Revista de Pediatria SOPERJ

ISSN 1676-1014 | e-ISSN 2595-1769

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Conhecimentos e práticas de médicos intensivistas neonatais sobre pneumonia neonatal

Knowledge and practices of neonatal intensive care doctors about neonatal pneumonia

Ludmila Pereira Barbosa dos-Santos; Maria Dolores Salgado Quintães; Luis Guillermo Coca Velarde; Arnaldo Costa Bueno; Selma Maria de Azevedo Sias

Revista de Pediatria SOPERJ - V.20, Nº4, p124-129, Dezembro 2020

Resumo

INTRODUÇÃO: A pneumonia neonatal é um importante agravo de saúde global, com consideráveis morbidade e mortalidade, sobretudo nos países em desenvolvimento. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabeleceu critérios diagnósticos, visando a prevenção, diagnóstico e tratamento das infecções do período pré-natal, perinatal e neonatal.
OBJETIVO: Identificar o conhecimento médico acerca dos critérios preconizados pela ANVISA no diagnóstico de pneumonia neonatal e reconhecer o tempo de terapia antimicrobiana.
MÉTODOS: Estudo transversal realizado em 2017, nas unidades de terapia intensiva neonatal públicas e privadas, do município de Niterói-RJ, através de questionário validado baseado nos critérios da ANVISA, abordando situações clínicas, sinais e sintomas e tratamento da pneumonia neonatal. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUAP/UFF. Utilizou-se amostra de conveniência.
RESULTADOS: Do total de 85 médicos, foram entrevistados 79 (93%). Identificou-se que 44% destes não reconheceram situação clínica referente ao diagnóstico de pneumonia neonatal e 28% a respeito de doença de membrana hialina, importante diagnóstico diferencial; 67% negaram conhecer os critérios da ANVISA e os 33% que afirmaram não souberam relatá-los. O tempo de tratamento antimicrobiano variou entre 4-14 dias, sendo sete dias o mais prevalente.
CONCLUSÕES: O desconhecimento dos médicos acerca dos critérios da ANVISA e a variabilidade no tempo de tratamento antimicrobiano indicam necessidade de melhorias no reconhecimento e na divulgação desses critérios. Esta pesquisa também enfatiza que os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde, importantes ferramentas desenvolvidas para melhoria da assistência médica nacional, precisam maior divulgação e diligência.


Palavras-chave: Conhecimentos; atitudes e prática em saúde; Pneumonia; Recém-nascido; Diagnóstico.

Doenças alérgicas e níveis elevados de imunoglobulina E em crianças e adolescentes

Allergic diseases and high levels of immunoglobulin E in children and adolescents

Geraldo Jacob Jorge; Licínio Esmeraldo da Silva; Gesmar Volga Haddad Herdy; Selma Maria de Azevedo Sias

Revista de Pediatria SOPERJ - V.17, Nº3, p16-22, Outubro 2017

Resumo

INTRODUÇÃO: elevados níveis de imunoglobulina E (IgE) têm sido descritos em helmintíases, doenças alérgicas e em algumas imunodeficiências primárias.
OBJETIVO: avaliar a prevalência de doenças alérgicas em crianças e adolescentes com níveis séricos de IgE total ≥ 1.000 UI/ml.
MÉTODOS: trata-se de estudo retrospectivo de pacientes com até 18 anos e valor de IgE sérico total ≥ 1.000 UI/ml, acompanhados nos ambulatórios de pneumologia e alergia do Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense, de janeiro de 2007 a dezembro de 2012, e análise dos prontuários.
RESULTADOS: foram estudados 65 prontuários. A média da idade foi de 8,9 (± 4,1) anos; 40 (61,5%) eram meninos. Os níveis de IgE variaram de 1.066 a 33.089 UI/ml (média de 3.814,4 UI/ml e mediana de 2.000,0 UI/ml). Os valores de IgE foram maiores para o sexo masculino (p = 0,020). Três pacientes apresentaram IgE maior que 20.000 UI/ml: um com síndrome de Job e dois com associação de rinite, asma, alergia alimentar e dermatite atópica grave. Em 62 pacientes com IgE até 10.000 UI/ml, encontrou-se diagnóstico de rinite, asma, dermatite atópica e alergia alimentar em 90,3%, 87,1%, 14,5% e 6,4%, respectivamente. A associação mais frequente foi entre asma e rinite (50/62; 80,6%). Naquelas com dermatite atópica, os valores médios de IgE foram significativamente maiores (p = 0,026).
CONCLUSÕES: neste estudo, os níveis mais elevados de IgE predominaram no sexo masculino e nas crianças com dermatite atópica. Houve maior prevalência de rinite e asma nas crianças com doenças atópicas, dados que coincidem com os relatados na literatura.


Palavras-chave: Imunoglobulina E. Asma. Rinite. Dermatite atópica. Criança. Adolescente.

Ictiose Lamelar

Lamellar Ichthyosis

Paula Lemos Crisóstomo; Marina Caversan Brito; Ivy Machado Pedrini; Danielle Calil de Sousa; Dayanna de Oliveira Quintanilha; Mariana Franco Ferraz Santino; Rafaela Barreto Araujo Fernandes; Rafael del Castillo Villalba; Selma Maria de Azevedo Sias

Revista de Pediatria SOPERJ - V.16, Nº2, p31-35, Junho 2016

Resumo

OBJETIVO: Relatar um caso raro e grave de ictiose congênita conhecida como ictiose lamelar, enfatizando a evolução clínica, o tratamento e o desfecho.
DESCRIÇÃO DO CASO: A paciente nasceu com fenótipo de bebê coloide, incluindo leucoma central bilateral. Evoluiu com descamação extensa da superfície corporal, necessitando de terapia intensiva. Apresentou episódios de sepse, desconforto respiratório, anemia, distúrbio nutricional e necrose de um quirodáctilo. Diante do suporte terapêutico, com ênfase aos cuidados clínicos, nutricionais, oftalmológicos e dermatológicos, a evolução foi satisfatória após a gastrostomia devido à dificuldade de sucção pelo eclábio. Recebeu alta hospitalar, mantendo a descamação tegumentar. Durante o acompanhamento ambulatorial, teve boa evolução, sem outras complicações, e atualmente recebe alimentação por via oral com previsão de retirada da gastrostomia.
DISCUSSÃO: A ictiose congênita abrange um grupo heterogêneo de doenças que apresenta descamação da pele como principal manifestação clínica. Pode ser classificada de acordo com peculiaridades histológicas, genéticas e clínicas. Ressalta-se a importância de cuidados intensivos quanto ao aporte hídrico e nutricional, quadro infeccioso e sequelas dermatológicas. Uma relação de confiança entre a equipe médica e os familiares é imprescindível para esclarecer pontos importantes a respeito do cuidado do paciente, além do aconselhamento genético para gestações futuras.


Palavras-chave: Ictiose lamelar, arlequim, recém-nascido, tratamento.

Perfil das crianças asmáticas atendidas no Ambulatório de Pneumologia Pediátrica do Hospital Universitário Antonio Pedro

Profile of asthmatic children assisted in pediatric pulmonology clinic of the Hospital Universitário Antonio Pedro

Keydma Brasil Macedo; Selma Maria de Azevedo Sias; Licínio Esmeraldo da Silva; Gesmar Volga Haddad Herdy

Revista de Pediatria SOPERJ - V.17, Nº1, p29-33, Fevereiro 2017

Resumo

OBJETIVO: conhecer o perfil das crianças asmáticas atendidas no ambulatório de pneumologia pediátrica.
MÉTODOS: estudo transversal, retrospectivo e descritivo, com revisão de prontuários e análise de questionário Asthma Control Test (ACT), entre 2012 e 2015. Dentre 105 pacientes portadores de asma acompanhados no ambulatório de pneumologia pediátrica do Hospital Universitário Antônio Pedro, selecionou-se 61 com idade entre sete e 19 anos (média de idade = 12,21 anos) e que tinham prova funcional respiratória (PFR).
RESULTADOS: 37 (60,66%) eram masculinos; 21 (34,42%) pacientes foram expostos ao tabagismo e 50 (81,97%) relataram controle ambiental inadequado; 58 (95,08%) apresentavam rinite alérgica; nove (14,75%) alergia a insetos; cinco (8,19%) dermatite atópica; cinco (8,19%) esofagite eosinofílica; três (4,92%) conjuntivite alérgica; três (4,92%) alergia alimentar e um (1,64%) alergia medicamentosa. Testes cutâneos para alérgenos ambientais foram realizados em 22 (30,06%), 18 (81,81%) dos quais foram positivos. PFR detectou distúrbio obstrutivo leve em 42 (68,85%), moderado em um (1,64%) e em 18 (29,51%) o exame foi normal. Dos 33 (54%) que tinham o ACT respondido, 23 (69,69%) apresentavam asma controlada.
CONCLUSÕES: o estudo documentou: predomínio do sexo masculino, a maioria dos casos estava associada à rinite alérgica, distúrbio obstrutivo leve e escore de asma controlada. Destaca-se a insuficiência da rede básica de saúde no diagnóstico e tratamento destes casos, que não deveriam, a priori, ser referenciados a hospital de maior complexidade. Os adolescentes encontravam-se no grupo dos não controlados, ressaltando a adolescência como complicador no tratamento de doença crônica.


Palavras-chave: Asma. Criança. Medicina do adolescente.

Tuberculose endobrônquica em lactente: a importância do diagnóstico precoce

Endobronchial tuberculosis in infants: the importance of early diagnosis

Selma Maria de Azevedo Sias; Carmem Lucia de Castro; Laura Cristina de Souza; Caio Vasconcellos; Ana Letícia Pinto; Berenice Gonçalves

Revista de Pediatria SOPERJ - V.18, Nº4, p29-34, Dezembro 2018

Resumo

INTRODUÇÃO: a tuberculose endobrônquica é a complicação mais frequente de tuberculose pulmonar em crianças. Tem diagnóstico difícil, exigindo alto índice de suspeita. As características clínicas e radiológicas são inespecíficas, sendo confundida com pneumonia, asma, corpo estranho e tumor. O tratamento é o mesmo da tuberculose pulmonar, sendo a adição de corticosteroide ainda controversa.
OBJETIVO: relatar um caso de tuberculose endobrônquica em um lactente, com ótima resposta ao tratamento específico associado a corticosteroide.
DESCRIÇÃO DO CASO: menino, 4 meses, internado por pneumonia, sem melhora após esquemas antimicrobianos. Padrasto tratando tuberculose pulmonar. Mãe, usuária de drogas, com tuberculose pleural não tratada, tendo evoluído a óbito na época da internação do lactente. Ele foi transferido para um hospital universitário. Na admissão havia discordância clinicorradiológica, taquipneia, dispneia, sibilos difusos e estertores. Radiografia de tórax: mesma imagem do hospital de origem. Tomografia de alta resolução de tórax: atelectasia do lobo superior direito e linfonodomegalias mediastinais. Hemograma: anemia e leucocitose com desvio à esquerda. Proteína C-reativa elevada. Broncoscopia: compressão extrínseca e caseum no brônquio do lóbulo superior direito. Cultura do lavado broncoalveolar isolou Mycobacterium tuberculosis.
DISCUSSÃO: a história de pneumonia sem resposta ao tratamento associado ao contato familiar com tuberculose e a discordância clinicorradiológica direcionam para o diagnóstico de tuberculose pulmonar, corroborado pelo sistema de pontuação do Ministério da Saúde. A compressão das vias aéreas é suspeitada nos casos de tuberculose que apresentam tosse, sibilos e pneumonia não responsiva, linfonodomegalia mediastinal, hiperinsuflação e atelectasia pulmonar. Os sinais clínicos, radiológicos, tomográficos e broncoscópicos de obstrução brônquica sugeriram tuberculose endobrônquica. Corticosteroide foi associado ao esquema terapêutico antituberculose, obtendo-se resolução completa.


Palavras-chave: Tuberculose; Brônquios; Diagnóstico; Broncoscopia; Líquido da lavagem broncoalveolar; Lactente.