Relato de Caso
Artrite gonocócica em criança
Balbi, V.A; Martinez, E.B.F.; Lino, R.R.G.
Instituto de Pediatria e Puericultura Martagao Gesteira
Resumo
INTRODUÇÃO: Acometimento articular na infecção gonocócica disseminada ocorre numa fase inicial bacterêmica com poliartralgia migratória ou aditiva de grandes articulações e tenossinovite que pode evoluir para artrite séptica de uma ou mais articulações.
OBJETIVO: Relatar caso de artrite gonocócica em pediatria e levantar a importância do início precoce da atividade sexual e seus riscos.
MATERIAL E MÉTODO: L.S.S., sexo feminino, 12 anos, apresentou febre. Durante 4 dias, dor no punho esquerdo, sem conseguir abrir a mão. Após dois dias, evoluiu com artrite e tenossinovite incapacitante funcional de tornozelo esquerdo, artrite de joelho direito e cotovelo esquerdo. Não houve regressão do quadro com o uso de penicilina benzatina e ibuprofeno. Foi internada e iniciada oxacilina e ceftriaxone por ter vida sexual ativa. Sem suspeita de abuso. Nos exames laboratoriais havia elevação das provas de atividade inflamatória, cintilografia óssea com hipercapatação sugestiva de processo inflamatório/infeccioso articular e cultura do líquido sinovial purulento com crescimento de Neisseria gonorrhoeae sensível a ciprofloxacina e resistente ao ceftriaxone. Após 10 dias de antibioticoterapia com ciprofloxacino, a paciente já apresentava significativa melhora clínica e laboratorial. Realizado também o tratamento presuntivo de Clamydia com azitromicina.
RESULTADOS: O padrão articular descrito é um exemplo clássico de artrite gonocócica. Essa geralmente ocorre em adultos jovens com vida sexual ativa mas é relatada em todos os grupos etários pediátricos. A identificação da bactéria nem sempre é possível devido à baixa sensibilidade da cultura no sangue e no líquido sinovial. Entretanto, nesse caso foi identificado o germe no liquido sinovial. Houve boa resposta ao tratamento, conforme descrito na literatura.
CONCLUSÃO A dificuldade e estranheza em levantar a hipótese de doenças sexualmente transmissíveis (DST) na população pediátrica muitas vezes atrasam o diagnóstico e o início do tratamento. O caso é relevante, já que sinaliza para a maior incidência das DST na faixa etária pediátrica devido ao início precoce da atividade sexual.
Responsável
VERENA ANDRADE BALBI