Revista de Pediatria SOPERJ

ISSN 1676-1014 | e-ISSN 2595-1769

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Número atual: 9(2) - Novembro 2008

Teses e Dissertaçoes

Toxoplasmose na gestante e no recém-nascido: estudo de crianças e de suas mães que apresentaram sorologia sositiva (Igm) durante o período gestacional

 

Melino Pessanha

 

RESUMO

A toxoplasmose, parasitose freqüente em todo o mundo, quando adquirida durante a gestação pode ser transmitida ao feto e causar seqüelas graves.
OBJETIVO: Avaliar a abordagem diagnóstica e terapêutica da toxoplasmose durante o pré-natal de gestantes que apresentaram IgM positiva para toxoplasmose e avaliar o acompanhamento de seus filhos no Instituto Fernandes Figueira (IFF - FIOCRUZ /Rio de Janeiro - RJ).
METODOLOGIA: Estudo transversal retrospectivo de 2003 a 2006, realizado através da análise dos prontuários de 99 crianças acompanhadas no ambulatório de Doenças Infecciosas por suspeita de toxoplasmose congênita e de suas mães.
RESULTADOS: Das 98 gestantes estudadas, o diagnóstico sorológico foi realizado em 76 pacientes (77,6%) no 2º e 3º trimestre gestacional. A utilização apenas da sorologia para a realização do diagnóstico de infecção pelo Toxoplasma gondii foi realizada em 36 gestantes (36,7%). Em 49 gestantes (50,1%) os índices de IgM foram baixos (menores que 1). O teste de avidez de IgG foi realizado em 62 gestantes (63,3%) e somente 13 realizaram-no no primeiro trimestre gestacional. A PCR do líquido amniótico foi realizada em 7 gestantes e em todas o resultado foi negativo. A taxa de transmissão vertical foi de 4%. A ultra-sonografia fetal identificou alterações sugestivas de toxoplasmose congênita em 3 das 4 crianças com toxoplasmose congênita. Nos recém nascidos com infecção, 75% eram sintomáticos e todos apresentavam manifestações oculares e no sistema nervoso central. Das 93 gestantes que foram submetidas ao tratamento específico para toxoplasmose, 5 (5,4%) iniciaram o tratamento primeiro trimestre, 45 (48,4%) no segundo trimestre e 43 (46,2%) no terceiro trimestre. O número de recém-nascidos com infecção congênita cujas mães foram tratadas no 1º, 2º e 3º trimestre da gestação foi, respectivamente, 0,1 e 2. A idade materna foi significantemente (p<0,01) menor nas mães com filhos com toxoplasmose congênita do que nas mães que não tiveram filhos com toxoplasmose congênita (18 vs 25 anos, p<0,01). Todas as crianças não infectadas apresentaram declínio de IgG específica para toxoplasmose. A idade média de IgG comprovadamente negativa foi de 5,4 meses.
CONCLUSÃO: A presença de uma sorologia positiva para IgM, como exame isolado, tem um valor limitado em detectar infecção recente e deve ser utilizada em associação com outros exames complementares para o diagnóstico de infecção aguda, o que poderia reduzir a necessidade do tratamento das gestantes e do acompanhamento ambulatorial das crianças suspeitas.

Orientador: Manoel de Carvalho