Revista de Pediatria SOPERJ

ISSN 1676-1014 | e-ISSN 2595-1769

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Número atual: 13 (supl 1)(2) - Dezembro 2012

Anais do X Congresso de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro

Endocardite infecciosa em portador de estenose pulmonar grave

 

Andrea Regina Dias da Costa; Fernanda Helena Craide; Natállia de Barreiros de Natividade; Mariana Varajão Moarais da Silva; Lorena Branco de Azevedo Cariello; Verônica Vilas-Bôas Ferrari

Hospital Central da Aeronáutica.

 

 

RESUMO

A endocardite infecciosa é uma mfecção microbiana do endotélio do coração caracterizada pela presença de vegetação nas válvulas e câmaras cardíacas. A infecção estreptocócica é a causa mais comum. Em crianças, lesões valvares, adquiridas ou congênitas, sãosabidamente de risco para endocardite, assim como dentes mal conservados, infecções cutâneas e procedimentos cirúrgicos e odontológicos. M.V.G.B, nove anos, portador de estenose pulmonar grave, abandonou tratamento em 2005. Em março/2012, queixou-se de lebre, queda do estado geral, dispnéia e tosse. Sopro sistólico, hepatomegalia, petéquias, múltiplas cicatrizes de impetigo e muitas cáries. Foram realizados: hemograma, coagulograma e imunologia sem alterações; enzimas hepáticas pouco elevadas; EAS com pesquisa de hifas negativa; seis hemoculturas negativas; RX de tórax revelou cardiomegalia e ecocardiograma evidenciando estenose grave da válvula pulmonar, sobrecarga importante das cavidades direitas, sobretudo átrio direito, vegetação valvar tricúspide e persistência do canal arterial. Iniciado penicilma cristalina e oxacilina (4 semanas) associado a gentamicina (14 dias). Evoluiu com melhora clínica, porém apresentou plaquetopenia atribuída ao cateter profundo. Houve persistência da vegetação no 28º dia, prorrogando o tratamento para 6 semanas. Finda a infecção, o paciente aguarda valvuloplastia pulmonar por cateterismo cardíaco. A endocardite de valva tricúspide tem incidência muito baixa, sendo mais freqüente em portadores de cardiopatias congênitas, usuários de drogas injetáveis e imunossuprimidos. O paciente em questão possuía uma cardiopatia congênita e história de impetigo e cáries. Apresentou febre, sopro sistólico e petéquias ao exame clínico, descritos como critérios menores de Duke. Como critério maior, a vegetação evidenciada ao ecocardiograma selou o diagnóstico de endocardite infecciosa. O caráter incomum da endocardite infecciosa, acometendo a valva tricúspide na infância, motivou esta apresentação. Apesar de infrequente, a endocardite possui perfil variável, grave, sendo importante causa de mobi-motalidade infantil. A ecocardiografia além da clínica peculiar é crucial no sucesso do diagnóstico precoce.

 

Responsável
Fernanda Helena Craide