Revista de Pediatria SOPERJ

ISSN 1676-1014 | e-ISSN 2595-1769

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Número atual: 16(supl 1)(3) -  2016

Alergia e Imunologia

INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA DA SUSPEITA DE REAÇÃO A BETA-LACTÂMICO EM PEDIATRIA: RELATO DE CASO

 

ELAINE DE SOUZA RAMOS VIDIGAL (UFRJ); NAIRA VANESSA ANOMAL GONZALEZ (UFRJ); MARCELLA ARBEX (UFRJ); GISELLE LOPES PEREIRA (UFRJ); HELOIZA HELENA NUNES DA SILVEIRA (UFRJ); FERNANDA PINTO MARIZ (UFRJ); CAMILA KOELER LIRA (UFRJ); MARIA FERNANDA DE ANDRADE MELO E ARAUJO MOTTA (UFRJ); EKATERINI GOUDOURIS (UFRJ); EVANDRO PRADO (UFRJ)

 

O-003

INTRODUÇÃO: A suspeita de reação a medicamentos é comum no cotidiano da prática médica. Em pediatria, os principais implicados são antibióticos beta-lactâmicos, contudo, quando se procede a uma investigação apropriada, menos de 10% dessas suspeitas são confirmadas.
DESCRIÇÃO: JMAC, masculino, 10 anos, com uso de cefalexina para tratamento de lesão infectada no lóbulo da orelha evoluiu com placas urticariformes pruriginosas e disseminadas 90 minutos após a primeira dose do antibiótico. Atendido em emergência, diante da suspeita de reação a cefalexina, recebeu prescrição de amoxicilina/clavulanato e anti-histamínico. No mesmo dia, após a primeira dose do novo antibiótico, evoluiu com piora da urticária, angioedema e dispneia. Retornou à emergência, onde recebeu adrenalina e foi orientada a suspensão das medicações. No ambulatório de alergia, após anamnese detalhada, optou-se pela realização de testes específicos. Inicialmente foram dosados IgE's para amoxicilina, penicilina V e G que foram negativos. Realizado teste de puntura com ampicilina e amoxicilina com clavulanato, também negativos. A seguir, feitos teste de provocação para cefalexina e, após 6 meses, para amoxicilina e clavulanato, ambos negativos. Todos os testes foram executados em ambiente hospitalar. Durante o acompanhamento, o paciente foi reexposto (sem reações) a estes antibióticos, concluindo-se que não apresentava alergia aos fármacos testados.
DISCUSSÃO: Hipersensibilidade a drogas em crianças é pouco comum. Manifestações cutâneas associadas a agentes infecciosos são causas frequentes de quadros cutâneos habitualmente comumente atribuídos ao uso de medicamentos. Muitas crianças recebem o diagnóstico de alergia a antibióticos sem manejo diagnóstico adequado e carregam este "rótulo" ao longo de toda a vida, tornando-se suscetíveis a tratamentos menos eficazes, mais tóxicos e/ou dispendiosos.
CONCLUSÃO: Pacientes com suspeita de alergia a medicamentos devem ser encaminhados para avaliação especializada, uma vez que o manejo diagnóstico adequado permite confirmar ou descartar esta possibilidade, evitando as consequências deste diagnóstico ao longo da vida do paciente.