Revista de Pediatria SOPERJ

ISSN 1676-1014 | e-ISSN 2595-1769

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Número atual: 15(supl 1)(2) - Março 2015

Relato de Caso

Sepse por Streptococcus Pyogenes - agente comum em pediatria causando doença grave

 

Domingues, J.L.; Magalhaes, L.F.S.; Caputo, B.C.; Stocco, D.C.; Miranda, J.A.; Guimaraes, M.L.; Souza, A.L.M.; Bulkool, D.P.; Lucchetti, M.R.

Setor de Emergência Pediátrica - Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP), Universidade Federal Fluminense (UFF)

 

Resumo

INTRODUÇÃO: O Streptococcus Pyogenes coloniza principalmente as crianças. Pequenos traumatismos podem ser suficientes para inocular as bactérias, causando diversas infecções de pele e partes moles, podendo evoluir para sepse.
OBJETIVO: Relatamos o caso de um paciente que desenvolveu sepse grave por S. Pyogenes após ter recebido uma injeção intramuscular.
MATERIAL E MÉTODO: L.F.O.A., sexo masculino, 1 ano e 5 meses, apresentou dor abdominal difusa e foi à UPA, onde recebeu hioscina+dipirona intramuscular em glúteo direito. Dois dias depois apresentou dor, hiperemia e edema em coxa direita, claudicação e queda do estado geral. Retornou à UPA, sendo prescrito cefalexina. Diante da piora clínica, foi levado à emergência do HUAP. Ao exame, apresentou taquicardia, taquipneia e hipotensão arterial, torporoso, desidratado, hipocorado, e perfusão capilar periférica lentificada. Abdome distendido, doloroso à palpação e halo hiperemiado em região periumbilical. Apresentava edema endurecido do glúteo ao joelho direito e lesões cicatriciais de impetigo em perna direita. Colhidas hemoculturas, iniciado oxacilina, gentamicina, metronidazol e expansão volêmica. Hemograma: anemia (Hb 8g/dl), plaquetopenia (115.000/mm3) e leucopenia (3.100/mm3). Evoluiu com oligúria, anasarca, insuficiência respiratória, choque, necessitando de ventilação mecânica e aminas. Modificada antibioticoterapia para vancomicina, cefepime e metronidazol. Transferido para UTI, permanecendo por 10 dias. Hemocultura cresceu Streptococcus Pyogenes. Apesar da melhora clínica, mantinha febre diária. Ultrassonografia e tomografia mostraram coleção em coxa direita, que foi drenada cirurgicamente e tratada com cefepime e clindamicina por mais 14 dias.
RESULTADOS: A sepse é caracterizada por febre ou hipotermia, leucocitose ou leucopenia, taquicardia e taquipnéia associados a um foco infeccioso. Quando há disfunção orgânica, instala-se a sepse grave. O paciente em questão evoluiu com choque séptico refratário a volume, mas responsivo a aminas.
CONCLUSÃO Procedimentos invasivos apresentam riscos de complicações. Logo, é importante evitarmos procedimentos desnecessários, principalmente em pacientes com lesões de pele já estabelecidas, como impetigos, pois eles têm potencial de desenvolver infecções por S. Pyogenes ou Staphylococcus Aureus.

 

Responsável
MARIA EMMERICK GOUVEIA