Endocrinologia
RELATO DE CASO: HIPERURICEMIA NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA - MARCADOR DE RISCO CARDIOVASCULAR EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM EXCESSO DE PESO
CHRISTIANE HATEM COELHO (ESPECIALIZAÇAO LATO SENSU EM ENDOCRINOLOGIA/UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - FCM/UERJ); MICHELE ALVES MEDEIROS (FACULDADE DE CIENCIAS MÉDICAS/UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - FCM/UERJ); MATEUS GARCIA TAVARES (FACULDADE DE CIENCIAS MÉDICAS/UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - FCM/UERJ); ISABEL REY MADEIRA (FACULDADE DE CIENCIAS MÉDICAS/UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - FCM/UERJ); FERNANDA MUSSI GAZOLLA JANNUZZI (HOSPITAL UNIVERSITARIO PEDRO ERNESTO/UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - HUPE/UERJ); CECILIA NORONHA DE MIRANDA CARVALHO (INSTITUTO DE NUTRIÇAO/UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - INU/UERJ); CECILIA LACROIX DE OLIVEIRA (INSTITUTO DE NUTRIÇAO/UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - INU/UERJ); DIANA CARLA GIRARDI DE LIMA (PROGRAMA DE POS-GRADUAÇAO EM CIENCIAS MÉDICAS/UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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INTRODUÇÃO: A incidência da hiperuricemia tem se tornando cada vez maior entre crianças e adolescentes com obesidade. Vários estudos, vem demostrando, associação entre hiperuricemia e obesidade, e esta, está associada à complicações cardiometabólicas (HAS, síndrome metabólica (SM) e aterosclerose). Este trabalho tem por objetivo trazer ao conhecimento dos profissionais que assistem essa população, a relação entre a elevação dos níveis de ácido úrico (AU), HAS e os outros componentes da SM, a partir do relato de um caso.
DESCRIÇÃO DO CASO: G.L.F., masculino, 11 anos 8 meses, IMC entre os escore-z +2 e +3, normotenso, acantose nigricans (AN), AU 9,3mg/dL, insulina 32,2mcUI/mL, CT 299mg/dL, LDLc 207mg/dL, TG 251mg/dL, na admissão. Durante o acompanhamento, apresentou elevação do IMC, e os níveis de AU (10,6mg/dL) e os valores de PA, se elevavam diretamente proporcionais ao ganho ponderal. Após um ano de acompanhamento, exibia queda no IMC, PA, AU (8,6mg/dL), perfil lipídico (CT 252mg/dL, LDLc 171mg/dl, TG 183mg/dL) e insulina (19mcui/mL).
DISCUSSÃO: Importantes estudos têm estabelecido estreita relação entre elevação do AU e aumento da prevalência de SM. As concentrações de AU foram positivamente correlacionadas com PA, adiposidade, insulina, TG, corroborando com os achados encontrado em nosso paciente. O nosso paciente apresentou AU de 10,6 mg/dL, concomitante à observação do aumento da PA, permitindo-nos inferir que a PA aumentou, quanto maiores foram os níveis de AU. Feig e colaboradores (2008), demonstraram que a redução do AU em adolescentes com HAS, resulta na redução da PA, o que também foi notado em nosso paciente. Gil-Campos e colaboradores (2009) verificaram que em crianças obesas com resistência insulínica, a concentração do AU foi significativamente maior, comparado com o grupo controle, propondo que a elevação do AU pode ser um indicador de alteração metabólica precoce. Em nosso paciente a resistência insulínica foi observada, pela presença de AN, em várias regiões corporais, e pelos níveis elevados de insulina.
CONCLUSÃO: A inserção do AU como variável para a estratificação de risco cardiovascular, pode ser interessante, por ser um exame de fácil realização e baixo custo, podendo ser útil na prática clínica, e especialmente em crianças e adolescentes obesos, com presença de outros componentes da SM, principalmente quando um destes é a HAS.