Revista de Pediatria SOPERJ

ISSN 1676-1014 | e-ISSN 2595-1769

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Volume 25 | Número 1 | Março/2025

Editorial

Editorial

Editorial

Anna Tereza Miranda Soares de Moura

Rev Ped SOPERJ. 2025;25(1):1-2.

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Relato de Caso

Insuficiência adrenal pós-infecção por covid-19 em escolar

Adrenal insufficiency after covid-19 infection in a schoolchild

Ana Beatriz Charantola-Beloni; Ana Clara Charantola-Beloni; Mariana Sanches-Peres; Flávio de-Jesus-Júnior; Mila Pontes-Ramos-Cunha; Fábio Roberto Amar

Rev Ped SOPERJ. 2025;25(1):3-6.

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INTRODUÇÃO: A pandemia pelo Sars-Cov-2 mostrou uma nova modalidade de doença que ainda é pouco conhecida e cujo mecanismo fisiopatológico é pouco elucidado. O acometimento do trato respiratório é o mais notório, porém outros sistemas também são afetados. O relato explora as consequências ao sistema endocrinológico em escolar com diagnóstico prévio de Covid-19 com evolução para insuficiência adrenal primária.
OBJETIVO: Relatar insuficiência adrenal em escolar com infecção prévia por Covid-19.
DISCUSSÃO DO CASO: Menino, 8 anos, com vômitos, desidratação e queda do estado geral, sendo este o segundo episódio em 2 meses, com infecção pelo vírus Sars-Cov-2 um mês antes do primeiro episódio. Internado para investigação clínica com resultados de exames: aldosterona 0.97 pg/ml, Na+ 124 mEq/L, T4L 1.61 mUI/L, TSH 9.22 mUI/L, cortisol basal das 8 horas: 4.7ug/dl, anti-TG <0.9, anti-TPO <0.25, ACTH 1250 pg/dl, definindo o diagnóstico de insuficiência adrenal primária. Iniciou-se hidrocortisona intravenosa para tratamento com melhora sintomatológica, permitindo alta hospitalar e seguimento ambulatorial.
CONCLUSÃO: Ainda pouco se sabe sobre a infecção pelo Sars-Cov-2, porém são de fundamental importância o estudo e o relato de suas consequências em diversos sistemas do corpo humano.


Palavras-chave: Insuficiência Adrenal. Covid-19. Hidrocortisona. Criança.

Colecistite alitiásica por dengue em criança: relato de caso

Acalculous cholecystitis in child with dengue: a case report

Ana Beatriz Bozzini; Priscila Basilio; Carolina Soares; Amanda Llobregat

Rev Ped SOPERJ. 2025;25(1):7-12.

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INTRODUÇÃO: A dengue, doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, exibe uma ampla variedade clínica, desde casos assintomáticos até quadros graves. O diagnóstico é estabelecido por meio de testes virológicos e sorológicos, sendo crucial diferenciá-la de outras doenças febris. A colecistite alitiásica emerge como uma manifestação atípica, porém associada a viroses como a dengue. A presença de dor abdominal e icterícia em pacientes com dengue deve suscitar investigação para colecistite alitiásica, e a ultrassonografia abdominal é um método útil para complementar o diagnóstico. O tratamento tende a ser conservador, mantendo intervenções cirúrgicas reservadas para complicações graves, uma vez sendo, habitualmente, autolimitada.
OBJETIVO: Destacar a importância da investigação da infecção por dengue em pacientes com colecistite alitiásica, cuja apresentação clínica envolva febre, exantema cutâneo, icterícia e alterações laboratoriais que podem sobrepor-se aos sintomas e achados comuns da colecistite.
DESCRIÇÃO DO CASO: Paciente sexo masculino, 4 anos de idade, com quadro clínico de exantema maculopapular, febre, icterícia, colúria e acolia fecal. Foi realizada ultrassonografia abdominal, a qual não apresentava imagem de cálculos. Foram realizados testes sorológicos que evidenciaram pesquisa de IgM e PCR para dengue positivos. Paciente apresentou melhora clínica e laboratorial durante a internação apenas em tratamento clínico.
DISCUSSÃO: A colecistite alitiásica é uma manifestação atípica de dengue, normalmente autolimitada, que deve ser pesquisada em todos os pacientes que tenham apresentação clínica com dor abdominal, febre, exantema cutâneo e icterícia e a conduta mais adequada restringe-se ao tratamento de suporte, sendo a cirurgia reservada às complicações.


Palavras-chave: Vírus da Dengue. Criança. Colecistite Acalculosa. Dengue. Dor abdominal.

Artigos de Revisao

Broncoscopia pediátrica: revisão da literatura de 1970 a 2022

Pediatric bronchoscopy: literature review from 1970 to 2022

Adriana Alvarez Arantes; Maria de Fátima Bazhuni Pombo Sant'Anna; Clemax Couto Sant´Anna

Rev Ped SOPERJ. 2025;25(1):13-20.

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OBJETIVO: A broncoscopia é um procedimento invasivo, com aplicações terapêuticas e diagnósticas bem estabelecidas na literatura médica. O desenvolvimento dos broncoscópios flexíveis de menor calibre favoreceu a disseminação do método em pediatria a partir da década de 70 do século passado, ocupando, a partir de então, espaço cada vez maior na pneumologia pediátrica. O objetivo deste artigo é revisar a utilização da broncoscopia em pediatria, as indicações mais prevalentes, dados demográficos, relevância clínica e possíveis complicações.
FONTE DE DADOS: Trata-se de revisão narrativa de artigos publicados nos últimos 52 anos. Foram selecionados 24 artigos, utilizando a base de dados BVSalud, tendo como palavras-chave "pediatric and bronchoscopy".
SÍNTESE DOS DADOS: Observou-se um número crescente de publicações relatando a experiência em broncoscopia pediátrica por diversos grupos em vários países. O broncoscópio flexível é cada vez mais utilizado. As indicações mais prevalentes variaram em cada centro, sendo o estridor, atelectasia, pneumonia recorrente/persistente, suspeita de corpo estranho, a sibilância torácica e tosse crônica as indicações mais comuns. As complicações relatadas com maior frequência durante o procedimento foram a hipoxemia transitória, laringo e broncoespasmo e, após o procedimento, tosse e febre.
CONCLUSÃO: A broncoscopia tem-se consagrado como um método útil e seguro em pediatria.


Palavras-chave: Broncoscopia. Criança. Pediatria.

Leite materno: um alimento probiótico

Breast milk: a probiotic food

Gabriela Ricci Meneguetti; Bruna Almeida Silva; Mariella Vieira Pereira Leão

Rev Ped SOPERJ. 2025;25(1):21-26.

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INTRODUÇÃO: Sabe-se que o leite materno é o alimento essencial ao recém-nascido até, pelo menos, seus seis meses de vida. Dentre outras substâncias, o leite materno apresenta microrganismos, que quando presentes em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do bebê.
OBJETIVOS: Correlacionar a presença de microrganismos no leite materno com os benefícios à saúde do recém-nascido/lactente, atribuindo características probióticas a esse alimento.
METODOLOGIA: Assim, o presente trabalho revisou a literatura, selecionando trabalhos disponíveis na plataforma PubMed que explorassem a composição e os benefícios desse alimento, bem como suas propriedades probióticas. Síntese de dados: Observou-se que os gêneros de bactérias Lactobacillus e Bifidobacterium, amplamente conhecidos como probióticos, são encontrados no leite materno, e que a composição do leite influencia suas presenças. A composição, por sua vez, pode ser influenciada pelo estilo de vida materno, incluindo a incidência de psicopatologias como depressão, ansiedade e estresse.
CONCLUSÃO: Concluiu-se que, incontestavelmente, o leite materno pode ser considerado um alimento probiótico, com a vantagem do fácil acesso e nenhum custo, tornando-se a melhor alternativa para nutrir e promover a saúde do recém-nascido.


Palavras-chave: Aleitamento materno. Probióticos. Bactérias. Microbiota. Trato gastrointestinal. Sistema imunitário.

Artigo Original

Fatores associados à redução da morbimortalidade em recém-nascidos prematuros submetidos ao protocolo de manuseio mínimo em uti neonatal

Factors associated with reduced morbidity and mortality in preterm newborns submitted to the minimal handling protocol in the neonatal icu

Thaise Cristina Brancher Soncini; Fabiana Martins da-Silva; Giovane Pinheiro de-Mello

Rev Ped SOPERJ. 2025;25(1):27-33.

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OBJETIVO: Analisar se o uso de protocolos de manuseio mínimo dentro da unidade de terapia intensiva neonatal está associado a menores taxas de morbimortalidade em recém-nascidos prematuros.
MÉTODO: Estudo caso-controle na UTI de uma maternidade terciária, cujos dados coletados foram a partir de 170 prontuários eletrônicos escolhidos de forma aleatória simples, na qual os participantes eram recém-nascidos prematuros menores de 32 semanas, no período de janeiro de 2015 a janeiro de 2020. A análise estatística deu-se pelo programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). As associações entre as variáveis foram calculadas por meio do teste do qui-quadrado e prova exata de Fisher, bem como o odds ratio (OR), com seus respectivos intervalos de confiança (IC) de 95%.
RESULTADOS: De acordo com as variáveis investigadas, em recém-nascidos submetidos ao protocolo de manuseio mínimo, houve associação estatisticamente significativa na variável óbito (OR 0,17; IC 95% 0,037-0,08; p≤0,017). Observaram-se 9 óbitos de RN que não receberam protocolos de manuseio mínimo, contra 2 mortes nos RN que receberam o protocolo. As demais variáveis não tiveram significâncias estatísticas.
CONCLUSÃO: O protocolo de manuseio mínimo contribui para a redução da taxa de mortalidade em recém-nascidos prematuros extremos, ao atuar como uma das estratégias para melhorar seus desfechos clínicos.


Palavras-chave: Recém-nascidos prematuro. Unidade de terapia intensiva neonatal. Morbimortalidade neonatal.

Aspectos clínicos e preditores associados à falha de extubação em uti pediátrica

Clinical aspects and predictors associated with extubation failure in a pediatric intensive care unit

Verônica Almeida Silva; Mariana Simões Ferreira

Rev Ped SOPERJ. 2025;25(1):34-41.

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OBJETIVO: Identificar os principais preditivos associados à falha de extubação de lactantes e crianças extubadas eletivamente em unidade de terapia intensiva pediátrica.
MÉTODO: Estudo quantitativo, transversal e retrospectivo, de natureza descritiva e analítica. A coleta de dados foi realizada a partir de um banco de dados secundário do serviço de Fisioterapia local. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição.
RESULTADOS: Foram incluídos 78 pacientes, com mediana de idade de 4,71 meses, em sua maioria do sexo masculino (52,6%). A taxa de falha de extubação na amostra estudada correspondeu a 21,8%, sendo o estridor laríngeo o fator mais frequente, com registro em 64% dos casos de falha.
CONCLUSÃO: Os participantes que utilizaram a modalidade Ventilação Mandatória Intermitente Sincronizada apresentaram frequência de falha de extubação significativamente maior quando comparados aos que foram ventilados em ventilação controlada a pressão (p=0.037). Não houve diferença estatística entre os grupos considerando a idade, tempo de ventilação mecânica invasiva e o não cumprimento do protocolo de extubação.


Palavras-chave: Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica. Respiração artificial. Pediatria. Extubação. Fatores de Risco. Laringite.

Pesquisa Original

Avaliação dos fatores que influenciam no volume de leite materno coletado em um hospital em Porto Alegre-RS

Evaluation of the factors that influence the volume of breast milk collected in a hospital in Porto Alegre-RS

Patricia Amaral Vasconcellos; Mauricio Obal Colvero; Humberto Holmer Fiori

Rev Ped SOPERJ. 2025;25(1):42-52.

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INTRODUÇÃO: O leite materno tem papel fundamental para o crescimento, desenvolvimento e manutenção da saúde da criança. O conhecimento dos fatores que interferem na produção de leite materno é necessário para melhor manejo e orientação das lactantes.
OBJETIVOS: Verificar que variáveis mais interferem na produção de leite materno. Correlacionar os medicamentos utilizados aos volumes de leite retirado.
MÉTODOS: O período de estudo foi de janeiro de 2014 a outubro de 2021. Os dados foram coletados em banco de dados de um banco de leite de um hospital de uma capital brasileira, com informações sobre volumes coletados, pré-natal, medicamentos utilizados e doenças preexistentes.
RESULTADOS: A amostra foi composta por 2.130 mães doadoras de leite materno, com média de idade de 28,9 anos. A idade materna e a presença de comorbidades demonstraram correlação com a redução de volume de leite materno produzido (p<0,001). Mães que realizaram o pré-natal retiraram volumes de leite maiores (p=0,039), bem como mães eutróficas em relação a obesas (p=0,018). O uso de medicamentos como metildopa (p<0,001) e sulfato ferroso (p=0,004) também se relacionou a um menor volume de leite retirado. Por outro lado, o uso da sulpirida promoveu um aumento no volume de leite retirado.
CONCLUSÃO: A presença de comorbidades maternas e o uso de medicações se relacionaram a uma menor retirada de volume de leite materno, ao passo que a realização de pré-natal e uso de sulpirida se relacionaram ao aumento de volume de leite materno retirado.


Palavras-chave: Aleitamento Materno. Extração de Leite. Bancos de Leite Humano. Leite Humano.