Revista de Pediatria SOPERJ

ISSN 1676-1014 | e-ISSN 2595-1769

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Número atual: 16(supl 1)(3) -  2016

Infectologia

A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO DA ESQUISTOSSOMOSE MANSONI EM CRIANÇA COM HISTÓRIA DE DOR ABDOMINAL INESPECÍFICA

 

CECILIA PEREIRA SILVA (UNIFOA); LUIZA DE AGUIAR MISSEL (UNIFOA); GIOVANA FERNANDES PINTO BARRA (UNIFOA); RAFAEL PEREIRA SILVA (HNMD); ISABELA RAIMUNDO PARANHOS (IFF - FIOCRUZ); MARIA CRISTINA CARVALHO DO ESPIRITO SANTO (UNIFOA; DMIP E LIM-06 - FMUSP)

 

P-089

INTRODUÇÃO: A esquistossomose mansoni é uma infecção parasitária, de veiculação hídrica, cujo agente etiológico é o Schistossoma mansoni. Esse trematódeo possui um ciclo de vida complexo, pois depende de um hospedeiro intermediário, molusco de gênero Biomphalaria. Estima-se que 230 milhões de pessoas estão infectadas no mundo e seis milhões no Brasil. Nas áreas endêmicas 60-80% dos portadores são crianças em idade escolar.
DESCRIÇÃO DO CASO: Criança de oito anos, natural de Volta Redonda/RJ, feminino, branca, apresentou dor abdominal difusa, tipo cólica, de moderada intensidade, atendida três vezes em urgência do município, em abril de 2016. A irmã de 12 anos apresentou quadro semelhante. Os pais informaram viagem para Fortaleza-CE, há dois anos, tendo como lazer principal, no período de 7 dias, o banho de lagoa. Observou-se presença de ovos de S. mansoni, no exame parasitológico de fezes (Hoffman) da paciente, do pai e da irmã de 12 anos. A ultrassonografia de abdome total dos três familiares não demonstrou anormalidades. Foram tratados com Praziquantel (50mg/Kg/dose). Os controles de cura foram negativos.
DISCUSSÃO: A esquistossomose mansoni clinicamente se divide em fase aguda e fase crônica. Na fase aguda somente uma pequena parte dos indivíduos infectados desenvolvem a forma aguda (febre de Katayama) e, maioria apresenta a forma assintomática, evoluindo para a fase crônica. A forma hepatoesplênica acomete, somente 5% a 10% dos infectados. No caso relatado, a criança evoluiu para a fase crônica da infecção (dois anos após exposição) e para a forma intestinal, com sintomas pouco específicos, o que dificultou o diagnóstico precoce.
CONCLUSÃO: É importante aventar a hipótese diagnóstica de esquistossomose mansoni em pacientes com dor abdominal inespecífica. A anamnese, o exame físico, a história epidemiológica de viagem, atividades em coleções hídricas de áreas endêmicas dessa helmintose, associados à técnica parasitológica confirmatória, constituíram ferramentas fundamentais para o diagnóstico desse caso.