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Mais uma vitória: a incorporação da vacina HPV ao calendário de imunizações no Brasil
Tânia Cristina de Mattos Barros Petraglia
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) é um dos orgulhos da saúde pública e, desde seu início em 18 de setembro de 1973, vem contribuindo de maneira decisiva para o combate às doenças imunopreveníveis. A incorporação de uma nova vacina ao calendário nacional de imunizações também implica a transferência da tecnologia do laboratório produtor para os laboratórios nacionais, o que, no futuro, proporcionará ao país maior autonomia na produção de vacinas.
Nos últimos anos, novas vacinas foram incorporadas ao calendário de imunização da criança, como, por exemplo, a vacina rotavírus em 2006; a pneumocócica conjugada 10 e a meningocócica C conjugada em 2010; a varicela sob a forma de tetraviral em 2013; e, agora em março de 2014, a vacina HPV.
A vacina quadrivalente para o HPV (tipos 6, 11, 16 e 18) previne cerca de 70% dos casos de câncer de colo de útero e de 90% das verrugas genitais, demonstrando ser uma vacina custo-efetiva. Introduzida no calendário da criança pelo PNI, essa vacina é utilizada por meio do chamado esquema estendido de 3 doses, ou seja, 0, 6 e 60 meses de intervalos entre as doses. Para o ano de 2014, o público-alvo será composto de meninas de 11 a 13 anos; para 2015, meninas de 9 a 11 anos; e, a partir de 2016, meninas de 9 anos, ficando, assim, na rotina.
A vacina tem um perfil de reatogenicidade, como a maioria das vacinas, com predomínio de eventos adversos no local da aplicação. É segura, uma vez que já é utilizada desde 2006 em vários países, com milhões de doses aplicadas em todo o mundo.
Espera-se uma adesão de, no mínimo, 80% da população-alvo, considerando-se importante a vacinação das meninas antes da iniciação sexual, o que possibilita melhores respostas à vacina.
O papel dos profissionais de saúde envolvidos nessa vacinação é de suma importância no esclarecimento de possíveis dúvidas que possam surgir, principalmente em relação aos eventos adversos. Por conseguinte, os pediatras devem estar engajados e colaborar, de forma decisiva, para que a meta do governo seja alcançada com pleno êxito. É fundamental que as famílias sejam esclarecidas quanto à importância da vacinação e à segurança, para que não ocorram oportunidades perdidas para imunização.
Cabe ressaltar que a vacina está licenciada na rede particular para meninas e meninos de 9 a 26 anos. A próxima vitória a ser comemorada pela Pediatria será a incorporação da vacina hepatite A, também pelo PNI. Assim esperamos!
Tânia Cristina de Mattos Barros Petraglia
Mestre em Medicina, área de concentração Doenças Infecciosas e Parasitárias pela Universidade Federal Fluminense (UFF)