Revista de Pediatria SOPERJ

ISSN 1676-1014 | e-ISSN 2595-1769

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Número atual: 9(2) - Novembro 2008

Teses e Dissertaçoes

Gestantes colonizadas pelo estreptococos do grupo B e seus recém nascidos : análise crítica da conduta adotada no Instituto Fernandes Figueira

 

Natalie Del-Vecchio Lages Costa

 

RESUMO

Streptococcus do grupo B (SGB) é a causa mais comum de sepse neonatal e é responsável por significativa mortalidade e morbidade. Aproximadamente 10% a 30% das mulheres grávidas são colonizadas pelo SGB na vagina ou reto. Colonização materna no momento do parto é o principal fator de risco para doença precoce no recém nascido e a transmissão vertical do SGB da mãe para o concepto ocorre principalmente após o início do trabalho de parto ou ruptura de membrana. Muitos casos da doença precoce em recém nascidos podem ser evitados com a administração profilática de antibiótico intraparto (IAP). Em 2002, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), o Colégio Americano de Obstretícia e Ginecologia (ACOG) e a Academia Americana de Pediatria (AAP) atualizaram os protocolos e recomendaram rastreamento universal das mulheres grávidas com 35-37 semanas de gestação, na pesquisa de colonização retovaginal pelo SGB.
OBJETIVO. Avaliar a aplicação do protocolo do CDC de 2002 pela equipe de obstretícia e neonatologia do Instituto Fernandes Figueira (IFF/FIOCRUZ).
METODOLOGIA. Foi realizado um estudo retrospectivo, com revisão de prontuários de 125 gestantes colonizadas pelo SGB e 133 recém nascidos no IFF, no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2006.
RESULTADOS. A prevalência de colonização materna pelo SGB em nossa amostra foi de 5,1%. A época de coleta do swab vaginal/retal variou entre 14 e 40 semanas de gestação, sendo a média de 32,2 semanas. Cinqüenta e quatro (43,2%) gestantes colonizadas receberam conduta intraparto correta. Setenta e uma (56,8%) gestantes não receberam profilaxia intraparto corretamente, pois em 26 gestantes o antibiótico não havia sido prescrito, em 7 gestantes a prescrição estava incorreta e em 38 o parto ocorreu antes de 4 horas do antibiótico. Dos 133 recém nascidos estudados, noventa e cinco (71,4%) receberam avaliação diagnóstica corretamente, 17 (12,8%) evoluíram com sepse clínica suspeita e 1 (0,75%) apresentou sepse comprovada com hemocultura positiva para SGB. A maioria dos recém nascidos que desenvolveram sepse eram prematuros. A incidência de sepse foi maior em recém nascidos cujas mães não receberam profilaxia intraparto corretamente, porém esta associação não apresentou diferença estatística significativa (18% vs 7,2%, p > 0,05).
CONCLUSÃO. Apesar do protocolo para prevenção de sepse precoce pelo SGB estar implementado no IFF, ainda podemos detectar falhas na profilaxia intraparto materna e na avaliação do recém nascido. Estas falhas na aderência ao protocolo representam oportunidades perdidas na prevenção da sepse precoce pelo SGB.

Orientador: Manoel de Carvalho