovendo maior qualidade de vida ao paciente e melhorando seu prognóstico.
Responsável
Letícia Piedade Feitosa