Madeira, I.R.; Bordallo, M.A.N.; Carvalho, C.N.M; Gazolla, F.M.; Rodrigues, N.C.P.; Borges, Ma.A.; Collett-Solberg, P.F.; Medeiros, C.B.; Bordallo, A.P.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):10.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Acantose nigricans é condição dermatológica associada à hiperinsulinemia, tendo esta papel importante na fisiopatologia da síndrome metabólica. Em um contexto de prevalência crescente de obesidade infantil, a acantose nigricans seria bom indicativo da síndrome, devido à facilidade diagnóstica.
OBJETIVO: Determinar se acantose nigricans é bom marcador de síndrome metabólica e resistência insulínica em pré-púberes.
MÉTODOS: Estudo transversal com 272 crianças (93±17 meses): 65 eutróficas, 43 com sobrepeso, 97 obesas e 67 obesas graves, 69 com e 203 sem acantose nigricans, provenientes de ambulatório de Hospital Universitário. Os grupos com e sem acantose nigricans foram comparados quanto à frequência de hiperinsulinemia, hipertrigliceridemia, HDL baixo e síndrome metabólica. Compararam-se as médias de idade, escore Z de IMC (ZIMC), triglicerídeos, HDL, pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD), HOMA-IR, insulina e leptina entre os grupos. Foi avaliada associação de idade, sexo, circunferência da cintura, HOMA-IR, HDL, triglicerídeos e leptina com acantose nigricans, por regressão logística multivariada.
RESULTADOS: Houve diferença entre os grupos estudados quanto à frequência de hiperinsulinemia, hipertrigliceridemia, HDL baixo e síndrome metabólica (p<0,001). Os grupos diferenciaram-se quanto às médias de idade, ZIMC, circunferência da cintura, PAS, PAD, HOMA-IR, triglicerídeos, HDL, insulina e leptina (p<0,001). Na regressão logística, apenas circunferência da cintura (OR 13,49; IC 4,22-43,08; p 0,001) e HOMA-IR (OR 5,52; IC 1,71-17,81; p 0,003) associaram-se com acantose nigricans.
CONCLUSÕES Foi encontrada frequência maior de hiperinsulinemia e de síndrome metabólica, bem como de alguns de seus componentes, no grupo com acantose nigricans. Nesse grupo, também foram maiores as médias de insulina, leptina, ZIMC e dos componentes da síndrome metabólica. Esses achados, aliados à associação de circunferência da cintura e HOMA-IR com acantose nigricans, indicam que a última seria um bom marcador da síndrome e da resistência insulínica em crianças, podendo ser considerada importante ferramenta clínica diagnóstica.
Responsável
ALICIA SALES CARNEIRO
Jesus, L.E.; Fernandes, M.A.; Firme, L.H.C.; Silva Filho, O.C.; Fernandes, R.B.A.; Santos, L.P.B.; Luz, C.A.; Navi, N.P.; Oliveira, V.F.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):11.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Há muitos diagnósticos diferenciais nas distensões abdominais persistentes, inclusive aerofagia patológica (AP), uma doença incomum cujo diagnóstico depende de alto nível de suspeição.
OBJETIVO: Apresentar um caso de AP, bem como testes diagnósticos e terapêuticos utilizados na conduta.
MATERIAL E MÉTODO: Paciente feminina, 11 anos, portadora de retardo mental e distúrbio de comportamento, amaurose bilateral e hipocondroplasia. Atendida por constipação crônica, dor e distensão abdominais, piores nos últimos 8 meses. História pregressa de fundoplicatura. Apresentava desnutrição e distensão abdominal graves, abdome indolor e sem massas, exame anorretal com fezes no reto e esfíncter anal hipotônico. Exames de imagem mostravam distensão gasosa em toda a extensão dos intestinos delgado e grosso. Biópsia retal excluiu megacólon agangliônico. O uso de clister evacuativo diário por 15 dias resolveu a constipação, com persistência da distensão abdominal, mínima ao acordar e máxima no fim da tarde. Criança exibia movimentos estereotipados repetitivos, inclusive deglutição a seco, audível. Com diagnóstico presumido de AP e distúrbio obsessivo compulsivo, um teste diagnóstico e terapêutico de descompressão gástrica foi realizado, com resolução da distensão após 24 horas com cateter nasogástrico aberto. A distensão recorreu poucas horas após a retirada do cateter. O tratamento neuropsiquiátrico farmacológico não obteve sucesso, e optamos por uma gastrostomia endoscópica descompressiva continuamente aberta 40 cm acima do nível do estômago da paciente, com melhora significativa da distensão sem prejuízo da nutrição oral.
RESULTADOS: A AP é causada pela deglutição de ar por movimentos estereotipados de deglutição, induzidos por distúrbio neuropsiquiátrico, causando distensão abdominal, o que pode se complicar com volvo ou ruptura de vísceras ocas. O diagnóstico diferencial envolve, principalmente, megacólon agangliônico, constipação funcional grave e distúrbios digestivos funcionais, inclusive doença celíaca.
CONCLUSÃO AP é uma causa de distensão abdominal crônica a ser considerada em pacientes portadores de distúrbios neuropsiquiátricos. A impossibilidade de eructação possivelmente agrava o quadro naqueles com fundoplicatura prévia.
Responsável
ANA BEATRIZ CAMINADA SABRA STRAUB CESTARI
Fernandes, M.A.; Cardoso, C.A.A.; Fontoura, D.L.; Branco, L.G.; Cerqueira, L.F.; Prieto,V.A.P.; Firme, L.H.C.; Santos, L.P.B.; Luz, C.A.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):12.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Espondiloartropatias soronegativas incluem a artrite reativa, uma oligoartrite periférica asséptica associada a antecedente infeccioso extra-articular. Síndrome de Reiter consiste em subtipo raro de artrite reativa.
OBJETIVO: Relatar um caso de síndrome de Reiter em adolescente jovem.
MATERIAL E MÉTODO: G.M.S.B, 14 anos, sexo masculino, procurou emergência por dor articular, hiperemia conjuntival e lesões genitais indolores e não pruriginosas. Quadro precedido por disúria, diarreia, vômitos e febre. Atividade sexual recente, sem proteção. Ao exame: dor à mobilização do tornozelo esquerdo, joelho direito e articulação coxo-femural esquerda com sinais flogistícos, hiperemia conjuntival bilateral, lesões hipocrômicas, puntiformes e descamativas em prepúcio e glande peniana. Discreta leucocitose, PCR 9,2 e VHS 39. EAS com piúria e leucocitúria. Culturas (sangue, urina e fezes) negativas. Sorologias virais e TORCH negativas. Evoluiu com uretrite, piora das lesões penianas, das alterações oculares e da artrite. Histopatológico de lesão do prepúcio: balanite circinada. Não foi possível realização do antígeno HLA B27. Iniciado antibiótico para uretrite e AINES (naproxeno) pela persistência dos sintomas articulares. Evoluiu com melhora e alta hospitalar. Controle ambulatorial após 3 meses demonstrou regressão quase completa dos sintomas, apenas discreta dor à compressão das articulações sacroilíacas, sem limitar atividades habituais. Suspenso AINES e mantido acompanhamento ambulatorial.
RESULTADOS: Síndrome de Reiter consiste em oligoartrite periférica associada a acometimento ocular (principalmente conjuntivite) e mucocutâneo (úlceras orais, ceratoderma blenorrágico, balanite circinada e alterações ungueais psoríase-like). Ocorre, principalmente, em adultos jovens, cerca de 1 a 4 semanas após infecções gastrointestinais ou genitourinárias. Não há alterações significativas no hemograma, e leucocitose é variável. PCR e VHS geralmente elevados. Em aproximadamente 2/3 dos pacientes, a remissão espontânea dos sintomas ocorre em 6 meses. Na fase aguda, repouso e prescrição de AINES (primeira linha) podem ser úteis para alívio dos sintomas articulares.
CONCLUSÃO Importante ressaltar que a síndrome de Reiter é um subgrupo das artrites reativas e espondiloartropatias.
Responsável
ANA BEATRIZ CAMINADA SABRA STRAUB CESTARI
Santos, L.P.B.; Soares, M.V.; Sias, S.M.A.; Cestari, A.B.C.S.S.; Guerra, I.P.; Souza, L.C.M.R.; Arbex, M.B.B.; Simões, P.F.; Fernandes, R.B.A.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):13.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O neuroblastoma é um tumor sólido extracraniano mais comum em crianças, tendo como origem as células primitivas da crista neural. O comportamento clínico é variável, podendo apresentar-se de forma maligna local e disseminada.
OBJETIVO: Alertar quanto aos sinais e aos sintomas dessa neoplasia, facilitando o diagnóstico precoce.
MATERIAL E MÉTODO: A.C.V.L.S., sexo feminino, 5 anos, há 2 meses, iniciou dor abdominal diária com piora da intensidade, dor em joelho e articulação coxofemural direitos dificultando deambulação, sem sinais flogísticos. Medicada para verminoses e tratada para miosite e anemia. Evoluiu com cefaleia incapacitante e equimose supraorbitária sem relação com trauma, episódios de diarreia, febre diária (>38ºC), perda de peso e hiporexia, sendo internada no HUAP. Apresentava-se emagrecida, hipoativa, hidratada, hipocorada, fácies de dor, eupneica, equimose supraorbitária em pálpebras. Abdome doloroso à palpação. Membros inferiores com limitação do movimento à direita. Pancitopenia e LDH: 2.956U/L. US e TC abdome e pelve: massa volumosa suprarrenal esquerda, lesões nodulares na bacia e nas cabeças femorais. TC crânio: formações expansivas frontoparietais e esfenoidal. Cintilografia óssea: implantes ósseos em calota craniana;. Cintilografia com MIBG: captação abdominal sugestiva de processo primário. Exame clínico radiológico sugestivo de neuroblastoma com metastização. A paciente foi transferida para o Instituto Nacional do Câncer, onde iniciou quimioterapia.
RESULTADOS: A doença avançada geralmente apresenta sinais sistêmicos, como febre e perda de peso, e consequências da invasão metastática, como no caso relatado com invasão óssea (dificuldade de deambulação), na medula óssea (pancitopenia), no tecido retrobulbar (equimose supraorbitária) e no cérebro (cefaléia incapacitante), além da dor abdominal (massa em expansão).
CONCLUSÃO Este relato é rico em sinais e sintomas que apontam para uma neoplasia avançada que não pode deixar de ser suspeitada pelo pediatra.
Responsável
ANA BEATRIZ CAMINADA SABRA STRAUB CESTARI
Franco, C.L.; Souza, L.C.M.R.; Lombardi, P.I.M.L; Arbex, M.B.B.; Simões, P.F.; Fernandes, R.B.A.; Guerra, I.P.; Soares, M.V.; Soares, V.K.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):14.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: As infecções respiratórias agudas, principalmente pneumonias, são a segunda causa de óbito em crianças menores de 5 anos no Brasil. A pneumonia adquirida na comunidade possui vários agentes etiológicos; em até 60% dos casos, o patógeno não é identificado, sendo indispensável conhecer o perfil etiológico para orientar a terapêutica.
OBJETIVO: Chamar atenção para o Mycoplasma pneumoniae como agente de pneumonia complicada.
MATERIAL E MÉTODO: E.M.N, 3 anos, sexo masculino, natural de Niterói, internado com história de febre e tosse, em crises, há 7 dias. História prévia de asma. Estava em bom estado geral, afebril, taquipneico, murmúrio vesicular diminuído em base esquerda com sibilos e estertores crepitantes. Radiografia e ultrassonografia tórax: consolidação na base esquerda com lâmina de líquido pleural. Hemograma normal. Recebeu penicilina cristalina e broncodilatadores. Como não houve melhora, trocou-se o antibiótico para cefuroxima e claritromicina. Solicitou-se pesquisa de crioaglutinina sérica (título 1:256). Evoluiu bem, com alta hospitalar com claritromicina para completar 14 dias. Na consulta ambulatorial, 2 semanas após, persistia com crepitação à esquerda. Solicitou-se tomografia do tórax, que evidenciou redução volumétrica e padrão em mosaico, principalmente no pulmão esquerdo, com área hipotransparente em segmento basal posterior, sugestivo de bronquiolite obliterante (BO).
RESULTADOS: A pneumonia por M. pneumoniae é transmitida por aerossóis, acometendo, principalmente, escolares e adolescentes, mas pode ocorrer em pacientes menores. Raramente evolui com complicações, como BO. Não há achados clínicos ou radiológicos que permitam certeza. Títulos de crioaglutinina superiores a 1:128 sugerem diagnóstico, que pode ser confirmado por meio da dosagem de anticorpos (IgG e IgM) para esse agente. Tratamento de escolha são macrolídeos.
CONCLUSÃO Importante pensar em BO quando houver anormalidade estrutural tardia. O diagnóstico é realizado por tomografia de tórax de alta resolução e ocorre mais em casos de infecções respiratórias agudas com hospitalização, quadro clínico de mais difícil resolução e nos pacientes mais jovens.
Responsável
ANA BEATRIZ CAMINADA SABRA STRAUB CESTARI
Rechia, G.C.; Cruz, A.C.; Zanini, L.S.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):15.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O Centro de Tratamento de Fissuras Labiopalatais (CEFIL) é um serviço do Hospital Municipal Nossa Senhora do Loreto, oficializado em 1985 e credenciado pelo Ministério da Saúde em dezembro de 2000. É composto por uma equipe multidisciplinar com pediatria, genética médica, otorrinolaringologia, cirurgia pediátrica e plástica, nutrição, terapia ocupacional, fisioterapia e psicologia especializada no tratamento das fissuras labiopalatais (FLPs) e suas implicações estéticas, funcionais e psicológicas.
OBJETIVO: As FLPs representam a anomalia congênita facial mais frequente. Estudos epidemiológicos mostram a prevalência de FLPs variando muito entre os países, estimado no Brasil entre 0,47 a 1,54/1.000 dos nascidos vivos.
MATERIAL E MÉTODO: Foi realizado estudo retrospectivo para identificar pacientes com fissura labial, palatal ou labiopalatal atendidos no CEFIL no período de julho de 2008 a janeiro de 2012. Foram selecionadas 526 crianças, cujas malformações foram categorizadas com base na classificação de Spina, tendo como ponto de referência o forame incisivo.
RESULTADOS: A fissura palatal (pós-forame) foi a mais frequente (40,3%), prevalecendo em meninas (56%) e relacionada a outras patologias. A fissura labiopalatal aparece em segundo lugar (35,9%), sendo mais prevalente em meninos (62%). A fissura labial (pré-forame) presente em 23,8% dos casos apresentou discreto predomínio masculino (54%). Esse achado corrobora as fissuras labiopalatais e labiais como entidades distintas das fissuras palatais. Antecedentes familiares de fissuras estiveram presentes em 27% dos casos, sendo mais frequente na fissura labiopalatal (32%). Os eventos mais significativos ocorridos no primeiro trimestre da gestação foram vômitos (41%), anemia (38%), perda de peso (31%), uso de álcool (23%) e fumo (15,7%).
CONCLUSÃO Os resultados encontrados assemelham-se aos da literatura mundial. Vale ressaltar que, no recém-nascido com FLP, o aleitamento materno deve ser estimulado previamente à sondagem. Se a sucção nutritiva não puder ser estabelecida, então deverá ser introduzida a sonda para alimentação e estimulada a sucção não nutritiva. A partir de então, deverá ser encaminhado ao CEFIL para acompanhamento adequado.
Responsável
ANA CAROLINA ESPOSITO
Pereira LV Ramos ACAS; Albagli LF
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):16.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A tuberculose (TB) representa um importante problema de saúde pública, cuja incidência mundial vem aumentando desde 1980, constituindo a segunda causa infecciosa com maior impacto em morbimortalidade. Apesar de raras, as manifestações extrapulmonares devem sempre ser consideradas como diagnóstico diferencial, principalmente nos países em desenvolvimento, onde há uma alta prevalência da doença.
OBJETIVO: Relatar um caso de tuberculose extrapulmonar que representa um desafio diagnóstico para os pediatras.
MATERIAL E MÉTODO: Adolescente masculino, 12 anos, previamente hígido, há 2 anos com monoartrite em tornozelo direito, com resposta parcial após terapia com anti-inflamatório não hormonal e piora do quadro articular após infiltração local com corticoide. Apresentava PPD reator, apesar de história epidemiológica negativa para tuberculose e radiografia de tórax inicial sem anormalidades. Esquema vacinal completo. Paciente apresentou-se em nosso serviço com febre diária por 18 dias, astenia e perda ponderal recente. Posteriormente, radiografia de tórax evidenciou infiltrado micronodular difuso sugestivo de tuberculose miliar; submeter-se o paciente à artroscopia com biopsia sinovial, corroborando a suspeita de tuberculose articular após BAAR positivo no liquido sinovial. Esquema RIPE iniciado, com boa resposta terapêutica até o momento.
RESULTADOS: Tuberculose miliar com manifestação extrapulmonar, apesar de mais comum em crianças, é raro em pacientes imunocompetentes. O acometimento osteoarticular representa, aproximadamente, 10-20% das lesões extrapulmonares, sendo mais comum o envolvimento da coluna vertebral, do quadril e do joelhos. O acomentimento de pés e tornozelos é incomum, estando restrito a menos de 5% dos casos de TB osteoarticular, sem manifestação pulmonar associada na maioria dos casos.
CONCLUSÃO Tuberculose em suas formas atípicas representa um desafio diagnóstico. A localização incomum, baixa suspeição clínica e capacidade de mimetizar outras doenças levam ao atraso no diagnóstico, início tardio do tratamento e possíveis sequelas. Por esses motivos, TB deve sempre ser considerada no diagnóstico diferencial de artrite crônica, principalmente em áreas endêmicas, visando ao diagnóstico e à instituição precoce do tratamento, evitando-se possíveis complicações.
Responsável
ANA CECÍLIA AZIZ SILVA RAMOS
Gurgel, F.; Lima, R.B.; Barreiro, S.T.A.; Araujo, J. M.; Stewart, L.P.; Silva, A.E.A
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):17.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Pericardite é uma complicação incomum no curso da doença meningocóccica. Pode ocorrer por disseminação bacteriana ou por depósito de imunocomplexo (reativa). Pericardite bacteriana ocorre mais precocemente na evolução da doença, enquanto a reativa surge tardiamente.
OBJETIVO: Apresentar um caso incomum de pericardite reativa em paciente com doença meningocóccica.
MATERIAL E MÉTODO: M.C.J.R., 10 anos, sexo feminino, internada no HGVF(07/07/2014) com febre e vômitos, apresentando rigidez de nuca, sinal de Kernig e Brudzinsky. Realizou-se punção lombar com Líquor=90 células/mm?(66% polimorfonucleares;34% mononucleres), látex positivo para Neisseria meningitidis C. Iniciou-se tratamento com ceftriaxone(100mg/kg/dia) com evolução clínica favorável. Após 7 dias de tratamento, apresentou precordialgia, taquidispneia, bulhas cardíacas hipofonéticas, turgência jugular, hepatomegalia, PA=80x60mmHg. Diagnosticou-se pericardite com tamponamento cardíaco por meio de ecocardiograma e, realizando punção de alívio com drenagem de 150 ml de líquido amarelo pálido com 5 leucócitos (74% polimorfonucleares; 26% mononucleres), proteína=1,9, LDH=177, glicose=138, látex não reagente para Neisseria meningitidis, e cultura negativas. Iniciou-se cetoprofeno. Um dia após punção, visualizou-se novo derrame, sendo transferida para IECAC, em que ocorreu instalação de dreno pericárdico e terapia com prednisona. Paciente evoluiu com derrame pleural bilateral em que sendo drenado líquido amarelo citrino (estéril). Evoluiu com melhora clínica e radiológica, alta hospitalar em 24 de julho de 2014 em uso de prednisona. Atualmente, encontra-se em acompanhamento ambulatorial no HGVF.
RESULTADOS: A pericardite reativa ocorre geralmente de 6 a 16 dias após o início do tratamento. Sua etiologia atribui-se à deposição de imunocomplexos, com líquido pericárdico estéril. Possui boa resposta aos anti-inflamatórios não esteroides; porém, casos mais graves requerem doses elevadas de corticoterapia ou pericardiocentese. No caso relatado, sinais clínicos de pericardite de início tardio, líquido pericárdico estéril com características de transudato, existência de derrame pleural e resposta à terapêutica anti-inflamatória corroboraram o diagnóstico de pericardite reativa.
CONCLUSÃO Apesar de complicação rara, a pericardite reativa pode ter evolução grave com tamponamento cardíaco e deve ser considerada na evolução desfavorável da doença meningocóccica.
Responsável
ANNA ESTHER ARAUJO E SILVA
Dias, K.E; Kramberger, L.A.A; Oliveira, A.P.M.; Nehab, M.F.; M.V. Christiane
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):18.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O hemangioma hepático é a neoplasia benigna do fígado mais comum na infância. Possui um padrão de evolução caracterizado por fases de crescimento, platô e involução. O tempo de involução é variado, tendendo a se resolver por volta dos 5 anos.
OBJETIVO: Este trabalho visa relatar o caso de uma lactente que recebeu diagnóstico de hemangioma hepático após investigação de uma tumoração abdominal visualizada em ultrassonografia (USG) do pré-natal.
MATERIAL E MÉTODO: Lactente feminina, nascida a termo, adequada para a idade gestacional, parto cesáreo, APGAR 3/8, recebeu diagnóstico pré-natal por USG de massa em hipocôndrio direito, com características ecográficas de heterogênicidade, diâmetro 60x47x28mm, vascularizada. Ao nascimento, apresentou ao exame físico massa abdominal volumosa, endurecida e telangiectasias abdominais. Inicialmente, foi aventada hipótese de neuroblastoma. Foi realizada tomografia computadorizada de abdome, evidenciando imagem sugestiva de hemangioma hepático. Nessa ocasião, iniciado tratamento com propranolol. Durante a internação, a paciente evoluiu com quadro de colestase, alterações de função hepática, alfafetoproteína aumentada e plaquetopenia, necessitando de transfusões de plaquetas e terapia com acido ursodesoxicólico. Realizaram-se dosagens da função hepática e USG seriados. O USG demonstrou involução da lesão, apesar de enzimas hepáticas ainda tocadas. A paciente continuou em uso das medicações prescritas inicialmente, sendo avaliada por equipe multidisciplinar, incluindo equipes de Gastroenterologia e Cirurgia Pediátrica, que, em conjunto, decidiram pelo seguimento clínico com tratamento conservador.
RESULTADOS: O caso em questão obteve sucesso terapêutico com o uso de Propranolol, sem a necessidade de lançar mão de outras abordagens terapêuticas, como corticoterapia, interferon e embolização.
CONCLUSÃO Conforme observado em nosso caso, a literatura descreve a importância do diagnóstico e da instituição terapêutica precoces. Mudanças no tratamento medicamentoso, que incluem o uso de propranolol, têm alcançado resultados otimistas e devem ser consideradas perante esse diagnóstico.
Responsável
ANNA PAULA MAALDI DE OLIVEIRA
Ramos L.L.P.; Germer, R.; Oliveira, A.P.; Milanesi, B.G.; Villar, M.A.M.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):19.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A Síndrome de Down (SD) é a aneuploidia mais comum, ocorrendo em 1/700 indivíduos, caracterizada por anormalidades congênitas e déficit cognitivo, apresentando risco aumentado de alterações hematopoéticas caracterizadas por contagem alterada de plaquetas, macrocitose e leucemias. Cerca de 3-10% evoluem com doença mieloproliferativa transitória (DMT) com remissão em até 3 meses de vida; contudo, de 13-33% desenvolvem um subtipo de leucemia mieloide denominada megalocarioblástica aguda (LMCA) por volta dos 4 anos. O risco de LMCA é 500 vezes maior, e o de leucemia linfoblástica é 20 vezes maior em crianças com SD.
OBJETIVO: Descrever e atentar para o risco de doenças mieloproliferativas na SD.
MATERIAL E MÉTODO: Paciente masculino, mãe com 36 anos, GIII PII A0, pais não consanguíneos, apresentou USG morfológica de 22 semanas, aumento da ecogenicidade intestinal e cardíaca e dilatação pielocaliciana bilateral. Mãe com tipo sanguíneo A negativo e triagem sorológica para infecções negativa. O USG de 34 semanas evidenciou ascite fetal e hepatomegalia. Com 35 semanas, apresentou centralização fetal, sendo indicado o parto cesáreo. Nasceu prematuro, AIG, evoluindo com bradicardia e necessidade de ventilação mecânica invasiva. Ao exame físico, o paciente apresentava má perfusão, icterícia, anasarca e características morfológicas da SD. Apesar da hidropisia, o Coombs direto negativo excluiu doença hemolítica neonatal. Ecocardiograma evidenciou cardiopatia, e o ultrassom abdominal, hidronefrose e hepatoesplenomegalia. O paciente evoluiu com instabilidade hemodinâmica, choque e óbito no 4º dia de vida.
RESULTADOS: A análise do líquido ascítico apresentou contagem de 1.110 células/mm3 e a eritroblastose evidenciada no hemograma. A imunofenotipagem leucocitária detectou alto percentual de células blásticas da linhagem mieloide, com aparente expressão fenotípica positiva de antígenos megacariocíticos e sem expressão de marcadores linfoides, sugerindo doença mieloproliferativa transitória.
CONCLUSÃO A identificação precoce das leucemias na SD é importante devido à possibilidade de quimioterapia nos casos em que não há remissão da doença.
Responsável
ANNA PAULA MAALDI DE OLIVEIRA
Conceição, L.V.; Rafael, R.M.R.; Moura, A.T.M.S.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):20.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A violência contra a criança é considerada um problema complexo, gerando expressivo impacto social, com repercussões nas políticas da saúde e de outros setores envolvidos. O perfil de comorbidades na prática pediátrica mudou, exigindo um cuidado ampliado para crianças portadoras de doenças crônicas. O acompanhamento desses pacientes demanda uma avaliação integral, sendo fundamental perceber como se desenvolvem os cuidados e os vínculos na família envolvida.
OBJETIVO: Estimar a prevalência de violência familiar em crianças portadoras de doenças crônicas atendidas em ambulatório de especialidades pediátricas, refletindo sobre os potenciais impactos sobre o cuidado multiprofissional.
MATERIAL E MÉTODO: Estudo seccional realizado em ambulatório de especialidades de hospital universitário, utilizado o instrumento "Conflict Tactic Scales: Parent Child Version" (CTSPC). A coleta de dados ocorreu por meio de amostragem por oportunidade com os responsáveis das crianças. Foram estimadas as prevalências dos diferentes tipos de violência, calculando-se os respectivos intervalos de confiança a 95%.
RESULTADOS: A amostra compreendeu 152 questionários aplicados, com predomínio de crianças do sexo masculino, idade até 4 anos e frequentando a rede de ensino. A quase totalidade dos participantes relatou mais de 3 consultas médicas por ano (89.5%; IC95%: 84.5/94.4). Em relação aos tipos de violência, observou-se positividade na escala de maus-tratos físicos graves em 8.0% da amostra (IC95%: 21.3/38.3) e 87.5% para agressão psicológica (IC95%: 75.3/87.8).
CONCLUSÃO Famílias com pacientes portadores de doenças crônicas tendem a ter uma forma de resolução violenta de conflitos, pois o cuidado desse paciente é um fator frequente de estresse na dinâmica cotidiana da família. Os dados mostram uma realidade alarmante, com um número expressivo de vítimas de violência grave em idade pré-escolar, período crucial do desenvolvimento infantil. Vale ressaltar que a complexidade dessas situações acaba dificultando a detecção da violência, pois as demandas assistenciais envolvem múltiplas tarefas e olhares multiprofissionais.
Responsável
ANNA TEREZA MIRANDA SOARES DE MOURA
Santos, S.C.F.; Moura, A.T.M.S.; Rafael, R.M.R.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):21.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O setor da saúde vem tentando estruturar-se para o atendimento de casos de violência familiar, construindo redes intersetoriais e linhas de cuidado. Os serviços especializados fazem parte dessa rede, recebendo um perfil diferenciado de crianças, que, além da vitimização, apresentam necessidades complexas.
OBJETIVO: Descrever o perfil das crianças vítimas de violência familiar atendidas em um serviço especializado e suas demandas por cuidados especiais.
MATERIAL E MÉTODO: Realizou-se análise de todos os prontuários de serviço direcionado ao atendimento de casos de violência familiar referidos pelo ambulatório de pediatria de um hospital universitário, no período de agosto de 2012 a maio de 2013. Foram avaliados os tipos de violência, o perfil da criança e de seu cuidador, o uso de serviços de suporte social e a frequência em outros serviços de especialidades.
RESULTADOS: A amostra compreendeu 128 prontuários, em que a maioria das crianças era do sexo feminino (52,6%) e na faixa etária entre 5 e 9 anos (62,3%). A violência mais frequente foi a física (58%), seguida da sexual (30,5%), da psicológica (27,8%) e da negligência (23,6%). Dos participantes do estudo, 29,8% faziam acompanhamento na psicologia, 16,7% na fonoaudiologia, e 14,9% na nutrição. Quanto à presença de comorbidades, 50 % também frequentavam o ambulatório de neuropediatria, 28,5% a nefropediatria, e 25% a genética e follow-up. Não houve relato de uso de suporte social nos prontuários.
CONCLUSÃO A assistência oferecida por serviços especializados está contemplada na proposta de organização de linhas de cuidado e precisa estar integrada à rede de proteção às crianças vítimas. Os casos complexos acabam envolvendo diversos equipamentos da saúde, o que poderia facilitar a detecção de conflitos e a construção de vínculos entre familiares e equipes. Para tanto, seria necessário o desenvolvimento de mecanismos que promovessem a comunicação entre os setores, evitando a superposição da assistência oferecida nos diferentes níveis de atenção e minimizando as consequências da violência familiar contra a criança.
Responsável
ANNA TEREZA MIRANDA SOARES DE MOURA
Conceição, L.V.; Moura, A.T.M.S.; Rafael, R.M.R.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):22.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A violência familiar contra a criança é considerada um problema de saúde pública, e a necessidade de uma abordagem diferenciada no âmbito da saúde já é consenso. Os serviços fazem parte da rede necessária na condução dos caso,s e a participação ativa dos usuários pode ser um diferencial na construção da linha de cuidado nessas situações complexas.
OBJETIVO: Refletir com pais de crianças atendidas no ambulatório de pediatria sobre os métodos de disciplina e as etapas de desenvolvimento infantil.
MATERIAL E MÉTODO: Realizada atividade de sala de espera, previamente agendada e com duração de aproximadamente 40 minutos. A dinâmica incluiu diferentes momentos: reflexão sobre o conhecimento de aspectos do desenvolvimento infantil, leitura de casos cotidianos que demandam ações disciplinares e discussão sobre a melhor conduta a ser tomada na situação descrita. Participaram cerca de 15 responsáveis. Ao final da atividade foi distribuído material instrutivo, além de breve questionário para avaliação, sendo abordada a importância de relacionar as ações da criança com seu estágio de desenvolvimento.
RESULTADOS: Algumas participantes preferiram permanecer como espectadoras e não participaram ativamente da discussão. O conhecimento sobre o desenvolvimento infantil foi bastante variado, bem como as opiniões sobre os métodos de disciplina a utilizar em situações corriqueiras. A maioria opinou sobre ações de disciplina não violenta, como, por exemplo, conversar, orientar e colocar de castigo. As participantes relataram possíveis causas para o comportamento inadequado das crianças, como a superproteção e a influência negativa de pessoas próximas.
CONCLUSÃO Todas as participantes qualificaram a atividade como positiva, sendo identificado o desconhecimento sobre os marcos de desenvolvimento infantil. Foi possível verificar a importância desse conhecimento para promover melhor relação familiar, compreendendo as atitudes dos filhos no cotidiano. Contemplar a participação dos usuários na construção do cuidado pode ser um diferencial na assistência oferecida, possibilitando a individualização das ações desenvolvidas em parceria.
Responsável
ANNA TEREZA MIRANDA SOARES DE MOURA
Messias, S.S.N.D.; Fraga, S.D.B.; Barbosa, M.N.; Barbosa, E.L.; Miranda, P.C.B.; Leite, M.A.R.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):23.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: As hemofilias são doenças hemorrágicas resultantes da deficiência de fatores da coagulação. Na hemofilia A, que é a mais frequente forma hereditária, existe um defeito na codificação do fator VIII; enquanto na hemofilia B, a alteração está no fator IX. Há um grande espectro de mutações que denotam graus diferentes de gravidade e frequência dos episódios hemorrágicos.
OBJETIVO: Relatar um caso de hemofilia A, enfatizando a importância da valorização da anamnese e do exame físico para chegar precocemente ao diagnóstico da doença de forma a evitar suas complicações.
MATERIAL E MÉTODO: J.S.F.M., sexo masculino, branco, 1 ano, internou com adenite e equimose cervical à direita. Segundo a mãe, ao nascer, apresentou anemia importante, sendo submetido à hemotranfusão. Na internação, observaram-se grandes equimoses nos locais de punção e após trauma de qualquer intensidade, o que, associado à história perinatal, levou à suspeita de distúrbio da hemostasia. O coagulograma evidenciou PTTa incoagulável, sem outras alterações. Após contato com o Hemorio, foi enviada amostra de sangue para avaliação dos fatores de coagulação, cujo resultado mostrou Fator VIII < 1%, sendo Fator IX e Fator de Von Willebrand normais. Com diagnóstico de Hemofilia A grave, recebeu alta hospitalar para acompanhamento ambulatorial no Hemorio.
RESULTADOS: Não havia relato de hematoma muscular pós-vacinal ou hemartroses, que são frequentemente citados na literatura. Esaa última é geralmente associada ao início da deambulação. Há relato de história familiar positiva em cerca de 60%, o que não foi o caso. A idade média do diagnóstico depende da gravidade da doença, mas varia entre 1 a 36 meses.
CONCLUSÃO O diagnóstico precoce dessa patologia potencialmente grave é importante definidor do prognóstico, já que, sem a reposição do fator deficiente, as crianças estão sujeitas a todo o tipo de complicação, desde artropatia crônica por hemartrose de repetição até hemorragias no SNC, podendo evoluir com sequelas graves ou óbito.
Responsável
BÁRBARA CARVALHO SANTOS DOS REIS
Fraga, S.D.B.; Barbosa, M.N.; Miranda, P.C.B.; Leite, M.A.R.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):24.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O edema hemorrágico agudo da infância (EHAI) é uma vasculite leucocitoclástica rara que acomete crianças entre 4 e 24 meses, relatada também em recém-nascidos. A doença tem curso benigno, com resolução espontânea de 1 a 3 semanas. Muitos autores defendem tratar-se de uma variante da púrpura de Henoch-Schönlein. A etiologia é desconhecida mas em 75% dos casos, há relato de infecção prévia, uso de medicamentos ou imunização recente. O quadro clínico compreende irritabilidade, febre baixa, lesões purpúricas em face, extremidades, tronco e orelhas, de aparecimento súbito e progressivo, associado a edema em mãos e pés. As lesões atingem até 5 centímetros, têm forma arredondada com bordos bem definidos, semelhantes a um medalhão. O hemograma pode apresentar leucocitose com eosinofilia. Não há tratamento específico.
OBJETIVO: Relatar um caso de EHAI, chamando atenção para essa entidade que muitos acreditam ser subdiagnosticada.
MATERIAL E MÉTODO: J.P.O., sexo masculino, branco, 1 ano e 7 meses, internado com quadro de lesões purpúricas, de aparecimento agudo (12 horas de evolução) e edema inflamatório nos pés. Ao exame, paciente afebril, regular estado geral, com lesões edematosas, violáceas, de configuração anelar, distribuídas em membros inferiores e pavilhão auricular, associada a edema em pés. O hemograma mostrou leucocitose e eosinofilia. O paciente foi tratado com sintomáticos e as lesões regrediram espontaneamente em uma semana.
RESULTADOS: Relacionando a literatura com o quadro clínico apresentado pelo paciente, observamos semelhança em relação à idade de apresentação e ao quadro clínico, com início súbito, púrpura e edema de conformação semelhante às descritas, laboratório compatível e resolução espontânea do quadro, o que nos permitiu fechar o diagnóstico de EHAI.
CONCLUSÃO Os poucos relatos na literatura sobre EHAI podem contribuir para a dificuldade de reconhecimento dessa patologia. O pediatra deve estar atento à possibilidade desse diagnóstico perante a criança com manifestações semelhantes, evitando exames e tratamentos desnecessários.
Responsável
BÁRBARA CARVALHO SANTOS DOS REIS
Campos, C.G.U.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):25.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Sequestro pulmonar é uma malformação congênita rara, caracterizada por uma massa de tecido pulmonar não funcionante separada da árvore traqueobrônquica normal e vascularizada por uma artéria anômala, geralmente derivada da aorta torácica, do tronco celíaco ou das artérias intercostais. Pode apresentar-se de duas formas: intralobar ou extralobar, dependendo da localização dentro da pleura visceral. A forma mais comum é a intralobar.
OBJETIVO: Relatar um caso de sequestro pulmonar, chamando atenção para os principais exames diagnósticos.
MATERIAL E MÉTODO: I.L.D.S.P., sexo feminino, parda, 7 meses, natural do Rio de Janeiro. Foi admitida em 11/09/2014, com diagnóstico de pneumonia e história de febre alta, coriza, tosse e taquidispneia há 48 horas. Foram realizados hemograma e raio-x de tórax, que mostraram, respectivamente, 22.400 leucócitos (0/1/0/0/12/45/38/4) e grande imagem hipotransparente de formato arredondado em lobo inferior do hemitórax esquerdo. Solicitou-se tomografia computadorizada (TC) de tórax, observando formação expansiva em base pulmonar esquerda com densidade média de 22UH antes do contraste e 54UH após, com vaso nutridor emergindo da aorta. Dessa forma, fechou-se o diagnóstico de sequestro pulmonar. Foi solicitada angiogrfafia por ressonância magnética (angioRNM) para melhor avaliação do caso.
RESULTADOS: A maioria dos sequestros pulmonares são assintomáticos; por isso, muitas vezes são diagnosticados acidentalmente. A radiografia de tórax é o principal exame no diagnóstico, sendo complementado pela TC e angioRNM. A imagem mais frequente é de uma opacidade homogênea em lobo inferior. Na TC com contraste, visualizam-se o vaso arterial de comunicação com o sequestro e alterações no parênquima pulmonar. O tratamento recomendado é a ressecção cirúrgica da lesão.
CONCLUSÃO Apesar de rara, essa malformação deve sempre fazer parte do diagnóstico diferencial em pacientes com esses achados radiológicos, para que sejam possíveis avaliação e tratamento adequados.
Responsável
BÁRBARA CARVALHO SANTOS DOS REIS
Elias, C.F.; Santos, F.K.; Hammad, S.F.; Moraes, D.S.D.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):26.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Há uma grande demanda para serviços médicos especializados, superando a capacidade de oferta. Reconhecer as condições de vida e sua influencia na saúde é de extrema importância, assim como, medidas preventivas e oportunas são eficazes. Entender as relações entre o perfil de atendimento ambulatorial e a sua correlação com o quadro de morbimortalidade é bastante necessário.
OBJETIVO: O interesse deste estudo surgiu da convivência dos profissionais no núcleo de regulação, tendo por objetivo descrever as características clínicas e sociodemográficas da população atendida nos últimos 4 anos.
MATERIAL E MÉTODO: É um estudo descritivo, retrospectivo com abordagem quantitativa, cujos dados foram obtidos a partir das fichas de atendimento, consolidadas no programa Gerenciador de Informações Locais (GIL), de pacientes atendidos no ambulatório de um hospital pediátrico, durante o período de 1º de janeiro de 2011 a 31 de junho de 2014. Ao consolidar os dados desse período. a unidade teve 128.052 atendimentos. Selecionaram-se as variáveis município, sexo, diagnóstico e idade para a comparação entre os anos.
RESULTADOS: Verificou-se que a distribuição se mantinha estável no que tange à variável sexo, em 2014 e 2013; 56% eram do sexo masculino e 44% do sexo feminino, em 2011 e 2012, o equivalente a 57% e 43%. A mesma relação foi encontrada na variável idade, em que se percebeu uma maior prevalência de atendimentos de 5 a 9 anos, estabelecendo uma média entre 29% e 32% dos atendimentos nesses anos, seguida de 10 a 14 anos, estabelecendo uma média de 21% a 23% dos atendimentos. Apesar de se um hospital pediátrico, possuiu 112 atendimentos a usuários maiores de 20 anos. Julga-se que essas pessoas permaneceram em atendimento, devido ao caráter crônico do diagnóstico que apresentaram. Os diagnósticos de maior prevalência dessa população são: gastroenterite, rinite, asma e epilepsia.
CONCLUSÃO A partir dos resultados, conclui-se que faz necessária a implementação de estratégias na atenção primária para melhor acompanhamento da criança, evitando a mortalidade por causas como doenças respiratórias e gástricas. Devemos repensar a regionalização, visto que a distância do local de atendimento pode interferir na aderência ao tratamento, comprometendo, assim, a eficácia terapêutica.
Responsável
CARMEN LUCIA LEAL FERREIRA ELIAS
Elias, C.F.; Costa, C.P.M.; Hammad, S. F.; Moraes, D.S.D.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):27.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Os serviços de saúde devem ser estruturados a partir das necessidades da população a que se pretende atender, propiciando uma relação produtiva entre oferta e demanda. Uma estratégia relevante para a adequação desses serviços consiste em conhecer o perfil sociodemográfico da população que recorre a uma dada unidade de saúde.
OBJETIVO: Descrever o perfil dos pacientes acolhidos em um hospital pediátrico de referência do município do Rio de Janeiro. Apesar de não contar com serviço de emergência pediátrica, a referida unidade tem amplo serviço ambulatorial, de que diversas vezes emerge a necessidade de internação hospital para tratamento ou investigação diagnóstica, além das internações por meio de regulação municipal.
MATERIAL E MÉTODO: O estudo é de tipo descritivo, retrospectivo, referente ao atendimento realizado entre os anos de 2008 e 2014, e engloba mais de 20 mil internações hospitalares. As informações foram obtidas a partir dos programas do Datasus (SISAIH e Tabnet).
RESULTADOS: A partir da organização dos dados selecionados em gráficos e tabelas, observamos que 59% dos pacientes internados nessa unidade são do sexo masculino. A faixa etária predominante é aquela compreendida entre o intervalo de 10 e 14 anos, com 46% das internações hospitalares, seguida da faixa etária entre 1 e 4 anos, com 32%. Cerca de 83% dos pacientes atendidos nesse hospital são provenientes do município do Rio de Janeiro. As principais causas de internação estão relacionadas, em primeiro lugar, com as doenças infecciosas e parasitárias (19%), seguidas das doenças do aparelho respiratório (17%), das deformidades congênitas e das anomalias cromossômicas (12%). Cerca de 98% dos procedimentos realizados durante a internação são considerados de média complexidade.
CONCLUSÃO Este levantamento realça a necessidade de estruturar o serviço, procurando adequá-lo às necessidades de uma clientela predominantemente masculina e atender com qualidade pessoas com idades em faixas distintas. As causas de internação demonstra a necessidade de reforçar uma retaguarda capaz de acolher pacientes acometidos principalmente por doenças infecciosas e parasitárias e do aparelho respiratório.
Responsável
CARMEN LUCIA LEAL FERREIRA ELIAS
Viana, E.M.; Coelho, R.V.S.; Pires, F.M.; Gerecht, J.V.; Oliveira, J.H.F.; Paes, L.F.; Ribeiro, R.N.; Rios, R.R.; Macedo, F.R.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):28.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Ligas são movimentos acadêmicos que reúnem estudantes com interesses em comum, permitindo que se aprofundem em determinados temas e que preencham as lacunas deixadas em aberto pela extensa grade curricular. A Liga Acadêmica de Pediatria da Universidade Estácio de Sá (LiPES) foi criada pela iniciativa de 5 estudantes, no ano de 2013, para o curso de Medicina, Campus Arcos da Lapa. Em 2014, foi realizado processo seletivo, aprovando 15 ligantes do 4º ao 12º período, para ajudar na construção e na manutenção da LiPES.
OBJETIVO: Descrever as atividades e as propostas da LiPES.
MATERIAL E MÉTODO: A LiPES tem atividades como palestras, debates, discussão de casos clínicos, seminários e outras formas em seus encontros semanais de 1 hora de duração, sob orientação de 2 professores. Há também atividades práticas no Laboratório de Habilidades e Simulação, com manequins e simulador de alta fidelidade para intensificar os conhecimentos relacionados às atividades práticas em ambientes seguros e controlados.
RESULTADOS: Esses encontros representam um espaço em que os alunos podem se aprofundar em um tema de interesse, trocar informações atuando na construção de um aprendizado, o que possibilita a aplicação de metodologias de ensino consideradas mais eficazes do que modelos tradicionalista. A LiPES não têm por objetivo uma especialização precoce, mas complementar uma formação que a estrutura curricular não objetiva, sempre visando ao conceito atual de saúde como o bem-estar biopsicossocial e a formação generalista, conforme preconizado pelas diretrizes curriculares. Nesse espaço extra, surge, da observação atenta, da necessidade e da qualidade de troca entre discentes e docentes, a possibilidade de inovação no processo ou no conteúdo do aprendizado.
CONCLUSÃO A LiPES vem prosseguindo com seus objetivos de forma a aprofundar o conhecimento teórico e prático na área da pediatria, representando um elemento para construção da cidadania, formando indivíduos mais críticos, com uma visão humanista e comprometidos com a realidade social.
Responsável
CARMEN LUCIA LEAL FERREIRA ELIAS
Simões P.F.; Arbex M.B.B.; Firme L.H.C.; Navi N.P.; Cestari A.B.C.S.; Souza L.C.M.R.; Fernandes R.B.A.; Soares M.V.; Soares V.K.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):29.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O osteossarcoma é o tumor ósseo maligno primário mais comum em crianças e adolescentes. Apresenta um pico de incidência entre a 2ª e a 3ª décadas de vida. Os locais mais comumente afetados são: área distal do fêmur, proximal da tíbia e úmero proximais.
OBJETIVO: Descrever a evolução de um adolescente admitido na enfermaria do HUAP para a investigação diagnóstica de dor torácica há 2 anos. Evoluiu com tumoração na região torácica posterior esquerda. A apresentação clinica foi comparada a casos similares descritos na literatura. Chama atenção o retardo no diagnóstico desde o início do quadro.
MATERIAL E MÉTODO: Sexo masculino, 16 anos, branco, com dor torácica há 2 anos. Notou aparecimento de tumoração na região infraescapular esquerda, que, em 12 meses, alcançou 12 cm no seu maior diâmetro. Nos últimos 2 meses, surgiram, febre vespertina, perda de peso de 14 kg e hiporexia. Durante a internação, o paciente apresentou paraplegia bilateral e perda sensibilidade nos membros inferiores. Indicada torocatomia, após tomografia computadorizada, sendo encontrada grande quantidade de material purulento, sendo colhida amostra para biópsia. Esses locais, arcos costais, são mais comumente afetados por tumores do tipo neuroendócrino primitivo da infância (PNETS). Entretanto, o exame histopatológico revelou osteossarcoma.
RESULTADOS: Ausência de fatores de risco, como doença de paget, displasia fibrosa, radiação prévia ou trauma, local. A equipe não encontrou dificuldades para estabelecer o diagnóstico com base na clínica, bem como em exames de imagem e histopatológico. Outras hipóteses diagnósticas para o caso seriam sarcoma Ewing, osteomielite, tuberculose óssea, displasia fibrosa, condrossarcoma, metástase óssea, entre outros.
CONCLUSÃO O diagnóstico precoce altera o prognóstico da doença. A ausência de fatores predisponentes e a localização atípica não afastam a hipótese de osteossarcoma.
Responsável
CHARLES ALMEIDA DA LUZ
Simões P.F.; Arbex M.B.B.; Guerra I.P.; Lombardi P.I.M.L.; Micheloni N.C.X.S.; Souza L.C.M.R.; Fernandes R.B.A.; Soares M.V.; Soares V.K.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):30.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A síndrome de ativação macrofágica (SAM) é uma complicação rara que pode ser desencadeada pela artrite idiopática juvenil sistêmica. Caracteriza-se pela ativação excessiva de macrófagos, ocasionando febre, hepatoesplenomegalia, adenomegalia generalizada, citopenia e hiperferritinemia. Quando não reconhecida precocemente seu prognóstico é reservado, comumente levando a óbito.
OBJETIVO: Por meio de um relato de caso, analisar a evolução da síndrome de ativação macrofágica induzida por artrite idiopática juvenil.
MATERIAL E MÉTODO: Sexo masculino, 8 anos, com diagnóstico de artrite idiopática juvenil sistêmica há 4 meses, em uso de prednisona 30 mg. Admitido por agudização da doença, caracterizada por febre diária, associada à artrite poliarticular assimétrica e exantema intermitente nos últimos 15 dias. Foram descartadas causas subjacentes, como infecções e neoplasias. Realizada pulsoterapia com metilprednisolona 30 mg/kg em 3 dias com melhora do quadro. Entretanto, 5 dias após o término da pulsoterapia, apresentou febre com queda do estado geral e hipotensão. Transferido para o CTI no mesmo dia, quando os exames laboratoriais revelaram queda abrupta do VHS de 120 mm para 42 mm; aumento de ferritina de 1.362 para > 30.000, leucocitose 43.200 com 38% de bastões; aumento de triglicerídeos de 135 para 397; queda de plaquetas de 622.000 para 264.000; hemoglobina de 8,1; e hematócrito de 29,5; queda dos níveis de albumina e alteração do coagulograma. Em 12 horas, o paciente evolui com instabilidade hemodinâmica, e sangramento refratário. Óbito em 24h da piora clínica.
RESULTADOS: Apesar da não realização da biópsia de medula óssea para visualização da hemofagocitose, o paciente desenvolveu SAM com base na presença de 5 dos 7 critérios diagnósticos.
CONCLUSÃO O paciente apresentou uma evolução clínica compatível com o descrito na literatura. O pediatra deve estar atento ao surgimento dessa complicação, que, quando identificada e tratada precocemente, aumenta as chances de sobrevivência.
Responsável
CHARLES ALMEIDA DA LUZ
Lombardi P.I.M.L.; Oliveira V.F.; Guerra, I.P.; Navi, N.P.; Cestari, A.B.C.S.; Santos, L.P.B.; Jesus, L.E.; Conceição, J.S.; Soares, V.K.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):31.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A puberdade precoce é definida pelo aparecimento de caracteres sexuais secundários antes dos 8 anos de idade nas meninas. Pode ser periférica ou central, se o estímulo hormonal partir do sistema nervoso central ou de outras áreas do organismo, respectivamente. A investigação diagnóstica deve ser exaustiva e rápida. Apresentamos um caso de puberdade precoce periférica tratado na pediatria do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP).
OBJETIVO: Descrever a apresentação e a evolução clínica de um caso de puberdade precoce periferica por tumor de células da granulosa.
MATERIAL E MÉTODO: Sexo feminino, 5 anos, 21 kg, estatura 1,11 m. História pregressa sem alterações. Nos últimos 3 meses, notou aumento das mamas e pilificação pubiana (Tanner M3/P2). Apresentou 2 episódios de metrorragia nos últimos 2 meses. Apresentava massa no quadrante inferior direito abdominal, móvel, endurecida, irregular, indolor, com aproximadamente 12 cm de diâmetro, identificada como ovário em exame de ultrasonografia. Mostrava FSH, LH, SDHEA, testosterona séricos normais para a idade e aumento do estradiol e progesterona séricos. Foi ressecado tumor ovariano sólido-cístico à direita. Não foram evidenciadas ascite ou metástases intra abdominais. Exame histopatológico identificou tumor de células da granulosa Evoluiu satisfatoriamente com normalização dos níveis de estradiol e progesterona após 30 dias da ressecção. Caracterizado o estágio 1.
RESULTADOS: Os exames são compatíveis com puberdade precoce de origem periférica causada por tumor de ovário produtor de estrógeno. O principal deles é o tumor de células da granulosa, muito incomum com aproximadamente 60 casos descritos na literatura.
CONCLUSÃO A puberdade precoce periférica possui múltiplas causas. A anamenese é fundamental para estabelecer suspeitas: a presença de massa abdominal sugere a possibilidade de tumor ovariano. O tumor de células da granulosa é tratado por meio de ooforectomia unilateral. No caso de tumores avançados (> estágio 1), é necessária a quimioterapia complementar.
Responsável
CHARLES ALMEIDA DA LUZ
Lombardi P.I.M.L.; Oliveira V.F.; Firme L.H.C.; Navi, N.P.; Cestari, A.B.C.S.; Souza L.C.M.R.; Arbex, M.B.B.; Melo, M.F.; Conceição J.S.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):32.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Os abscessos esplênicos múltiplos são raros na população, sendo mais relevante em pacientes imunossuprimidos. Caso apresentem febre de localização indefinida, esse diagnóstico deve ser aventado.
OBJETIVO: Descrever o caso de uma adolescente imunossuprimida, com febre vespertina há 15 dias.
MATERIAL E MÉTODO: Adolescente, 13 anos, sexo feminino, com hepatite autoimune tipo 1, diagnosticada há 2 anos, com PPD = 13 mm e radiografia de tórax normal na época. Não realizou profilaxia primária. À internação, encontrava-se febril e apresentava 4 abscessos esplênicos associados à esplenomegalia. Realizada a drenagem percutânea, houve saída de 12 ml de líquido citrino com BAAR negativo, cultura para bactérias e fungos negativas. Hemoculturas negativas. Iniciou-se tratamento com piperacilina e tazobactam. Houve desaparecimento da febre. Na 3ª semana de antibioticoterapia, a ultrasonografia de controle mostrou aumento de todos os abscessos, sendo associado esquema para tuberculose. A antibioticoterapia foi suspensa no 28º dia de uso, e manteve-se o RIPE. No 34º dia de esquema do RIPE, o controle de imagem mostrava resolução de abcesso e redução significativa dos outros.
RESULTADOS: O tratamento preconizado para os abscessos esplênicos múltiplos é a esplenectomia, sendo o tratamento clínico reservado a pacientes com tuberculose ou fungos. Entretanto, nessa paciente, a esplenectomia implicaria mau prognóstico devido à imunossupressão e à hipertensão portal. Há relatos na literatura de abscessos esplênicos múltiplos assépticos que são caracterizados por melhora clínica com antibióticos; porém, persiste-se do aumento das imagens. Essa patologia não tem sua fisiopatologia definida, mas melhoram com imunossupressão.
CONCLUSÃO Embora o BAAR e a cultura tenham sido negativo no líquido do abscesso, os dados sugerem tuberculose, pois houve melhora na dimensão dos abscessos com 16 dias de RIPE, ausência de quimioprofilaxia e diminuição do VHS de 120 mm/h para 21 mm/h.
Responsável
CHARLES ALMEIDA DA LUZ
Soffé, B.A.C.; Figueiredo, C.F.; Watson, P.; Freires, M.G.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):33.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV) está relacionado a diversas patologias, como a dermatite infecciosa associada ao HTLV-I (DIH), um tipo de eczema infectado e recidivante que incide em crianças que adquirem verticalmente a infecção.
OBJETIVO: Mostrar um caso de DIH precoce no lactente.
MATERIAL E MÉTODO: S.K.O.S, três meses, quadro de febre, diarreia, vômitos, rinorreia hialina e sibilância. Lesões cutâneas eczematosas eritemato-descamativas e micropapulas, xerodermia difusa, otorreia espessa, leitosa e fétida. Diagnosticaram-se dermatite com infecção secundária e otite externa eczematosa. Foram investigadas diversas causas de dermatite no lactente, com positividade para HTLV e MRSA em swab de nasofaringe. Iniciaram-se anti-histamínicos, corticoterapia sistêmica e tópica, amoxicilina por 7 dias. Houve alta após 20 dias de internação e melhora do quadro. A paciente foi rinternada após 2 meses, com recidiva cutânea, e foi tratada com sulfametoxazol-trimetropim e alta com dose profilática. Apresentou recidivas frequentes com descontinuação da terapêutica.
RESULTADOS: O diagnóstico de DIH foi firmado com base nos critérios de La Grenade. A doença está sempre associada à infecção pelo Staphylococcus aureus ou Streptococcus beta hemolíticos, com boa resposta a sulfametoxazol-trimetropim. Não se sabe por que crianças infectadas desenvolvem doença, a maioria permanecendo assintomática. Existe a possibilidade de que o desenvolvimento esteja ligado a fatores genéticos ou relacionados a interação do vírus com o portador
CONCLUSÃO Estima-se que haja cerca de 2,5 milhões de pessoas infectadas no Brasil. A via de transmissão favorece o desenvolvimento de doenças específicas associadas ao HTLV1, sendo o aleitamento a principal, ocorrendo de 20% a 30% dos lactentes amamentados por mães infectadas. O risco está associado ao tempo de amamentação. O prognóstico das doenças a ele relacionadas é reservado, em termos de sobrevida e qualidade de vida, sendo a triagem pré-natal fundamental na prevenção da disseminação da infecção.
Responsável
CINTIA PUGLIESE VARELLA
Azeredo, R.V.; Rodrigues, T.A.; Mansur; O.M.F.C.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):34.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Os transtornos do Espectro do Autismo (TEA) são distúrbios caracterizados por dificuldades na interação social e na comunicação e por um repertório restrito e repetitivo de interesses e atividades, que acometem em cada 68 crianças. O diagnóstico é fundamentado no quadro clínico do paciente, de acordo com os critérios do Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais (DSM). Sabe-se que o diagnóstico precoce e o correto manejo dessa criança são fundamentais para seu desenvolvimento.
OBJETIVO: Elaborar um material didático simples, com linguagem clara e informação atualizada, sucinto, em forma de folder, visando a orientar aos pais e aos professores na identificação de sinais de autismo.
MATERIAL E MÉTODO: A pesquisa foi qualitativa, de revisão bibliográfica, com informações colhidas em bibliografia especializada e sites sobre o transtorno do espectro autista.
RESULTADOS: Foi produzido um folder, em linguagem coloquial e bastante ilustrado, contendo orientações básicas, direcionadas, principalmente, a pais e professores que são, geralmente, as pessoas mais próximas da criança, distribuído na Sala de Espera em Pediatria, no Hospital dos Plantadores de Cana, em Campos dos Goytacaczes, RJ, visando a promover maior propagação dessas informações.
CONCLUSÃO Esse material contribui para o conhecimento e o entendimento do tema, bem como, consequentemente, para um adequado tratamento e inclusão social dessas crianças.
Responsável
EDWIGES BRAMBILA VIEIRA
Teixeira, C.; Roiseman, M.M.; Assef, C.C.; Batista, L.C.; dellOrto, F. ; Chalfun, D.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):35.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A síndrome hepatopulmonar é caracterizada pela tríade clínica que consiste em: doença hepática e ou hipertensão portal, anormalidades da oxigenação arterial e dilatações vasculares intrapulmonares (DVIP). Em relação ao diagnóstico das DVIP, a ecocardiografia com contraste é o método de escolha, pois é de fácil realização e permite quantificar a gravidade. O tratamento da síndrome hepatopulmonar (SHP) pode variar desde terapia farmacológica, intervencionista, como a embolização das DVIP (molas), e cirúrgica, como o shunt portossistêmico intra-hepático transjugular (TIPS) ou o transplante hepático.
OBJETIVO: Descrever um caso clínico de um portador de síndrome hepatopulmonar e a indicação da ecocardiografia contrastada como exame complementar.
MATERIAL E MÉTODO: Paciente masculino, 9 anos, com o diagnóstico de doença hepática crônica, internado com quadro de gastroenterite aguda que evoluiu com ascite e icterícia. Apresentou piora do quadro com desorientação e agitação (encefalopatia hepática). Apresentava-se em estado regular, emagrecido, baqueteamento digital, SatO2 84% e leve dispneia. Ausculta pulmonar e o aparelho cardiovascular sem alterações. Abdome ascítico. A ultrassonografia abdominal confirmou a ascite,hepatopatia crônica e esplenomegalia. A TC de tórax mostrou alterações vasculares calibrosas e tortuosas opacificadas pelo meio de contraste compatível com má formação arteriovenosa. Na TC de abdome, o fígado apresentou contornos lobulados por hepatopatia crônica. O ecocardiograma transtorácico não havia shunts intracardíacos. Devido à hipótese de SHP, foi realizado o ecocardiografia com contraste, utilizando uma solução salina agitada.
RESULTADOS: O resultado da ecocardiografia contrastada foi considerada positiva, pois ocorreu a opacificação do átrio esquerdo e posterior o ventrículo esquerdo no 3º ciclo cardíaco, após o aparecimento do contraste (microbolhas) nas câmaras cardíacas direitas. Esses achados, portanto, confirmam a existência de dilatação vascular intrapulmonar.
CONCLUSÃO Ressalta-se a importância da ecocardiografia contrastada nesses casos, assim como na conduta terapêutica.
Responsável
ELIANE LUCAS
Carvalho, C.T.; Roiseman, M.M.; Abrahão, D.; Assef, C.C.; Leite, M.F.M.; Aranha, A.L.; Correa, M.P.A.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):36.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O pseudoaneurisma do ventrículo esquerdo é uma entidade rara, sobretudo na infância, caracterizada por formação aneurismática com paredes compostas de tecido pericárdico e ausência completa de fibras miocárdicas (presentes no aneurisma verdadeiro). O pseudoaneurisma pode evoluir para ruptura e morte, tornando essencial o diagnóstico precoce.
OBJETIVO: Descrever uma rara complicação da endocardite infecciosa e o pseudoaneurisma do ventrículo esquerdo, assim como a orientação terapêutica.
MATERIAL E MÉTODO: I.S.L, sexo feminino, 9 anos, portadora de insuficiência renal crônica, internou por edema agudo de pulmão responsivo à hemodiálise. O ecocardiograma evidenciou grande imagem cavitária na região póstero-lateral do ventrículo esquerdo, justa mitral, comunicante ao ventrículo, medindo 3,9 x 2,3 cm, com características de pseudoaneurisma. Há 4 meses, a paciente havia tratado endocardite infecciosa com boa resposta clínica. A ressonância magnética (RM) confirmou a imagem na parede livre do ventrículo esquerdo. Foi submetida à cirurgia, com o preenchimento da cavidade aneurismática com BIOGLUE®, fechado colo com retalho de pericárdio bovino e plastia da valva mitral. No pós-operatório observou-se o completo fechamento do pseudoaneurisma. Atualmente, encontra-se assintomática.
RESULTADOS: O ecocardiograma pode demonstrar as características de pseudoaneurisma; porém, é importante a diferenciação com o aneurisma verdadeiro, sendo difícil quando se localiza em região posterior do coração. A RM também contribui para o diagnóstico, caracterizando, inclusive, as formações localizadas mais posteriormente; portanto, é indicada nesses casos apesar do alto custo e da baixa acessibilidade.
CONCLUSÃO Ressalta-se a importância do diagnóstico precoce do pseudoaneurisma do ventrículo esquerdo por meio de exames de imagens como o ecocardiograma e a ressonância magnética cardíaca.
Responsável
ELIANE LUCAS
Aguiar, E.B.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):37.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A síndrome de Freeman Sheldon, descrita pela primeira vez em 1938, é considerada rara e morfologicamente caracterizada por um quadro dismórfico que associa alterações ósseas, contraturas articulares e uma expressão facial típica. Faz parte de um grupo conhecido como artrogripose distal ou distúrbios contraturais distais múltiplos congênitos. A maioria dos casos descritos são autossômicos dominantes de ocorrência esporádica; porém, há relatos de casos autossômicos recessivos. Ambos os sexos são igualmente afetados, e a inteligência usualmente é normal; entretanto, ocasionalmente, há uma associação com retardo mental. Estudos recentes apontam para uma possível mutação no gene MYH3 como causa da síndrome.
OBJETIVO: O presente relato discute o reconhecimento e o diagnóstico da síndrome de Freeman Sheldon
MATERIAL E MÉTODO: Lactente do sexo masculino, 2 meses, acompanhado no serviço de pediatria do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), sem história familiar de malformações. Ao exame físico, apresentou campodactilia com desvio cubital das mãos, pé torto congênito, face achatada com uma expressão fisionômica pouco variável como se fosse uma máscara, bochechas permanentemente insufladas com projeção dos lábios para fora (face de assobio), olhos introjetados com telecanto primário, filtro alongado, cartilagem nasal pouco desenvolvida com narinas estreitadas, microstomia, depressão em H na região mentoniana e criptorquidia bilateral. Exames complementares revelaram cariótipo 46XY.
RESULTADOS: Cabe a ressalva de que, neste caso, o diagnóstico foi baseou-se apenas nas alterações morfológicas clássicas da síndrome, sem que testes genéticos fossem realizados. Além disso, é provável que se trate de um caso de herança autossômica dominante, visto que o irmão gemelar não foi acometido e não há relato da doença na história familiar. O prognóstico é, muitas vezes, incerto, necessitando de diversas cirurgias corretivas, inclusive para possibilitar uma adequada nutrição.
CONCLUSÃO A síndrome de Freeman Sheldon permanece como uma condição rara com diagnóstico embasado em características fenotípicas. Foi descrita pela primeira vez em 1938 por Freeman e Sheldon e pode ser chamada de síndrome de displasia crânio-carpo-tarsal, distrofia crânio-carpo-tarsal ou artrogriopse dital tipo 2A. Não há preferência entre os sexos. Geralmente, é de transmissão autossômica dominante, mas há relatos de transmissão autossômica recessiva. Casos esporádicos ocorrem sem qualquer relato de história familiar prévia. Estudos recentes apontam para uma possível mutação no gene MYH3 como causa da síndrome.
Responsável
ELISA BARROSO DE AGUIAR
Aquino, J.H.W.; Barreto, R.; Castiglione, A.A.; Cortezzi, P.; D´Abreu, H.C.; Lima, F.B.; Masiero, A.; Rebouças, L.I.; Santos, J.L.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):38.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Arterite de Takayasu é uma doença inflamatória idiopática, crônica e progressiva, que afeta artérias de grande e médio calibre, especialmente a aorta, seus principais ramos e as artérias pulmonares e coronárias, com elevada morbidade.
OBJETIVO: Discutir o diagnóstico de arterite de Takayasu associada à tuberculose ganglionar em adolescente.
MATERIAL E MÉTODO: Adolescente do sexo feminino, 13 anos, encaminhada da Estratégia de Saúde da Família do Município do Rio de Janeiro ao Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), apresentando adenomegalias em cadeia cervical posterior direita há 7 meses, além de hipertensão, cefaleia incapacitante e emagrecimento. Relatou história prévia de AVE e tuberculose ganglionar. Ao exame físico, apresentou assimetria de pulsos radiais e de pressão arterial entre os membros superiores. Investigação complementar com exames de imagem confirmou o diagnóstico de arterite de Takayasu, associada à tuberculose ganglionar, diagnosticada por biópsia.
RESULTADOS: É relevante destacar que a arterite de Takayasu é a terceira causa de vasculite na infância e na adolescência. A faixa etária de maior incidência dessa doença situa-se em menores de 20 anos, com elevada morbidade, sendo responsável por mais da metade dos casos de hipertensão renovascular em indivíduos jovens. Além disso, deve-se destacar a já descrita associação da arterite de Takayasu à tuberculose, doença infecciosa de grande prevalência no Rio de Janeiro.
CONCLUSÃO Este caso possibilitou uma reavaliação crítica sobre a importância da anamnese e do exame físico minuciosos, visto que as histórias da doença atual e patológica pregressa apresentaram indícios de uma doença sistêmica em evolução, com importantes sinais ao exame físico.
Responsável
ELISA BARROSO DE AGUIAR
Nascimento, T.J.; Lessa, M.; Pinto, L.A.M.; Santos, J.L.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):39.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A febre de origem indeterminada representa um grande desafio diagnóstico na pediatria.
OBJETIVO: Descrever o caso de um pré-escolar com febre de origem indeterminada associada àpoliartrite.
MATERIAL E MÉTODO: Pré-escolar do sexo masculino, de 3 anos e 10 meses, apresentava febre diária há 6 meses, associada à artrite em joelhos e tornozelos, em episódios intermitentes, com intervalos assintomáticos, mas progressivamente mais curtos. Relatou-se história pregressa de pneumonia tratada ambulatorialmente há 8 meses, além de contato domiciliar com familiar portador de tuberculose bacilífera. Na investigação complementar, a radiografia de tórax evidenciou infiltrados retrocardíaco e peri-hilar bilateral, apresentando prova tuberculínica flictenular, forte reator (14 mm) e VHS de 120 mm na 1ª hora. Foi aventada, então, a hipótese diagnóstica de Reumatismo de Poncet.
RESULTADOS: A artropatia ou o Reumatismo de Poncet é uma rara manifestação da tuberculose, apresentando-se como artropatia crônica com períodos de remissão, associada à hiperergia da prova tuberculínica.
CONCLUSÃO O diagnóstico diferencial de casos de febre de origem indeterminada exige investigação cuidadosa, a partir de anamnese e exame físico detalhados. Nesse caso, hipóteses como artrite idiopática juvenil e neoplasias hematológicas devem ser lembradas. Além disso, apesar das manifestações músculo-esqueléticas da tuberculose estarem presentes em apenas 2% dos casos da doença, trata-se de uma condição de alta prevalência, devendo sempre ser incluída no diagnóstico diferencial.
Responsável
ELISA BARROSO DE AGUIAR
Costa, D.S.; Nanci, N.O.; Barbosa, D.P.; Leão, J.H.H.; Tonassi, C.L.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):40.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A internação de crianças em enfermarias pediátricas, entre outros motivos, visa à investigação de sintomas não diagnosticados e, principalmente, ao acompanhamento evolutivo diário das morbidades, promovendo o cuidado ideal às crianças enfermas, de tal forma a propiciar a cura das doenças, bem como favorecer o crescimento e desenvolvimento salutar dos pacientes.
OBJETIVO: Conhecer as principais causas de internação na enfermaria pediátrica do Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI) no período de maio a agosto de 2014.
MATERIAL E MÉTODO: Os dados foram coletados a partir da consulta de prontuários referentes a 224 internações, sendo 130 (58%) do sexo masculino e 94 (42%) do sexo feminino, todos incluídos na faixa etária de 0 a 12 anos de idade.
RESULTADOS: A causa mais frequente de internação na enfermaria foi a infecção de vias aéreas inferiores (27%), subdivididas em pneumonias e suas complicações (35%), bronquiolites isoladas (32%) e bronquiolites associadas a pneumonias (33%). Em segundo lugar sobressaíram as lesões decorrentes de traumas (20%), e a grande maioria envolveu lesões osteomusculares, incluindo fraturas e lesões de partes moles (80%), seguidas por queimaduras (18%) e TCE (2%). Em destaque, observam-se também as piodermites (15%) entre todas as internações, incluindo em grande parte, as celulites (58%), os abscessos (36%) e os impetigos (6%). As demais causas de internação mais importantes foram os pós-operatórios de apendicectomia (13%), as infecções do trato urinário (5%), as infecções osteoarticulares (3%) e as internações por outras causas de menor prevalência, mas não menos importantes (20%).
CONCLUSÃO Os dados levantados indicaram a alta prevalência de internações por infecções de vias aéreas inferiores, lesões traumáticas, piodermites e pós-operatórios de apendicectomias e poderão subsidiar estudos futuros, visto que há pouca literatura sobre o perfil epidemiológico de pacientes internados em enfermarias pediátricas. Além disso, poderão subsidiar a atuação prática do próprio serviço.
Responsável
ELIZABETH ZARONI MEGALE
Castro, E.M.O.F.; Santos, S.S.; Ferreira, G.C.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):41.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A miastenia gravis (MG) é uma doença neurológica autoimune que afeta a porção pós-sináptica da junção neuromuscular (JNM). É caracterizada por fraqueza e fadiga dos músculos esqueléticos de uso repetitivo. O diagnóstico é feito por meio da clínica, associada à dosagem do anticoporpo antirreceptor da acetilcolina e padrão característico na eletroneuromiografia.
OBJETIVO: Relatar um caso clínico de diagnóstico prolongado, demonstrando a dificuldade dos pediatras em identificar quadros neuromusculares, devido à infrequência na infância.
MATERIAL E MÉTODO: J.F.S., sexo feminino, 16 anos, previamente hígida, iniciou aos 16 anos quadro de ptose palpebral à direita em junho de 2013. Foi avaliada por oftalmologista, sendo medicada com corticoide tópico, havendo melhora inicial e retorno dos sintomas após término da medicação. Dois meses após remissão e recorrência dos sintomas, bem como idas frequentes a clínicos e pediatras, foi solicitado por oftalmologista exame de RNM, com resultado normal. Em fevereiro de 2014, iniciou quadro de fraqueza em MMSS e MMII relacionada a esforço. Em abril, procurou atendimento no Hospital Municipal Jesus, onde foi internada para investigação. Durante a internação, evoluiu com odinofagia, dificuldade de sustentação da cabeça e de deambulação, disartria e um episódio de dispneia aguda. Foram solicitados eletroneuromiografia, dosagem de anticorpo antitirosinaquinase, antirreceptor de acetilcolina. Iniciou-se teste terapêutico com piridostigmina. Paciente apresentou melhora completa após o início do tratamento. O resultado do anticorpo antirreceptor de acetilcolina foi positivo.
RESULTADOS: O diagnóstico final foi de miastenia gravis em uma paciente jovem, sendo instituída terapêutica com piridostigmina e corticoterapia, bem como encaminhamento a um serviço especializado para acompanhamento.
CONCLUSÃO A miastenia gravis é uma doença pouco frequente na infância. Portanto, seus sintomas podem não ser prontamente reconhecidos pelo Pediatra; por isso, é pouco diagnosticada. Seu reconhecimento imediato é importante, pois o tratamento adequado é essencial para evitar complicações fatais da doença.
Responsável
ERICA MARIA ORICHIO FONSECA DE CASTRO
Magalhaes, A.S.; Magalhaes, L.O.S.; Rossi, A.P.; Sá, A.C.S.; Moreira, T.P.; Santana, M.S.; Souza, F.A.C.; Lima, A.R.O.; DAlmeida, D.G.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):42.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A paracoccidioidomicose (blastomicose sul-americana) é uma micose sistêmica causada pelo fungo Paracoccidioides brasiliensis, podendo se manifestar com lesões pulmonares, cutâneas, mucosas ou doença disseminada.
OBJETIVO: Relatar o caso de escolar que apresentou paracoccidioidomicose aguda.
MATERIAL E MÉTODO: Escolar, 9 anos, sexo masculino, apresentou febre há 20 dias, vômitos, colúria, inapetência, emagrecimento. Ao exame físico, constataram-se desidratação, linfadenomegalia generalizada, icterícia (+++/4+), hepatoesplenomegalia e lesões crostosas, principalmente a face e no dorso. Durante a internação hospitalar, foram solicitados exames laboratoriais que demonstraram anemia, leucocitose sem desvio para esquerda e alteração na função hepática (Gama-GT=765,5U/L, Fosfatase Alcalina=2.358,1U/L, TGO=97U/L, TGP=96U/L). A radiografia de tórax estava normal, mas a endoscopia digestiva alta revelou varizes esofágicas de fino calibre no terço inferior, sem sinais clínicos de hipertensão portal. Diante da amplitude diagnóstica, foram solicitadas sorologias para leishmaniose, esquistossomose, doença de Lyme e blastomicose. Todavia, devido à piora dos sintomas e à dificuldade para elucidação diagnóstica, foi realizada a biópsia de gânglio inguinal, diagnosticando paracoccidioidomicose. Após iniciado o tratamento com anfotericina B, a sorologia confirmou o diagnóstico como positiva apenas para paracoccidioidomicose.
RESULTADOS: A forma aguda (juvenil) ocorre em menos de 10% dos pacientes, sendo uma doença do sistema reticuloendotelial com disseminação generalizada para fígado, baço, linfonodos e medula óssea. O diagnóstico é feito por meio de culturas, mas em pacientes graves, pode ser obtido mais, rapidamente por biopsias de tecidos.
CONCLUSÃO O manejo terapêutico da paracoccidioidomicose deve, obrigatoriamente, incluir medidas de suporte às complicações clínicas associadas ao envolvimento de diferentes órgãos pela micose, além da terapêutica antifúngica específica. No caso do paciente acima, devido à gravidade do quadro, realizou-se tratamento com anfotericina B, geralmente utilizada em caso de doença disseminada e potencialmente fatal.
Responsável
FERNANDA APARECIDA COSTA DE SOUZA
Magalhaes, A.S.M.; Magalhaes, L.O.S.; Rossi, A.P.; Sá, A.C.S.; Moreira, T.P.; Santana, M.S.; Souza, F.AC.; Lima, A.R.O.; DAlmeida, D.G.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):43.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A dengue é uma doença infecciosa febril aguda, podendo ser de curso benigno ou grave. A dengue clássica é uma enfermidade autolimitada. Outras complicações, como desconforto respiratório devido a intenso derrame pleural, disfunção do miocárdio, sangramento intenso e falência múltipla dos órgãos, inclusive síndrome de desconforto respiratório agudo (SDRA), podem representar risco à vida.
OBJETIVO: Apresentar de uma complicação grave em um paciente com dengue.
MATERIAL E MÉTODO: J.M.S., 7 anos, negra, sexo feminino, natural de Itaperuna, admitida na enfermaria pediátrica do Hospital São José do Avaí (HSJA), com tosse há 15 dias, piora progressiva e associação de febre e taquipneia. Ao exame, estava lúcida, normocorada, hidratada, anictérica. Ausculta cardíaca demonstrou ritmo cardíaco regular em 2 tempos, bulhas normofonéticas, sem sopros, FC 100 bpm. Ausculta pulmonar com estertores difusos, FR: 60 ipm. Abdome e membros normais. Ultrassonografia de tórax evidenciou condensação de parênquima pulmonar em base esquerda. Sem derrame pleural. Foram iniciados oxacilina e ceftriaxone. Após 5 dias, a paciente evoluiu com insuficiência respiratória aguda. Foi encaminhada à UTI pediátrica, realizando intubação orotraqueal e acoplamento à ventilação mecânica (VM). Radiografia de tórax evidenciou redução da transparência pulmonar bilateral. Foram iniciados, empiricamente, aciclovir e oseltamivir, suspendendo oxacilina e iniciando vancomicina. A paciente seguiu em VM por 40 dias, apresentou, nesse período, quadro de insuficiência renal aguda e realizou hemodiálise por 14 dias. Nesse período foram realizadas 2 culturas de secreção traqueal, pesquisa de BAAR, sorologia para Influenza A (H1N1) todas negativas. Sorologia para Dengue IgM foi positiva. Não foi realizado isolamento viral. O desmame ventilatório foi realizado, e a paciente recebeu alta para a enfermaria pediátrica.
RESULTADOS: A SDRA é uma apresentação pouco descrita na dengue, não sendo encontrados relatos de casos semelhantes.
CONCLUSÃO O manejo na UTI foi importante no prognóstico da paciente.
Responsável
FERNANDA APARECIDA COSTA DE SOUZA
Santanna, R.C.; Fernandes, C.R.; Dias, F.C.S.; Paiva, F.T.; Melo, J.M.; Percope, F.L.; Junqueira, J.C.F.; Valladares, M.A.B.; Carvalho, S.R.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):44.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A telangiectasia hemorrágica hereditária (THH) ou síndrome de Osler-Weber-Rendu é um distúrbio vascular autossômico-dominante, cujas manifestações clínicas são epistaxe, sangramento do trato gastrintestinal e anemia ferropriva, associados à telangiectasia mucocutânea (lábios, mucosa e pontas dos dedos). Shunts e malformações arteriovenosas ocorrem comumente nas circulações pulmonar (50%), hepática (33%) e cerebral (10%). A doença de Crohn (DC) é uma doença inflamatória intestinal (DII) ao lado da retocolite ulcerativa e da colite indeterminada. Afeta qualquer segmento do tubo digestivo com inflamação focal ou transmural, estendendo-se da mucosa à serosa. Fístulas, abscessos e estenoses normalmente complicam a DC.
OBJETIVO: Descrever o caso de uma paciente com THH que, posteriormente, apresentou quadro clínico e laboratorial compatível com DC, confirmado por biópsia.
MATERIAL E MÉTODO: Paciente feminina, iniciou quadro de sangramento intestinal e fissura anal no 1º ano de vida. Após extensa investigação, diagnosticou-se telangiectasia hemorrágica hereditária. Evoluiu com manutenção de episódios intermitentes de hematoquezia, dor ao evacuar, epistaxe e úlceras em palato durante acompanhamento. Com 1 ano e 10 meses, realizou colonoscopia, sugestiva de DII. Iniciou-se o corticoterapia com melhora parcial, mantendo sangramentos intermitentes, sendo associada sulfassalazina. Exames posteriores definiram DC. Após surgimento de fístula sem resposta ao uso de azatioprina, antibioticoterapia e novos cursos de corticoide, iniciou-se infliximabe. No momento, sem sintomas.
RESULTADOS: A THH é responsável por sangramento do trato gastrointestinal em até 44% dos pacientes, devido às telangiectasias presentes na mucosa do trato digestivo. O sangramento retal não é a apresentação principal da DC, mas está presente em 20% dos casos.
CONCLUSÃO Apresentamos 2 etiologias distintas de sangramento intestinal manifestadas em um único paciente. Não encontramos, na literatura, associação entre essas duas entidades, sendo esse, portanto, o primeiro caso descrito de THH e DC.
Responsável
FERNANDA PÉRCOPE
Fernandes, C.R.; Paiva, F.T.; Melo, J.M.; Sampaio, M.C.; Santanna, R.C.; Percope, F.L.; Junqueira, J.C.F.; Valladares, M.A.B.; Carvalho, S.R.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):45-46.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A desnutrição ainda é uma doença prevalente nos países em desenvolvimento. Trata-se de uma doença de origem multifatorial que se manifesta pela ingestão insuficiente de proteínas e calorias, seja porque a ingestão alimentar desses dois nutrientes é menor que a necessária para o crescimento normal, seja porque as necessidades para o crescimento são maiores do que o que pode ser oferecido, mas que, em outras circunstâncias, teria sido adequado para o crescimento.
OBJETIVO: Descrever caso de paciente com desnutrição proteico-calórica, complicada por enterite e suas repercussões.
MATERIAL E MÉTODO: Lactente de 1 ano de idade, sexo masculino, foi atendido no ambulatório de gastroenterologia pediátrica do IPPMG, com história de baixa estatura, dificuldade em ganhar peso e diarreia com sangue e muco. Aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade. À primeira consulta, apresentava alimentação hipocalórica, rica em hidratos de carbono e pobre em proteínas. Substituía algumas refeições por leite materno e não fazia uso de leite de vaca. Ao exame, irritado, hipocorado, edemaciado, taquicárdico, abdomen distendido, dermatite perianal, peso entre p3 e p15 (em queda) e estatura abaixo do p3. Hemograma com anemia hipocrômica e microcítica, trombocitose, leucometria com eosinofilia, hipoalbuminemia, hiponatremia, coprocultura positiva para aeromonas. Diante do quadro clínico e laboratorial, aventou-se hipótese de desnutrição associada à enterite. Durante a internação, o paciente recebeu transfusão de concentrado de hemácias, tiabendazol, metronidazol e dieta adequada para a idade com suplementação. Apresentou melhora da anemia com alta para o acompanhamento ambulatorial em uso de sulfato ferroso e dieta hipercalórica. Evoluiu com ganho ponderal satisfatório.
RESULTADOS: A desnutrição geralmente se inicia nos 2 primeiros anos de vida e é decorrente do desmame precoce ou da introdução incorreta de alimentação complementar associada, muitas vezes, à privação alimentar e à ocorrência de repetidos episódios de doenças infecciosas. A forma edematosa (Kwashiorkor) pode ocorrer, inicialmente, com manifestações vagas, como, por exemplo, letargia, apatia ou irritabilidade. Quando avança, ocorre insuficiência de crescimento, falta de vitalidade, perda de tecido muscular, aumento da susceptibilidade às infecções, vômitos, diarreia, anorexia, flacidez do tecido subcutâneo e edema. O edema ocorre precocemente, podendo mascarar a incapacidade para ganhar peso. A dermatite é comum. O cabelo é escasso e fino, e podem se formar listras avermelhadas ou acizentadas. Finalmente, ocorrerá estupor, coma e morte. Os motivos pelos quais algumas crianças manifestam a forma não edematosa e outras desenvolvem a forma edematosa não são conhecidos. O tratamento inclui 3 fases. Primeira fase (1-7 dias): estabilização. A desidratação é corrigida, e inicia-se o tratamento para controlar infecções bacterianas ou parasitárias. A alimentação oral deve ser iniciada com fórmula altamente calórica - 75 kcal/100 ml com progressão para 100 kcal/100 ml (dieta de reabilitação). Se houver suspeita de intolerância à lactose (diarreia iniciou-se ou não se resolve), deve-se substituir a fórmula em uso por uma fórmula sem lactose. Pacientes anêmicos podem necessitar de transfusão de concentrado de hemácias. Segunda fase (semanas 2-6): reabilitação. Manter a oferta de 100 kcal/kg/dia e tratamento com antibióticos se foram necessários. A administração de alimentos por sonda nasogástrica é preferível ao uso de nutrição parenteral. A terceira fase é realizada em casa, com alimentação ad libitum.
CONCLUSÃO O caso demonstra que, ainda hoje, é imprescindível um alto grau de suspeição, além de uma abordagem intensiva, abrangente e multidisciplinar para reduzir a taxa de mortalidade associada à desnutrição proteico-calórica.
Responsável
FERNANDA PÉRCOPE
Cabral, F.S.; Girianelli, I.R.; Souza, P.R.; Henney, D.R.; Santos, J.B.; Couri, M.Z.; Frascari, M.C.; Stolnicki, D.K.; Bellotti, M.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):47.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: As doenças crônicas não transmissíveis são causa de óbito em 74% da população brasileira, sendo a nutrição um dos principais pilares para reverter essa situação.
OBJETIVO: Descrever as práticas nutricionais em uma população de mães de crianças com idade até 5 anos.
MATERIAL E MÉTODO: Foram entrevistadas 186 mães de forma aleatória no Município do Rio de Janeiro, concordantes com a pesquisa, por meio de um questionário estruturado com perguntas fechadas, preenchido diante da pesquisadora. O pacote de dados do SPSS foi utilizado para análise descritiva do corpus.
RESULTADOS: As mães apresentavam idade de 29±7,5 anos e 10±4 anos de estudo. Porém 54% moravam nas comunidades carentes próximas ao Itanhangá. A média da idade das crianças por habitação é de 30±17 meses, em 51% do sexo feminino. 79,5% das mães têm até 2 filhos, e 81,2% têm 1 filho menor que 5 anos . 8,3% recebem alimentos batidos; 51,4% comem até 3 tipos de legumes ou verduras; 62,9% recebem legumes diariamente, mas 14% recebem 1 x por semana ou nunca. 58,1% recebem danoninho sempre ou quase sempre, 22% bebem sempre ou quase sempre refrigerante, e 30,7% chupam sempre ou quase sempre balas. 30% tomam sempre ou quase sempre bebidas açucaradas que não refrigerantes. 66,9% amamentaram exclusivamente até os 6 meses (o que indica um problema na introdução da alimentação complementar), 42,5 % comem biscoito sempre ou quase sempre.
CONCLUSÃO Nessa amostra, a amamentação exclusiva até os 6 meses é preponderante; porém, observam-se sérios problemas na alimentação complementar. Essas práticas não devem se associam a nível de educação materna, já que a maioria tem nível fundamental completo, mas possivelmente a fatores culturais. Os dados apontam para a importância de uma entrevista nutricional detalhada e de um diálogo mais profundo para intervir adequadamente nessas práticas equivocadas.
Responsável
GLAUCIA MACEDO DE LIMA
Casado, M.H.; Cabral, F.; Giuliani, I.; Sousa, P.R.; Henney, D.; Zarur, M.; Venerabile, A.L.G.; Lima, G.M.;
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):48.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A relação entre asma e desaceleração do crescimento em pediatria vem sendo observada. A classificação da asma, de acordo com manejo e diretrizes permite terapêutica adequada e interferência no crescimento. Corticosteroides inalatórios constituem a terapêutica de escolha em escolares, adolescentes e adultos com asma moderada e grave.
OBJETIVO: Relatar um caso de asma grave em um menor encaminhado ao polo de asma, que reverteu sua condição de baixa estatura após tratamento.
MATERIAL E MÉTODO: D.R.O.S., DN=07/11/01, sexo masculino, referendado em setembro de 2012; IMC=15,87 (p10-25%) e, fora de crise, com fluxo expiratório 100L/min (40% do previsto que seria de 247L/min) saturando 97% em ar ambiente. Em 1 ano, de setembro de 2011 a data da primeira consulta fora do polo de asma, cresceu apenas 3cm, de 125cm (<p3%) para 128cm (<p3%), e passou de 23kg (<p3%) para 25kg (<p3%). Seu alvo estatural genético, calculado com altura do pai (170 cm) e da mãe (162cm), seria 172,5cm variando de 164cm (p3-5%) a -181cm (p75%). Em setembro de 2012, seu hormônio tireoidiano, o de crescimento e a idade óssea estavam normais. Apresentava-se no estágio de maturação sexual ideal, fora do estirão de crescimento. Recebeu corticoide inalatório em dose moderada (budesonida 200mcg), associado a beta2 de longa duração (fenoterol 6mcg), ambos duas vezes ao dia. Após 6 meses, fora de crise, com fluxo expiratório 170L/min (62,5% do alvo 247L/min) e saturação 98% em ar ambiente, cresceu satisfatoriamente para 133cm(p3-5%), 29kg(p5-10%) e IMC16,39(p25-50%),
RESULTADOS: O menor referenciado para tratamento de asma grave com baixa estatura tratado com corticosteroide inalatório controlou a doença e, em apenas 6 meses, normalizou o ritmo de crescimento com vistas ao alvo genético.
CONCLUSÃO Monitorização e identificação sistemáticas de um crescimento deficiente em paciente asmático grave propiciam melhoria da qualidade de vida com o manejo adequado da doença.
Responsável
GLAUCIA MACEDO DE LIMA
Cabral, F.S.; Batista, L.R.; Souza, P.R.; Henney, D.R.; Rico, T.R.F.; Lima, G.M.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):49.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: As crianças são mais suscetíveis à hanseníase e contraem a doença, geralmente, a partir do contato com familiar infectado, após longo período de intensiva exposição à grande carga bacilar.
OBJETIVO: Ressaltar características clínicas da hanseníase em menores de 15 anos, residentes no Estado do Rio de Janeiro, no período de 2001 a 2012.
MATERIAL E MÉTODO: Estudo descritivo realizado com base nos dados do Sistema de Informação e Agravos de Notificação (SINAN) para o Estado do Rio de Janeiro, obtidos na página do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), para o período de 2001 a 2012.
RESULTADOS: A hanseníase infantil correspondeu a 6,4% dos casos notificados (30.564) no período, variando de 7,3% (3.089), em 2001, a 5,9% (1.727), em 2012. A forma tuberculoide, característica de pessoas com alta resistência ao bacilo, foi observada em a 45,3% dos casos diagnosticados no período (1.952), alcançando mais de 50% dos casos em crianças em 2012 (97). Já a forma indeterminada, que é a mais esperada em crianças, por ser um estágio inicial e transitório cuja resposta imune ainda não foi definida diante do bacilo, ocorreu em apenas 25% dos casos. A forma mais grave, a Virchowiana, pode cursar com anestesia de pés e mãos, nódulos na pele, edema e comprometimento dos órgãos internos, representou 5,9% dos casos de menores de 15 anos diagnosticados no período; enquanto 24,5% das notificações apresentaram a forma multibacilar, indicando a força de transmissão da doença com contato precoce ao bacilo. Adicionalmente, 2,6% (51) apresentaram incapacidade grau II no diagnóstico.
CONCLUSÃO Ressalta-se, por frequência nos dados observados, a forma tuberculoide. Apesar de incomum, a ocorrência de incapacidades em crianças, a precocidade do adoecimento pode contribuir para potenciais deformidades.
Responsável
GLAUCIA MACEDO DE LIMA
SILVA, W.S.Q.; Lima, G.M.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):50.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Devem-se encorajar mães a amamentar seus filhos exclusivamente ao seio (SME) até pelo menos 6 meses.
OBJETIVO: Identificar motivos relacionados à interrupção do período de amamentação exclusiva ao seio na amostra estudada.
MATERIAL E MÉTODO: Estudo descritivo, transversal. Foram realizadas entrevistas com 85 mães da Zona Norte da Cidade do Rio de Janeiro, concordantes com a pesquisa e enquadraram no critério de inclusão estabelecido. Utilizou-se um questionário que foi preenchido pelos pesquisadores diante das entrevistadas em busca dos motivos revelados, para não amamentar seu filho por, no mínimo, 6 meses. Observou-se correlacionar caracteristicas prevalentes desse com o grupo que manteve o SME por 6 meses.
RESULTADOS: Os principais motivos alegados para o desmame precoce foram: considerar o leite materno insuficiente para sustentar o filho (44% - 20 mães); doença ou condição incapacitante da mãe, incluindo abuso de drogas, (16% - 7 mães); doença ou condição incapacitante do filho (13% - 6 mães); recusa do filho e trabalho (ambos 11% - 10 mães) e outros motivos (5% - 2 mães). Na correlação com o grupo de 40 entrevistadas que mantiveram o SME por 6 meses, os resultados estatisticamente significativos com p < 0,05 foram: idade materna < 25 anos; e menos de 7 anos de estudo para SME prevalente. Na correlação com as 45 com DP, os resultados estatisticamente significativos com p < 0,05 foram: menos de 4 filhos e renda inferior a 2 salários minimos.
CONCLUSÃO A alegação de "leite insuficiente ao seio" como principal motivo para suspender o SME,denota a necessidade de estratégias para conscientizá-las da inexistência de "leite fraco". Quanto menor a paridade e a renda familiar, maior foi o risco de desmame precoce. A escolaridade maior da mãe demonstrou tendência ao aleitamento exclusivo ao seio até 6 meses.
Responsável
GLAUCIA MACEDO DE LIMA
Madeira, I.R.; Bordallo, M.A.N.; Collett-Solberg, P.F.; Bordallo, A.P.N.; Gilban, D.L.S.; Gazolla, F.M.; Borges, M.; Garcia, M.H.M.; Carneiro, A.S.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):51.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O baixo peso ao nascer possui impacto no desenvolvimento de complicações futuras como obesidade, hipertensão arterial sistêmica e resistência insulínica, relacionadas à doença cardiovascular aterosclerótica. Alterações no perfil clínico, metabólico e hormonal relacionadas à doença cardiovascular já seriam detectadas em crianças pré-púberes nascidas com baixo peso.
OBJETIVO: Avaliar perfil clínico, metabólico e hormonal relacionado à risco cardiovascular em crianças pré-púberes de baixo peso ao nascer (BPN) e relacionar as variáveis de interesse com grau de baixo peso, prematuridade e retardo do crescimento intrauterino.
MATERIAL E MÉTODO: Estudo transversal com 58 crianças de BPN (17 prematuros pequenos para idade gestacional (PIG), 32 prematuros adequados para idade gestacional (AIG), 9 PIG a termo), de 2 a 7 anos, oriundas de ambulatório pediátrico de hospital universitário. Avaliou-se a correlação entre o Z escore de índice de massa corporal (ZIMC), circunferência da cintura (CC), pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD), níveis de glicose, insulina, leptina, adiponectina e Homeostasis Model Assessment for Insulin Resistance (HOMA-IR) e as variáveis peso e Z escore de peso e comprimento de nascimento, idade gestacional, variação no Z escore de peso do nascimento ao primeiro ano (∆ZP1) e até o momento do estudo (∆ZP).
RESULTADOS: Houve correlação entre ZIMC (p = 0,0001), CC (p = 0,0008), PAD (p = 0,046), insulina (p = 0,020), HOMA-IR (p = 0,016) e leptina (p= 0,0008) com ∆ZP1. Houve ainda correlação entre ZIMC (p = 0,0001), CC (p = 0,0001), PAS (p = 0,022), PAD (p = 0,003), insulina (p = 0,007), HOMA-IR (p = 0,005) e leptina (p = 0,0001) com ∆ZP. Nenhuma variável se correlacionou com características do nascimento.
CONCLUSÃO O ganho ponderal pós-natal apresentou maior influência sobre os biomarcadores de risco cardiovascular do que a prematuridade ou crescimento intrauterino retardado. Estudos adicionais são necessários para avaliar se os achados configuram risco cardiovascular aumentado. Nenhum dos autores possui conflitos de interesse. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Pedro Ernesto, em 22 de agosto de 2012.
Responsável
ISABEL REY MADEIRA
Meneses, C.R.M.; Machado, A.C.C.; Costa, A.P.C.; Ribas, S.A.; Darriba,V.A.; Pereira, D.S.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):52.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O Projeto de Extensão assiste criança s(CÇ) do nascimento-5a, visando promoção/prevenção em saúde, treinar alunos e realizar pesquisa. O objetivo da presente pesquisa é caracterizar o aleitamento matern o(AM) no 1º a e estado nutricional (EN) no 1º e 2ºa de vida.
OBJETIVO: Caracterizar o aleitamento materno (AM) no lºa e estado nutricional (EN) no 1º e 2ºa de vida.
MATERIAL E MÉTODO: Supervisores e alunos de Enfermagem (E), Fonoaudiologia (F), Medicina (M), Nutrição(N), Psicologia e Serviço Social realizam consultas conjuntas de puericultura, educação em saúde, e pesquisa. Foi realizado estudo prospectivo nos prontuários de 49CÇ que completaram la e 43 que completaram 2a e estavam em acompanhamento.
RESULTADOS: O AMAR, implantado há 7a, acompanha 184CÇ. Foram realizadas 2814 consultas (M:l47l; E:448; N:448; F:447). A frequência (F) de orientação sobre AM no pré-natal foi 93%; F de orientação sobre AM na maternidade 100%; F e média (M) de tempo (T) de AM com qualquer T de duração ao longo do 1º ano de vida 97,5% e 8,7+3,7m. F de AM nos 49 com la 36,7%(18); F e M de T de AM exclusivo (AME) 93,8% (46) e 3,8+2m; F de AME aos 6m 26,5% (13). Idades M de introdução de água, suco ou chá 5+1,1m; outro tipo de leite 3,7+2,2m; alimento complementar (AC) 5,5+1m. F de uso de fórmula inadequada no 1ºa 44,8% (22). Classificação quanto ao EN com 1 e 2a: eutrofia 81,6% (40) e 48,8% (21); risco para sobrepeso 12,2% (6) e 41,8% (18); sobrepeso 0% e 9,3% (4) obesidade: 6,1% (3) e 0%.
CONCLUSÃO O AMAR proporciona abordagem integral à CÇ e troca de saberes. O incentivo ao AM deve ser implementado, mesmo no Hospital amigo da CÇ. A introdução do AC não se dá satisfatoriamente, apesar das orientações da equipe. Há F significativa de excesso de peso. A pesquisa demonstra a importância da equipe multidisciplinar no acompanhamento da saúde da CÇ, mas outros fatores também podem influenciar (leis trabalhistas, mídia, preço de fórmulas lácteas apropriadas). As F e M de tempo de AM e AME foram significativas, mostrando a relevância da orientação dada pela equipe.
Responsável
ISABEL REY MADEIRA
Paranhos, I.R.; Simões, N.L.; Costa, L.R.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):53.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O tumor de Wilms (TW), também chamado de nefroblastoma, ocorre por um crescimento desordenado das células renais. O acometimento de recém-nascidos e adultos é muito raro. O prognóstico depende do diagnóstico histopatológico e do estadiamento da doença.
OBJETIVO: Avaliar os dados clínicos e compará-los com a literatura.
MATERIAL E MÉTODO: Neonato nascido de cesareana, a termo (CS = 38 semanas), gestação com pré-natal regular sem intercorrências no parto, APGAR 9 e 10, com peso de 2.530g, medindo 47cm e perímetro cefálico, torácico e abdominal 33, 32 e 34, respectivamente. Ao exame, apresentava-se ativo, reativo, com reflexos presentes e normais, eupneico, eucárdico, acianótico, fontanelas planas e normotensas e com boa perfusão periférica. Durante o primeiro dia de vida, o neonato apresentou icterícia neonatal colestática, zona III, +/4+, aumento de transaminases e redução de bilirrubinas. Ao palpar o abdômem, notou-se uma grande massa, foi solicitado exames de imagem, 24 horas após o nascimento, e constataram na TC presença de massa abdominal em flanco esquerdo e em fossa ilíaca esquerda que se estendia para a fossa ilíaca direita, com presença de obstrução intestinal. Além disso, na USG, observou-se aumento hepático e vesícula biliar contraída com paredes difusamente espessadas caracterizando a colestase neonatal. Paciente evolui para uma sepse com hemocultura positiva para MRSA e urocultura positiva para enterobacter e foi tratado com ampicilina e gentamicina por 7 dias e subsequentemente com vancomicina e amicacina por 10 dias. Foram realizadas nefrectomia total esquerda e biopsia hepática.
RESULTADOS: Na maioria dos relatos o paciente se encontra em bom estado geral. Aproximadamente 93% são de tumoração unilateral. Não há relato sobre a ligação entre a colestase neonatal e o TW. A nefrectomia total em acometimento unilateral é recomendada em todas as literaturas.
CONCLUSÃO Concluimos que o TW é raro em recém-nascidos e que a colestase neonatal complicou o quadro geral do paciente.
Responsável
ISABELA RAIMUNDO PARANHOS
Paranhos, I.R.; Oliveira, C.C.; Lemos, M.T.; Araujo, T.P.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):54.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: As mudanças recentes nos hábitos alimentares e sociais da população brasileira resultaram no aumento da incidência de doenças crônicas não infecto-contagiosas. Para quantificar estas condições desfavoráveis, foram coletados dados antropométricos e analisados gráficos preconizados pela organização mundial da saúde (OMS) identificando valores inferiores ou superiores ao padrão de normalidade em uma população-alvo.
OBJETIVO: O objetivo deste trabalho é calcular as dimensões de peso e estatura, identificar a população de risco, prevenir o desenvolvimento de doenças iminentes e tratar condições impróprias já estabelecidas, tais como: obesidade, sobrepeso, baixo peso e desnutrição.
MATERIAL E MÉTODO: No período de 05 à 22 de agosto de 2014 realizamos uma coleta de dados antropométricos com 164 crianças de 04-12 anos em uma escola pública do município de Volta Redonda-RJ com medição de peso e altura. A partir destes dados, foi possível quantificar o Índice de Massa Corpórea (IMC) e os percentis de idade x peso, idade x estatura e idade x IMC de acordo com o que é indicado pelo Ministério da Saúde.
RESULTADOS: Com a análise do IMC na faixa etária de 4-7 anos, dois meninos (7,14%) encontravam-se no
p85 - p97, apontando sobrepeso e quatro (14,28%) no p>97, indicando obesidade. Para o sexo feminino não houve nenhuma menina obesa, entretanto, duas (6,9%) exibiram sobrepeso. Na faixa etária de 8-12 anos, sete meninos (14,58%) foram classificados como obesos e cinco (10,41%) apresentaram sobrepeso. Para o sexo feminino, oito meninas de 8-12 anos (13,56%) estão com sobrepeso, cinco (8,47%) apresentaram obesidade e três (5,08%) desnutrição, equivalente ao p<3.
CONCLUSÃO Tais resultados apresentaram crianças com estado nutricional inadequado, evidenciando a importância de realizar o acompanhamento sistemático do crescimento e desenvolvimento das crianças, o que permite identificar distúrbios e doenças que afetam o crescimento. Desta maneira é possível conhecer o perfil nutricional deste grupo e intervir o mais precocemente possível, evitando consequências negativas futuras.
Responsável
ISABELA RAIMUNDO PARANHOS
Faro, L.R.T.; Camargo, B.N.S.; Loureiro, L.G.; Cristino, A.C.B.; Mageste, P.S.; Costa, C.J.; Rodriguez, M.S.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):55.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Contagiantes - Doutores palhaços é um projeto contínuo e filantrópico da Liga Acadêmica de Humanização do curso de Medicina do UniFOA que teve início em 20 de março de 2013 e atualmente conta com uma equipe de dezenove acadêmicos de medicina do UniFOA que se caracteriza de palhaço e frequenta dois hospitais municipais: São João Batista e Munir Rafful.
OBJETIVO: Com a nobre missão de levar alegria por onde passam, os doutores palhaços objetivam minimizar o sofrimento das exaustivas rotinas as quais enfermos estão submetidos no ambiente hospitalar, sendo estes acolhidos com amor e alegria.
MATERIAL E MÉTODO: As visitas acontecem nas enfermarias pediátricas três vezes por semana. Para assegurar a qualidade de suas intervenções, os "Contagiantes" passaram por um treinamento de dois meses e após serem aprovados, foram admitidos na equipe.
RESULTADOS: É muito gratificante despertar o sorriso dessas crianças através de brincadeiras, músicas, contos de histórias e fantasias infantis. Mais que maquiagem, roupas coloridas e o inconfundível nariz vermelho, é preciso uma boa dose de sensibilidade para encantar multidões. Pode-se perceber que a gratidão não vem apenas das crianças, mas também dos pais e dos próprios profissionais de saúde. É possível notar uma melhora no quadro geral das crianças, que ficam mais dispostas, animadas e apresentam menor resistência ao tratamento. Os resultados não ficam restritos àqueles assistidos na intervenção, mas também a seus intérpretes, sendo estes beneficamente impactados, relatando sensações de bem estar após realizar este trabalho voluntário.
CONCLUSÃO O trabalho realizado tem obtido respostas muito positivas ao tornar o ambiente hospitalar um lugar mais descontraído para as crianças e profissionais de saúde. Para o acadêmico, ele se torna uma oportunidade única e diferenciada em que estes futuros médicos vivenciem de forma privilegiada a relação médico-paciente.
Responsável
ISABELA RAIMUNDO PARANHOS
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):56.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O uso de drogas na gestação consiste em um grave fator preditivo negativo na evolução da gravidez e no desenvolvimento orgânico e psicomotor do feto. Sua prevalência está em torno de 15 a 20% das mulheres grávidas, e grande parte deste percentual resulta em condições desfavorecidas e doenças variadas à criança.
OBJETIVO: Considerar os prejuízos prospectivos observados em crianças expostas a drogas no período pré-natal.
MATERIAL E MÉTODO: Foi realizado levantamento bibliográfico de artigos publicados até o ano de 2013 e, posteriormente, revisão de literatura abordando os principais efeitos cognitivos e psicológicos observados em crianças após o abuso das principais drogas consumidas por gestantes.
RESULTADOS: Foram observados modificações na função dos neurotransmissores, alterações neuroquímicas e prejuízos na estrutura e funcionamento do sistema nervoso. Estudos longitudinais realizados por Singer (2002) e Covington (2002) identificaram um risco significativamente maior de ocorrência de retardo mental aos dois anos de idade em relação à população geral, com efeitos neuro-comportamentais e prejuízos no aprendizado, memória e comportamento devidoao comprometimento de funções executivas. Sintomas como agitação, irritabilidade, tremores, sugar excessivo e choro agudo podem ser identificados no recém-nascido. Verificou-se dificuldade na verbalização até o 2° ano de vida e diminuição da vocalização e da iniciativa em pré-escolares. Observa-se que essas crianças possuem déficits motores e cognitivos, dificuldades no raciocínio matemático, na adaptação de mudanças ambientais, fazem menos perguntas, são mais agressivas, deprimidas e possuem menor auto-controle e capacidade de interagir.
CONCLUSÃO Pode-se concluir que as consequências do uso de drogas na gravidez não devem ser avaliadas apenas no recém-nascido. Muitos prejuízos podem ser observados somente ao longo do desenvolvimento físico, motor, intelectual e social da criança, englobando uma ampla faixa etária. Esses danos compõem um problema de saúde pública aos quais profissionais de saúde devem estar atentos a reconhecer, tratar e prevenir quando possível.
Responsável
ISABELA RAIMUNDO PARANHOS
Cabral, F.S.; Batista, L.R.; Souza, P.R.; Henney, D.R.; Rico, T.R.F.; Ferreira, J.P.Q.; Lima, G.M.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):57.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: As crianças são mais suscetíveis à hanseníase e contraem a doença, geralmente, a partir de um familiar infectado, após longo período de intensiva exposição à grande carga bacilar.
OBJETIVO: Ressaltar características clínicas da hanseníase em menores de 15 anos, residentes no Estado do Rio de Janeiro, no período de 2001 a 2012.
MATERIAL E MÉTODO: Estudo descritivo realizado com base nos dados do Sistema de Informação e Agravos de Notificação (SINAN) para o Estado do Rio de Janeiro, obtidos na página do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) no período de 2001 a 2012.
RESULTADOS: A hanseníase infantil correspondeu a 6,4% dos casos notificados (30.564) no período, variando de 7,3% (3.089) em 2001 a 5,9% (1.727) em 2012. A forma tuberculóide, característica de pessoas com alta resistência ao bacilo, foi observada em a 45,3% dos casos diagnosticados no período (1.952), alcançando mais de 50% dos casos em crianças em 2012 (97). Já a forma indeterminada, que é a mais esperada em crianças, por ser um estágio inicial e transitório cuja resposta imune ainda não foi definida diante do bacilo, ocorreu em apenas 25% dos casos. A forma mais grave, a Virchowiana, que pode cursar com dormência de pés e mãos, nódulos na pele, edema e comprometimento dos órgãos internos, representou 5,9% dos casos de menores de 15 anos diagnosticados no período e 24,5% das notificações apresentou a forma multibacilar, indicando a força de transmissão da doença com contato precoce ao bacilo. Adicionalmente, 2,6% (51) apresentaram incapacidade grau II no diagnóstico.
CONCLUSÃO Ressalta-se por frequência nos dados observados, a forma tuberculóide. Apesar de incomum a ocorrência de incapacidades em crianças, a precocidade do adoecimento pode contribuir para potenciais deformidades.
Responsável
ISABELA REIS GIRIANELLI
Osório, L.E.M.V.; Braga, T.P.C.; Ribeiro, A.L.; Dantas, A.B.L.; da Silva, J.P.; Pacheco, M.C.; Januzzizequi, S.; Beserra, I.C.R.; de Azevedo C.E.S.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):58.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: As Ligas Acadêmicas representam ótimo exemplo de protagonismo juvenil, sendo orientadas por docentes, dentro da realidade educativa e universitária. Nesse contexto, se insere a LAPed UFRJ, que foi formada no segundo semestre de 2009 e iniciou suas atividades no primeiro semestre de 2010. As atividades da LAPed UFRJ consistem de: aulas teóricas semanais ministradas por especialistas de excelência, atividades práticas nos hospitais da UFRJ (Instituto de Pediatria e Maternidade Escola), pesquisa científica e atividades de extensão.
OBJETIVO: Descrever o funcionamento, as principais facilidades e dificuldades, bem como pontos positivos e negativos da LAPed UFRJ e avaliar o perfil dos alunos nos cinco anos de funcionamento.
MATERIAL E MÉTODO: Estudo descritivo. Foram utilizados como ferramentas de coleta de dados as fichas de inscrição dos alunos, as listas de presença de cada semestre e questionários de avaliação discente.
RESULTADOS: As dificuldades encontradas foram: os critérios de inscrição e seleção dos membros, a instalação de atividades práticas e o seu controle de frequência, assim como a conclusão de projetos científicos. Como pontos positivos, destacam-se o enorme apoio dos docentes do Departamento de Pediatria, o ambiente físico favorável e a força de vontade dos integrantes da LAPed. Nas duas primeiras turmas a procura da LAPed foi maior por alunos de períodos avançados do Curso de Medicina e com interesse específico na área da pediatria. Nas turmas mais recentes aumentou o número de alunos de períodos iniciais do curso e com interesse não só em pediatria, mas também em outras áreas médicas.
CONCLUSÃO Não obstante a existência de obstáculos, com o apoio dos docentes e com a determinação e esforço dos integrantes da Liga, a LAPed UFRJ tem conquistado um número de alunos cada vez maior, com o destacado interesse do alunado de períodos iniciais do curso de medicina.
Responsável
IZABEL CALLAND RICARTE BESERRA
Domingues, G.C.; Guedes-Júnior, I.A.; Kliemann, R.; Pascolat, G.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):59.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A principal causa de mortalidade infantil é a prematuridade. De todos os recém-nascidos, cerca de 3% precisam de cuidados intensivos e cerca de 1% nasce com menos de 1500 gramas (sendo a mortalidade neonatal desproporcionalmente comum neste grupo).
OBJETIVO: Descrever o perfil epidemiológico dos recém-nascidos admitidos na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba (HUEC), analisando o valor preditivo de idade gestacional (IG), via de parto (VP), peso ao nascimento (PN) e escala APGAR no 5º minuto (APGAR 5') em relação ao tempo de internamento na UTIN.
MATERIAL E MÉTODO: Realizado estudo transversal observacional analítico retrospectivo com 365 pacientes com critérios de inclusão. Os dados foram coletados de prontuários eletrônicos da UTIN-HUEC referentes ao período de 1º de janeiro a 15 de dezembro de 2013. Testes ANOVA avaliaram as médias de dias de internamento na UTIN conforme PN; testes t de Student avaliaram as médias conforme IG, VP e APGAR 5'.
RESULTADOS: Dos 365 recém-nascidos avaliados: 213 (58%) eram do sexo masculino; 56 (15%) apresentaram peso ao nascimento igual ou menor que 1499 gramas; 57 (16%) eram pré-termos; 191 (52%) nasceram via vaginal; e 41(11%) apresentaram APGAR 5' igual ou menor que 7. Apenas o fator peso ao nascimento mostrou-se significativo para predizer o tempo de internamento, com um valor de p<0,001. Os fatores IG, VP, e APGAR 5' não apresentaram significância estatística, com valores de p=0,14, p=0,32 e p=0,45, respectivamente.
CONCLUSÃO O presente estudo demonstrou uma relação direta entre o PN e o tempo de internamento na UTIN, sendo, portanto, extremamente útil na estimativa do tempo de internamento.
Responsável
JOÃO ADOLFO OSWALD SCHARAN
Vitor, J.M.G; araújo, P.A; Geisel, N.R; Silva, C.T.F; Soffe, B.A.C
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):60.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A doença de Kawasaki (DK) é uma vasculite que acomete vasos de pequeno e médio calibres, sendo a principal causa de cardiopatia adquirida na infância nos países desenvolvidos.
OBJETIVO: Mostrar a importância do tratamento precoce e acompanhamento dos pacientes com diagnóstico de DK.
MATERIAL E MÉTODO: M.A.S, 8 meses, sexo masculino, internado com Histórico de febre alta (7º dia) e exantema maculopapular generalizado. Apresentava-se irritado, com fácies de sofrimento agudo, hiperemia labial e conjuntival, discreto exantema generalizado, eritema palmar bilateral e febre alta. Como apresentava cinco critérios para DK, foram iniciadas Imunoglobulina e Aspirina em dose anti-inflamatória resultando no desaparecimento da febre e na melhora do estado geral, evoluindo posteriormente com descamação de mãos e pés. Após a realização de um Ecocardiograma, foi evidenciado dilatação no óstio da coronária esquerda. Recebeu alta no 9º dia de internação e, como mantinha provas de atividade inflamatórias elevadas, optou-se pela manutenção da Aspirina em dose anti-inflamatória, que foi posteriormente reduzida para dose antiagregante plaquetária, após normalização laboratorial. Manteve-se acompanhamento na Reumatologia e Cardiologia pediátricas, com realização de ecocardiogramas sequenciais e, nove meses após o diagnóstico de DK, observou-se a regressão do aneurisma de coronária.
RESULTADOS: A DK é uma doença aguda que apresenta evolução benigna e autolimitada, com exceção das alterações cardíacas que podem ser permanentes e progressivas. No entanto, cerca de 50% dos aneurismas regridem dentro de 1 a 2 anos, atentando para o tratamento adequado na fase aguda, manutenção do uso de aspirina e seguimento a longo prazo de todas as crianças.
CONCLUSÃO Este relato objetiva destacar a importância do seguimento rigoroso dos pacientes que tiveram diagnóstico de DK, sendo recomendado o acompanhamento cuidadoso desses pacientes, mesmo daqueles que não tiveram diagnóstico de aneurismas, pois existe a possibilidade de persistirem com alguma disfunção endotelial e risco de aterosclerose prematura.
Responsável
JÚLIA MARIA GOMES VITOR
Takano, O.A.; Nadaf, M.I.V.; Lima, L.; Zaitune, M.A.; Sandrin, C.E.O.G.; Torres, F.V.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):61.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A sífilis congênita (SC) é o resultado da disseminação do espiroqueta no feto, via placentária, da gestante infectada não-tratada, ou inadequadamente tratada para o seu concepto.
OBJETIVO: Descrever sinais e sintomas de um caso precoce de SC.
MATERIAL E MÉTODO: Tercigesta, 21 anos, com partos normais e saudáveis, realizou 7 consultas de pré-natal, sorologias com 28 semanas demonstrando VDRL positivo com titulação de 1/8. No parto foi realizado teste rápido de HIV que apresentou não reagente não e VDRL materno de 1:64, sem tratamento prévio. O RN com VDRL no sangue periférico de 1/64. O pré- termo foi de 36 semanas e 5 dias, parto normal, APGAR 7 e 8, Peso de nascimento: 2.135 g, comprimento: 43 cm, Perímetro Cefálico: 30 cm, perímetro torácico: 28 cm e perímetro abdominal: 29 cm. Palidez cutâneo-mucosa, cianose de extremidades, petéquias em face e tronco, sufusões hemorrágicas em transição de palato duro e mole, sem outros sangramentos evidentes, hepatimetria de 9 cm e baço a 4 cm do rebordo costal esquerdo. Genitália feminina com lesão de aspecto granuloso, consistência firme. Recebeu suporte intensivo neonatal e tratamento com penicilina cristalina. Apresentou hipoglicemia sintomática, hemorragia digestiva alta e cor anêmico. O exames revelaram anemia, leucocitose com predomínio de linfócitos, presença de atipia e plaquetopenia severa e proteína Creativa aumentada. Com 28 dias de vida VDRL sangue periférico 1/4 negativo no líquor.
RESULTADOS: Na SC precoce sintomática as lesões de pele com sufusões hemorrágicas variadas, descamação palmo plantar e condiloma plano peri orificial são comumente descritas, bem como a hepatomegalia isolada ou associada a esplenomegalia, a prematuridade e o baixo peso.
CONCLUSÃO A soroprevalência de Treponema pallidum entre as gestantes brasileiras é elevada, sendo a implementação de realização da testagem por ocasião do parto imperiosa na detecção de casos não abordados durante o pré-natal.
Responsável
KALLYNA BARBOSA RACOSKI
Meyer, V.M.C.; Cleto, T.L.; Mello, M.E.R.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):62.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A sífilis é uma doença ainda comum no Brasil, que apresenta uma gama de apresentações, dentre elas neurológicas, cardiológicas, renais, cutâneas, esqueléticas.
OBJETIVO: Discutir o diagnóstico de um raro caso de síndrome nefrótica secundária a lues adquirida em adolescente.
MATERIAL E MÉTODO: Adolescente do sexo feminino, 12 anos, encaminhada da Unidade de Pronto Atendimento do município do Rio de Janeiro ao Hospital Universitário Pedro Ernesto, apresentando há uma semana quadro de epigastralgia, edema periorbitário que evoluiu para anasarca, aparecimento de lesões maculopapulares hiperemiadas e pruriginosas em membros superiores, tronco e membros inferiores, além de adinamia sem febre. Seu exame de sumário de urina revelava proteinúria 4+, além de hematúria 1+. Exames laboratoriais revelavam hipoalbuminemia, além de hipertrigliceridemia, preenchendo critério para síndrome nefrótica. A pesquisa de sorologias se mostrou positiva para sífilis (TPHA positivo e VDRL 1:64) e outras causas infecciosas foram descartadas, fechando o quadro como sífilis secundária com acometimento cutâneo e renal. Foi feito o tratamento com Penicilina Benzatina e rapidamente houve resolução completa do quadro.
RESULTADOS: A manifestação renal mais frequente relacionada à sífilis é a proteinúria isolada. Casos de síndrome nefrótica não são comumente observados na faixa etária dos adolescentes, e poucas vezes estão associados à sífilis. E na maioria dos casos, o uso da Penicilina Benzatina causa resolução completa do quadro, sendo que alguns casos, essa resolução pode ocorrer de forma espontânea.
CONCLUSÃO A vasta amplitude de sintomas que podem ser causadas pela sífilis muitas vezes dificultam ou postergam sua suspeita e diagnóstico. Este caso, apesar de incomum, reforça como, é necessário lembrar da sífilis e de outras doenças infecciosas como causa de síndrome nefrótica na adolescência.
Responsável
KARINE BAHRI DE OLIVEIRA PENNA
Trevisan, P.L.; Kiatkoski, K.C.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):63.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: PLEVA é uma dermatose rara de etiologia desconhecida, com predomínio na infância. Caracteriza-se inicialmente por lesões papulares que evoluem rapidamente para pseudovesículas com necrose central e que podem causar ou causam cicatrizes varioliformes.
OBJETIVO: Este trabalho tem como objetivo descrever a ocorrência desse evento num escolar e sua evolução clínica.
MATERIAL E MÉTODO: E.F.L., escolar, 9 anos, previamente hígido, deu entrada no SPA com lesões de pele em todo corpo, do tipo pápulas semelhantes a picada de mosquito, inicialmente tratadas como escabiose sem melhora do quadro. No momento da admissão havia, além de pápulas , bolhas e algumas crostas, com conteúdo purulento. Foi solicitado parecer da dermatologia que não estabeleceu diagnóstico para o quadro, e prescreveu cefalexina e pasta d'água. Com piora do aspecto das lesões o paciente retornou ao ambulatório onde foi levantada hipótese diagnóstica de PLEVA e prescrito medicamento tópico e antialérgico. Dez dias depois, apresentou febre e infecção cutânea secundária, então optou-se pela internação hospitalar para melhor investigação do quadro. A partir daí, foi iniciado tratamento com Amoxicilina com Clavulanato, o que foi substituido por sulfametozaxol com trimetropin cinco dias depois, desencadeando melhora significativa das lesões.
RESULTADOS: Resultado da biópsia compatível com psoríase e ptiríase liquenoide aguda. Demais exames laboratoriais sem alterações.
CONCLUSÃO Esta enfermidade, também denominada de Doença de Mucha-Habbermann, sugere ser uma resposta imune atípica em indivíduos suscetíveis a certos antígenos, como agentes infecciosos e drogas ou desordem linfoproliferativa que podem associá-la com linfomas de células T, doença de Hodgkin e outros linfomas. Os principais diagnósticos diferenciais são papulose linfomatóide, erupção por uso de algumas substancias químicas, reação a artrópodes, vasculite cutânea ou varicela. Não existe protocolo terapêutico, podendo ser usado antimicrobianos orais pelo seu efeito modulador, cortícóides tópicos, fototoerapia e, em casos mais severos, corticóides sistêmicos e metrotexate.
Responsável
KELLY CRISTINE KIATKOSKI
Elias, M.R.; Martins, M.D.L.; Sales, T.S.; Oliveira, P.T.S.; Bouças, S.D.S.; Rabelo, D.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):64.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A hemofilia é uma doença hemorrágica congênita caracterizada pela deficiência de um fator de coagulação. Na hemofilia A ocorre deficiência de fator VIII e na hemofilia B, do fator IX. É uma doença ligada ao sexo e de caráter recessivo. Consequentemente, ocorre uma redução da formação de trombina, essencial para coagulação no sangue.
OBJETIVO: Ressaltar a importância da investigação para distúrbios da coagulação em pacientes com história de sangramento persistente.
MATERIAL E MÉTODO: Pré-escolar, 4 anos, sexo masculino, história de trauma direto na língua. O paciente foi inicialmente tratado com medidas locais pela mãe e , como não houve melhora do quadro, procurou um dentista que realizou uma limpeza local e fez uso de cefalexina domiciliar. Após persistência dos sintomas deu entrada no HEAPN com sangramento e hematoma na língua, onde foi realizado desbridamento e hemostasia local pelo serviço de buco-maxilo. Após melhora, recebeu alta. Dois dias depois o paciente retornou ao hospital com aumento do hematoma lingual, necessitando da realização de dois novos desbridamentos e iniciado investigação laboratorial. Resultados significativos: Fator VIII- 4.4% e tempo de trombina diminuído. O paciente foi tratado por 14 dias com Amoxicilina e Clavulanato e 6 dias de Ácido Trenexâmico. Evoluiu bem, seguiu em acompanhamento no Hemorio, onde disponibilizrão fator VIII sempre que houver sangramento.
RESULTADOS: Segundo Nelson, hemofilia ocorre em aproximadamente 1/5000 homens, com 85% de deficiência de fator VIII e 10 a 15% de deficiência de fator IX,. A gravidade da hemofilia A é classificada com nível basal de fator VIII do paciente, no caso paciente apresenta hemofilia A moderada, geralmente requerem trauma leve para induzirem sangramento. O paciente tem história de hematomas com facilidade e não apresenta familiares com história hemorrágica isso ocorre em 1/3 dos pacientes com hemofilia, caracterizando-se novas mutações.
CONCLUSÃO Importante ressaltar a suspeita e investigação de distúrbios de coagulação em pacientes com sangramento persistente, mesmo após medidas locais e desbridamento. Após diagnóstico, seguir acompanhamento em um centro especializado.
Responsável
LAÍS CRISTINA MENDONÇA ALMEIDA
Orofino DHG; Goldenzon, A.V.; Costa, L.S.; Vieira, F.S.; Barbosa, A.N.; Soares, R.L.; Pinto, G.N.L.; Soeiro, P.G.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):65-66.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Implantada em 2005 pelo Ministério da Saúde, a Caderneta de Saúde da Criança (CSC) reúne os mais importantes e significativos registros promovendo a vigilância integral à saúde infantil. É nas maternidades e na atenção primária que o adequado manejo deste instrumento constitui-se permanente desafio, por serem locais onde grande parte das informações são geradas. O registro correto e completo das informações e o diálogo com a família sobre as anotações são requisitos para que a CSC cumpra seu papel de instrumento de comunicação, educação, vigilância e promoção da saúde infantil. A utilização adequada possibilita a valorização e a apropriação da CSC pela família, além de revelar a qualidade do funcionamento dos serviços e o desempenho de seus profissionais.
OBJETIVO: Verificar se a CSC está sendo preenchida pelos profissionais que fazem o atendimento das crianças de acordo com o preconizado pelo Ministério da Saúde(MS). Avaliar se a CSC está sendo apresentada aos responsáveis pelas crianças em algum momento do contato entre a família e as equipes de saúde. Avaliar se as crianças estão realizando o numero de consultas preconizadas pelo MS.
MATERIAL E MÉTODO: Estudo transversal de verificação de anotações nas CSC dos pacientes internados nas enfermarias do Hospital Municipal Jesus (RJ) nos seguintes tópicos: dados do pré-natal, parto e pós natal, anotações nas consultas de dados antropométricos, desenvolvimento neuropsicomotor, época de desmame, orientações alimentares, uso de sulfato ferroso, intercorrências. Verificar se o número de consultas de puericultura realizadas era o preconizado pelo Ministério da Saúde e onde essas consultas foram realizadas (posto de saúde, clínicas de família, hospitais, consultórios), por quais profissionais (pediatras, enfermeiros, médicos de família) e se havia diferença no preenchimento entres esses profissionais.
RESULTADOS: Foram verificadas 79 CSC. 32% dos pacientes haviam nascido em outros municípios, 21,4% dos responsáveis afirmaram ter recebido alguma orientação sobre a CSC: na Maternidade ( 15%), no Posto de Saúde (3,8%), na Clínica de Família (1,3%) e consultório particular (1,3%). Nenhuma CSC estava completa e nenhuma criança havia realizado o número adequado de consultas para sua idade. Em 7,5% das CSC haviam dados completos sobre o pré natal,43% sobre o parto e 40% sobre o pós parto. Dos dados referentes às consultas, havia alguma anotação de peso e estatura em 69% das CSC, desenvolvimento neuropsicomotor em 8,8%, anotação de intercorrências em 7,6%, relato de uso de sulfato ferroso em 3,8% e de orientação alimentar em 3,8%. Em nenhuma CSC havia anotação sobre época do desmame. Das duas crianças atendidas em consultório particular, apenas 1 CSC tinha anotação de peso e estatura e a outra,nenhuma anotação. Não foi possível fazer correlações estatísticas entre pacientes atendidos por pediatras, médicos de família e enfermeiros devido a falta de informações nas CSC.
CONCLUSÃO O estudo sugere que a CSC não esteja sendo utilizada com a função de promover a saúde infantil, como foi preconizado no momento em que foi lançada. Um possível viés desse estudo é o fato dele ter sido realizado com pacientes internados e o adoecimento pode estar relacionado a uma menor vigilância em saúde infantil. Para esclarecer com que frequência o descaso com a utilização das CSC se estende nos serviços de saúde é necessário que se promova um estudo maior de verificação da correta utilização desse instrumento em crianças que não estejam doentes, por exemplo,durante campanhas de vacinação e que haja empenho das Escolas de Medicina e dos Hospitais com programas de Residência Médica em Pediatria, na ênfase ao treinamento dos estudantes e pediatras quanto a importância do correto preenchimento desse instrumento de promoção de saúde infantil.
Responsável
LARISSA SOUTELLINHO DA COSTA
Sias, S.M.A.; Franco, C.L.; Firme, L.H.C.; Lombardi, P.I.M.L.; Luz, C.A.; Oliveira, V.F.; Lucas, M.G.O.; Pinto, A.L.B.L.F.; Vasconcellos, C.C.A.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):67.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A Tuberculose é uma doença endêmica de países em desenvolvimento. No Brasil, estima-se que 15% dos casos ocorram em menores de 15 anos. Aproximadamente 80% das formas pulmonares não tem confirmação bacteriológica. A dificuldade em coletar escarro na criança e a escassez de bacilos dificultam o diagnóstico. Atualmente, utiliza-se uma tabela de pontuação que avalia dados clínicos, epidemiológicos, (história de contato com adulto bacilífero), teste tuberculínico, estado nutricional e radiografia alterada apesar da antibioticoterapia, indicando ou não o tratamento específico.
OBJETIVO: Relatar a importância da broncoscopia em detectar alterações específicas na árvore traqueobrônquica e/ou isolar o microorganismo na secreção ou no lavado broncoalveolar, contribuindo para o diagnóstico.
MATERIAL E MÉTODO: D.O.S., 5 meses, sexo masculino, branco, apresentando febre, dispneia e tosse produtiva. Foi diagnosticado pneumonia na emergência e indicado internação. Após 8 dias de Cefepima sem melhora (uso prévio de Ampicilina e Amoxicilina + Clavulanato), foi transferido ao Hospital Universitário com relato de três amostras de escarro BAAR negativo e PPD não reator. Pai em tratamento ambulatorial para tuberculose. Na admissão, apresentou-se bom estado geral, taquipneia, sibilos difusos e estertoração subcrepitante em hemitórax direito. À radiografia, manteve hipotransparência em 1/3 superior do hemitórax direito. TCAR de tórax com redução volumétrica do pulmão e consolidação em lobo superior direito, com desvio ipsilateral do mediastino. Exames laboratoriais sem alterações significativas. A broncoscopia mostrou protrusão granulomatosa em parede medial do brônquio lobar superior direito e identificado bacilo de Koch ao exame direto e cultura. Iniciado esquema RIP com melhora evolutiva e acompanhamento ambulatorial.
RESULTADOS: Diante do diagnóstico, ressalta-se a broncoscopia como ferramenta auxiliar no diagnóstico pulmonar na criança pela possibilidade de identificação do microorganismo e pela visualização direta das lesões brônquicas.
CONCLUSÃO A Tuberculose deve sempre ser lembrada nos casos de pneumonia e atelectasia refratária à antimicrobianos usuais e que apresentem discrepância entre os dados clínicos e radiológicos
Responsável
LAURA CRISTINA MACHADO RIBEIRO DE SOUZA
Almeida, N.M.R.; Carvalho, B.W.; Vieira, M.G.; Carvalho, L.S.; Fonseca, S.C.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):68.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A prematuridade é fator relevante associado à mortalidade neonatal. A qualidade da informação sobre idade gestacional é importante para dimensionar a real magnitude do problema. No Brasil tem havido aumento da prematuridade, com diferenças na prevalência quando relacionados dados do SINASC com dados primários. Estimou-se a prevalência nacional de 11-12%, enquanto no SINASC o relato foi de 6-7%.
OBJETIVO: Estudar a prevalência de prematuridade em maternidades públicas do Rio de Janeiro e Niterói, comparada aos dados do SINASC.
MATERIAL E MÉTODO: Estudo transversal em duas maternidades do SUS (Niterói e Rio de Janeiro), em 2011. A coleta foi feita por entrevistas, cartões de pré-natal e prontuários médicos. O banco de dados foi relacionado ao SINASC, para as mesmas crianças. A melhor estimativa da Idade Gestacional (IG) foi calculada na pesquisa por um algoritmo validado na literatura e comparada com a IG do SINASC. Os dados foram analisados pelo pacote estatístico SPSS®, versão 17.
RESULTADOS: Houve 1.782 nascidos vivos, com 13,7% de prematuros, 10% entre 34 e 36 semanas e 3,7% <34 semanas, segundo o algoritmo,.No SINASC , no entanto, esta prevalência foi de 10,5%. A maior diferença foi para a idade gestacional de 36 semanas: 3,7% no SINASC e 5,1% pela pesquisa. O SINASC subestimou RN pré-termo e superestimou pós-termo. Comparados aos bebês a termo, os RN entre 34-36 semanas foram mais frequentes em adolescentes, nas mulheres negras e com pré-natal inadequado. A mortalidade neonatal foi 1- nascidos vivos nos RN a termo e 17- nos RN entre 34 e 36 semanas.
CONCLUSÃO A subestimativa de prematuridade do SINASC foi elevada talvez devido a maior acurácia do método de avaliação utilizado no estudo, e as diferenças concentradas nos bebês de 34 a 36 semanas, grupo com grande risco de morbimortalidade. Deve ser valorizada a informação adequada sobre IG na declaração de nascido vivo, para utilização em estudos perinatais.
Responsável
LETÍCIA MARINHO DE OLIVEIRA
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):69.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A Bronquiolite Obliterante (BO) é uma síndrome clínica caracterizada pela obstrução crônica das pequenas vias aéreas. Várias causas desta enfermidade já foram descritas, sendo as mais comuns as de etiologia viral. O presente trabalho é um relato do caso de um paciente de 5 anos de idade diagnosticado com tal patologia e tratado pela Pneumologia Pediátrica.
OBJETIVO: O paciente deste relato apresentou infecções respiratórias de repetição desde o seu nascimento. Além das manifestações clínicas de caráter crônico, como baixo ganho ponderal, apresentou achados radiológicos, tomográficos e cintilográficos compatíveis com quadro de Bronquiolite Obliterante Pós-Infecciosa. Acompanhado desde 2013 pela Pneumologia Pediátrica, apresentou melhora expressiva de sua sintomatologia com o uso de corticoide oral, associado à broncodilatador beta 2 agonista oral e de corticoide inalatório
MATERIAL E MÉTODO: Uma breve revisão da escassa literatura sobre essa patologia revela que seu diagnóstico é baseado em critérios clínico-tomográficos. Clinicamente observam-se sintomas respiratórios que reaparecem após melhora inicial do quadro infeccioso de vias aéreas. A Radiografia de tórax pode mostrar poucos sinais específicos, sendo observadas áreas de espessamento peribrônquico. Na TC de tórax observa-se a perfusão em mosaico. Na Cintilografia, as alterações são inespecíficas, mas valiosas na avaliação da extensão e da gravidade do quadro. O tratamento consiste em medidas de suporte normalmente associadas ao uso de corticoterapia contínua ou em pulsoterapia broncodilatadores e antibioticoterapia, nos casos de agudização do quadro.
RESULTADOS: O tratamento da BO ainda não foi estabelecido universalmente. Faltam estudos para definir o papel dos corticoides, bem como sua capacidade de impedir a progressão da doença. Os broncodilatadores têm indicação empírica e não têm seu uso bem definido.
CONCLUSÃO Não existe consenso sobre o período de uso, a forma de administração, bem como evidências sobre resultados da terapia com corticoides inalatórios ou sistêmicos, sendo fundamentais relatos de casos com tratamento eficaz para construção de futuros protocolos.
Responsável
LIGIA OLIVEIRA DE ALMEIDA
Santos, L.P.B.; Soares, V.K.; Guerra, I.P.; Soares, M.V.; Cestari, A.B.C.S.S.; Souza, L.C.M.R.; Arbex, M.B.B.; Simoes, P.F.; Fernandes, R.B.A.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):70.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Neoplasias de nasofaringe são raras na pediatria, porém graves. Caracterizam-se por sinais e sintomas inespecíficos, semelhantes a quadros infecciosos e alérgicos. O diagnóstico deve ser suspeitado na presença de linfonodomegalias cervicais uni ou bilaterais com características metastaticas ou refratárias à antibioticoterapia.
OBJETIVO: Alertar quanto ao raciocínio diagnóstico frente a massas cervicais.
MATERIAL E MÉTODO: T.V.F.S., sexo feminino, nove anos, previamente hígida, apresenta há 40 dias cefaléia, adinamia, anorexia e tumoração cervical bilateral, endurecida e dolorosa, de tamanho progressivo, refratária à antibioticoterapia. Ao exame: BEG, corada, afebril, obstrução nasal e roncos noturnos. Massa cervical posterior bilateral, aderida e pétrea, 4cm à direita e 2cm à esquerda, discreta dor à palpação, sem sinais flogísticos. Sem demais alterações. Hemograma normal, PCR e VHS discretamente aumentadas. Sorologias para TORCH e HIV negativas, PPD não reator. Videolaringoscopia: vegetações adenoideanas aumentadas, obstruindo 80% da via aérea. Tomografia cervical: Formação expansiva em parede retrofaríngea posterior invadindo seio esfenoidal, acentuada redução das colunas aéreas da naso e orofaringe. Biópsia: Carcinoma escamoso pouco diferenciado em tecido fibroso. Encaminhada ao INCA para quimiorradioterapia.
RESULTADOS: O carcinoma nasofaríngeo é uma neoplasia maligna epitelial correspondente a menos de 1% dos tumores em menores de 20 anos, todavia, porém, representa 1/3 das neoplasias nasofaríngeas nesta faixa etária. Frequentemente assintomático até surgirem metástases ganglionares cervicais, despertando atenção. Pode cursar com febre obscura, cefaléia, epistaxe, obstrução nasal, perda ponderal e hipoacusia. Diagnóstico é confirmado com PAAF de linfonodos cervicais e biópsia do tumor primário ou linfonodo metastático, geralmente em estágio avançado. O tratamento baseia-se em radioterapia e cirurgia e, nos casos avançados, quimioterapia concomitante. Diagnósticos diferenciais incluem adenopatias inflamatórias e infecciosas e malformações linfáticas e vasculares.
CONCLUSÃO Hipertrofia adenoideana está frequentemente associada à linfadenopatia cervical em crianças, dificultando o diagnóstico de carcinoma. Apesar de raro, deve ser suspeitado diante de massa cervical refratária à antibioticoterapia para tratamento precoce.
Responsável
LIVIA HONORATO COSTA FIRME
Guerra, I.P.; Firme, L.H.C.; Souza, L.C.M.R.; Arbex, M.B.B.; Simoes, P.F.; Fernandes, R.B.A.; Soares, V.K.; Oliveira, V.F.; Navi, N.P.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):71.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A Doença de Hirschprung (DH) caracteriza-se pela ausência de células ganglionares no plexo submucoso e mioentérico, em variadas porções do intestino, sendo causa relativamente comum de obstrução intestinal em neonatos e megacólon em crianças e adultos. Sua incidência é de cerca de 1/5000 nascidos vivos e acomete predominantemente o sexo masculino na razão de 4/1.
OBJETIVO: Alertar o pediatra quanto ao diagnóstico tardio desta doença e suas possíveis consequências.
MATERIAL E MÉTODO: Paciente do sexo feminino, 11 anos, branca, emagrecida (IMC = 14,5 kg/ m2), com queixa de constipação crônica, palidez e distensão abdominal. História de internação prévia com quadro clínico semelhante e duas hemotransfusões. Ao exame físico, apresentava-se em anasarca, hipocorada, com distensão abdominal e massa móvel palpável em FID. Exames laboratoriais evidenciaram anemia microcítica e hipocrômica (HB:5,7 g/dl; HT: 24,1 %; VCM: 59,2 mm3; HCM:14,0 pg) e hipoalbuminemia (1,95 g/dl). Realizou-se enema opaco sem preparo observando-se segmento proximal distendido (megacólon) e estreitamento da área de transição. A Biópsia de mucosa retal confirmou ausência de células ganglionares. A laparotomia foi realizada para ressecção do segmento agangliônico e colostomia. Durante acompanhamento ambulatorial, em dois meses evoluiu bem, com ganho ponderal (IMC = 17,1 kg/ m2) e sem complicações pós-operatórias.
RESULTADOS: A DH também é conhecida como Megacólon Aganglionar Congênito, embora se saiba que o megacólon é uma manifestação secundária, que ocorre quando o diagnóstico é tardio, como foi no caso desta paciente.
CONCLUSÃO Cabe ao pediatra estar alerta às manifestações da doença, com a finalidade de diagnóstico e tratamento precoces, diminuindo as complicações de uma intervenção tardia, o que é fundamental para bom prognóstico do paciente.
Responsável
LIVIA HONORATO COSTA FIRME
Firme, L.H.C.; Navi, N.P.; Oliveira, V.F.; Guerra, I.P.; Simoes, P.F.; Lombardi, P.I.M.L.; Fernandes, R.B.A.; Soares, M.V.; Soares, V.K.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):72.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A esporotricose é causada pelo fungo Sporothrix Schenckii, e tem como principais fontes de infecção: felinos domésticos, vegetais e solo. Detectam-se, vez por outra, surtos epidêmicos, tal como evidenciado no sudeste brasileiro, entre 1997 e 2007, em felinos, caninos e humanos. É uma doença confundida com outras lesões de pele e isto retarda o início do tratamento.
OBJETIVO: Alertar quanto aos aspectos epidemiológicos, clínicos e preventivos desta doença.
MATERIAL E MÉTODO: J.D.C., dez anos, sexo masculino, reside em São Gonçalo - RJ. Há dois meses, iniciou lacrimejamento à esquerda e hiperemia ocular. Evolui com edema, hiperemia infraorbitária ipsilaterais e nódulos faciais, cervicais, membros superiores e inferiores. Nega febre e picadas de insetos. Foi tratado com diferentes esquemas de antibiótico, sem melhora. Internado no HUAP. Ao exame: abscesso flutuante infraorbitário à esquerda, drenagem espontânea e dor à palpação. Nódulos fibroelásticos, indolores, contorno regular, localizados em região maxilar, ângulo mandibular, antebraço esquerdo e membros inferiores. Mora em casa com quintal arborizado e convive com gatos de estimação. Hemograma completo normal, anti-HIV negativo. Biópsia de perna direita: eritema nodoso. Biópsia de lesão infraocular: Esporotricose. Paciente iniciou tratamento com Itraconazol. Mãe e irmão sob investigação.
RESULTADOS: A lesão primária da esporotricose pode ulcerar, tornando-se verrucosa, enquanto as secundárias ascendem ao longo dos linfáticos que drenam a área, ocasionando nódulos indolores que liberam secreção e ulceram. No relato, a lesão primária manifestou-se em região ocular e as secundárias apresentaram-se como nódulos subcutâneos em diferentes locais. A doença já se tornou um sério problema de saúde pública em algumas regiões do estado do Rio de Janeiro, onde mora o paciente.
CONCLUSÃO A população deve ser educada quanto aos riscos do contato íntimo com animais de estimação. A doença cutânea precisa ser investigada afim de não retardar o tratamento e é importante atentar aos surtos epidêmicos.
Responsável
LIVIA HONORATO COSTA FIRME
Câmara, G.N.P. A.; Medeiros, J.R.C.; Antunes, S.C.; Lancia, L.F.; Abrahao, N.M.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):73.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O sarampo é considerado uma das doenças infecciosas mais contagiosas do mundo (MELLO, 2014). Está entre as cinco maiores causas de morte em menores de cinco anos (AMARAL, 2004), sendo uma doença passível de controle e até mesmo de erradicação através da vacinação (MELLO, 2014).
OBJETIVO: Analisar a cobertura vacinal da tríplice viral em crianças de dois a treze anos em uma escola pública do município de Volta Redonda-RJ.
MATERIAL E MÉTODO: Foi realizada uma caracterização da amostra e coleta de dados, através da caderneta de vacinação, referente à idade e situação vacinal da tríplice viral, de 243 crianças com idade entre dois e treze anos de idade. As amostras foram divididas em dois grupos, o primeiro abrangendo as crianças maiores de quatro anos, as quais deveriam ter tomado a primeira (D1) e segunda (D2) dose da tríplice viral, e o segundo as crianças menores de quatro e maiores de um ano, que deveriam ter tomado pelo menos a primeira dose da vacina.
RESULTADOS: Das crianças analisadas no primeiro grupo, a cobertura vacinal para D1 era de 97.8%, acima da faixa de 95% preconizada para a prevenção da doença; porém abaixo da taxa de cobertura do município no ano de 2013 que foi de 105,6%. A cobertura vacinal para D2 era de 90.1%, o que está abaixo do preconizado, porém acima da taxa de cobertura do município no ano de 2013 que foi de 72,19%.
CONCLUSÃO Conclui-se que para a amostra analisada no estudo, a cobertura vacinal para D1 foi dentro do recomendado pela OMS, porém ao analisarmos a cobertura para D2 a taxa ficou abaixo da recomendada.Quando analisamos a taxa de cobertura do município no ano de 2013 verificamos uma taxa de cobertura ainda menor, colocando as crianças desse grupo em situação de risco.
Responsável
LUCAS DO CARMO REIS
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):74.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A Fibrose Cística é uma doença de herança autossômica recessiva, que atinge as glândulas exócrinas, envolvendo múltiplos órgãos de forma crônica e progressiva.
OBJETIVO: Alertar os pediatras quanto à possibilidade de Fibrose Cística em crianças que apresentam FTT.
MATERIAL E MÉTODO: D.D.P, Escolar, 5 anos, pardo, residente do município de Valença-RJ. Procurou o serviço, pois a mãe alegava que o filho não ganhava peso. Afirmou que o menor alimentava-se bem, com boa aceitação de todos os grupos alimentares. Funções fisiológicas presentes com padrão de evacuações diárias, sem alterações. Na HPP negava internações prévias ou infecções de repetição. Ao exame apresentava baixo peso (< P3) e baixa estatura (< P3). Foi iniciada dieta hipercalórica e solicitado Hemograma Completo, bioquímica ampla, TSH e T4 livre, Dosagem Ac Antitransglutaminase e Teste do Suor, com seguintes resultados: 08/04/2013 - Peso do suor: 232 / Cloreto do suor: 48 / Sódio do suor: 50 17/04/2013- MSE: Peso do suor: 166 /Cloreto do suor: 45 / Sódio do suor: 48. Os demais exames solicitados foram normais. Foi encaminhado ao serviço de referência e iniciou reposição de Enzimas Pancreáticas, em que vem apresentando aumento nas medidas antropométricas.
RESULTADOS: Apesar de ser uma doença multissistêmica, o grande número de mutações existente refere à variação no espectro clínico da doença, por vezes, com diagnóstico apenas na vida adulta.
CONCLUSÃO A apresentação atípica de Fibrose Cística, com valores limítrofes de cloro no suor, costuma ser mais difícil de diagnósticar. Estima-se que 85-90% dos pacientes com FC têm insuficiência pancreática. A manifestação mais sugestiva de disabsorção é a esteatorreia. Às vezes, os sinais clínicos de esteatorreia não são evidentes e a única manifestação de disabsorção é a dificuldade de ganho ponderal. O comprometimento nutricional é uma das manifestações iniciais mais comuns da FC, mas poucas vezes este diagnóstico é considerado quando apresenta apenas esta manifestação.
Responsável
LUCRECIA LAURENÇO COUTINHO
Santi, E.; Bastos,G.; Corrêa, L.; Nunes,R.; Monteiro,L.; Barbosa, L.; Alvim, I.; Sangalli,L.G.; Lips,T.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):75.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O câncer infanto-juvenil (CaIJ) representa cerca de 2,5% de todos os novos casos de câncer no país, sendo a segunda causa de morte nesta faixa etária. No entanto, mais de 50% chegam ao centro especializado em fase avançada e com menor possibilidade de cura.
OBJETIVO: Identificar os principais fatores que influenciam o tempo entre os primeiros sinais e sintomas, o diagnóstico e o início do tratamento do câncer infanto-juvenil. Elaborar proposta para melhorias no fluxo da assistência ao paciente com câncer infantojuvenil
MATERIAL E MÉTODO: Estudo com abordagem, qualitativa e quantitativa, de acompanhantes/responsáveis por pacientes com CaIJ, de 01 mês a 19 anos, admitidas nos Setores de Hematologia, Transplante de Medula Óssea e Oncologia pediátrica do INCA. Estudo realizado entre fevereiro de 2014 e junho de 2014, em três fases: bibliografia e elaboração de questionário, aplicação de questionário, análise de dados. O questionário foi pré-validado e incluiu características biológicas, sóciodemográficas, fatores que influenciaram o diagnóstico e tratamento e possibilitou a associação entre as características do atendimento inicial e da referência ao nível de alta complexidade.
RESULTADOS: Foram abordados 111 acompanhantes/responsáveis e 101 consentiram em participar do estudo. Foram compatíveis com a literatura, os dados biológicos, os tipos mais prevalentes e os primeiros sintomas de CaIJ. 83,2% dos pacientes tinham acompanhamento médico prévio ao diagnóstico de câncer, sendo 63,4% com Pediatra, 15,8% pelo Programa de Saúde da Família e 4% com outro especialista. Em 68,3% dos casos, foi realizado atendimento médico em que o profissional não suspeitou de câncer e destes, mais da metade (60,9%), levaram mais de um mês para um atendimento com suspeita de câncer. Para os 78/101 entrevistados que entenderam que houve atraso no diagnóstico do câncer (54%), 55% aponta a dificuldade diagnóstica do profissional de saúde como principal fator para tal, seguida de fatores como atraso na marcação de consulta (14%) e dificuldade/demora da realização da biópsia (13%).
CONCLUSÃO Existe um atraso no diagnóstico do CaIJ, o que pode ser atribuído a diversos fatores, sobretudo à falhas no atendimento inicial. São fundamentais para o controle dessa situação e o alcance de melhores resultados, ações específicas do setor de saúde, como a organização da rede de atenção e a capacitação dos profissionais envolvidos, visando oferecer uma assistência de qualidade e melhorar o prognóstico dos pacientes.
Responsável
LUIS FERNANDO DA SILVA BOUZAS
Madeira I. R.; Silva A. O. C; Medeiros N.; Bantim J.; Fortins N.; Galiza J. P
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):76.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A Liga de Pediatria UERJ (LIPED UERJ) foi fundada em 2010. Tem como base o tripé ensino, pesquisa e extensão.
OBJETIVO: Aacrescentar na formação acadêmica do aluno de medicina da UERJ.
MATERIAL E MÉTODO: A liga conta com atividades extracurriculares. Atualmente, tem sido realizados simpósios e atividades práticas, pois foi percebido que com esta estratégia, os ligantes se interessavam mais e conseguiam aproveitar melhor a liga, visto que aulas semanais não acrescentavam muito, pois nossa grade curricular de pediatria é suficiente. Por conta disso, a LIPED tem focado em atividades práticas, que possibilitem os ligantes a exercitar a atividade médica.
RESULTADOS: No último ano, a saber, 2013, foram realizados dois simpósios com temas relevantes em pediatria, com participação de cerca de 70 alunos da nossa instituição. Foram realizadas, também, práticas no ambulatório de genética, no projeto de puericultura, existente no Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), Projeto AMAR, e no Núcleo Perinatal, também no HUPE, onde os ligantes participam da rotina dos pediatras neonatologistas. Além disso, houve participação da LIPED UERJ no evento "Ligados em Saúde", realizado pelo Diretório de Ligas Universitárias de nossa instituição. Este evento é realizado na Quinta da Boa Vista, e os ligantes tem a oportunidade de colocar em prática o que aprendem durante o ano na liga, explicando sobre alimentação saudável. Mas a grande inovação foi a gravação do primeiro vídeo da série "LIPED em vídeo" que abordou o tema: Caderneta da Criança. No ano corrente, já foi realizado um simpósio sobre "Aleitamento Materno e Alimentação Saudável". Os ligantes já estão inseridos nas vivências práticas. E já está havendo o planejamento da 3ª edição do "Ligados em Saúde" e de mais um simpósio, para encerrar o ano letivo.
CONCLUSÃO A LIPED UERJ tem cumprido seu objetivo de ser uma atividade que acrescenta na formação acadêmica de nossos ligantes.
Responsável
LUMA ALCIDES BURGUINHÃO
RACOSKI, K.B.; LOUREIRO, E.C.M.; NADAF, M.I.V.; SILVA, A.G.; SANDRIN, C.E.O.G.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):77.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Dextrocardia é a má-formação cardíaca de ocorrência rara, estimada em 1/12.000 gestações, em que o maior eixo do coração encontra-se voltado à direita, não como consequência de anormalidade extracardíaca, mas como resultado de um mau posicionamento congênito.
OBJETIVO: Descrever os achados cardíacos em um caso de dextrocardia.
MATERIAL E MÉTODO: Gestante de 39 anos, secundigesta, um filho saudável de 13 anos. Realizou 7 consultas de pré natal, afastando infeções congênitas específicas, diabetes gestacional, ingestão de álcool ou drogas. A ultrassonografia morfológica de 22 semanas com dextrocardia fetal. Ecocardiograma fetal de 27 semanas interrogando tetralogia de Fallot. Cariótipo de líquido amniótico 46, XY. Parto cesareana indicado por trabalho de parto com 40 semanas associado a mecônio e malformação cardíaca fetal. Recém-nascido, sexo masculino, APGAR 8 e 8, Peso de nascimento: 3090 g, demais perímetros dentro da normalidade. Bom estado geral, evoluindo nas primeiras horas de vida com tiragem intercostal discreta, cianose central, saturação: 60%, com sopro sistólico 2+/6 em borda esternal direita. Foi realizado raio X de tórax que evidenciou dextrocardia, do tipo situs solitus. Iniciaou-se prostaglandina endovenosa, e realizou-se ecocardiograma que confirmou dextrocardia com átrio único, conexão átrio-ventricular com 2 valvas, presença de comunicação interventricular, via de saída ventricular única do tipo truncus arteriosus. Ultrassom transfontanela e abdome total foram normais.
RESULTADOS: Os defeitos de lateralidade não sindrômicos, do tipo heterotaxia, tem a dextrocardia comumente associada à outros defeitos cardíacos, dentre os quais, o truncus arteriosus, presente neste caso.
CONCLUSÃO Embora o fenótipo e cariótipo tenham sido normais, a associação do truncus arteriosus à dextrocardia implicou na necessidade de realização de cateterismo cardíaco e transferência para serviço especializado de cirurgia cardíaca, o que, em um país de distâncias continentais como o Brasil, aumenta em muito a morbimortalidade.
Responsável
MAIRA ALMEIDA ZAITUNE
Varandas, P.A.W.; Varella, C.P.; Giffoni, M.; Silva, R.A.S.; Silva, M.S.C.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):78.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A doença falciforme tem maior morbidade e complicações na infância, sendo o sequestro esplênico um índice de mortalidade de 12% no primeiro episódio e 20% no segundo episódio. As infecções virais podem precedê-las.
OBJETIVO: Relatar um caso de sequestro grave associado à dengue.
MATERIAL E MÉTODO: V.G.A, 2 anos e 4 meses, portadora de doença falciforme (Sß-tal), internada com quadro de febre há 2 dias. Encontrava-se em regular estado geral, hipocorada (2+/4+), hidratada, ACV: BNF. RR2T. SS (2+/6+) em BEE. Abdome: Fígado a 1.5cm do RCD e baço a 2.0cm do RCE. Iniciado antibioticoterapia e hidratação venosa. Radiografia de tórax normal, hemograma evidenciando leucopenia, plaquetopenia e hematócrito 30%. Coletados hemocultura, urinocultura e sorologia para Dengue. No sexto dia (1º dia sem febre) apresentou vômitos, dor abdominal, prostração, palidez cutaneomucosa acentuada, hipotensão, taquicardia e esplenomegalia com baço a 6.5 cm do RCE e fígado a 3.0 cm do RCD. Novo hemograma apresentava HT=10%; Hg=3.3 g/dl; 49.000 leucócitos; 8% bastões; 26% segmentados; 51% linfócitos; 89.000 plaquetas e 32.8% de reticulócitos. Diagnosticado sequestro esplênico sendo instituído hemotransfusão, expansão volêmica e tratamento de suporte. Criança evoluiu com estabilidade hemodinâmica e redução do baço. Sorologia para dengue IGM positiva.
RESULTADOS: Há relato na literatura, da associação deste vírus com a doença falciforme e suas formas graves, como síndrome do choque da dengue, um quadro grave com alto índice de mortalidade. Não encontramos relatos do vírus da dengue como desencadeador do seqüestro esplênico.
CONCLUSÃO É relevante o diagnóstico precoce da dengue, nos portadores de doença falciforme, por ser um fator de risco para a síndrome do choque da dengue ou para o sequestro esplênico. Nestes pacientes, devemos valorizar todas as infecções, bacterianas ou virais, e ficarmos atentos às complicações, que podem ser letais.
Responsável
MARCELA GOMES FREIRES
Valladares, M.A.B.; Carvalho, S.; Junqueira, J.C.; Coutinho, R.; Dias, F.; Sampaio, M.C.; Maia, J.; Fernandes, C.R.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):79.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A Hepatite Autoimune é uma doença crônica e progressiva com idade de aparecimento que pode variar da infância à adolescência na faixa etária pediátrica. O quadro clínico pode se confundir com o de doenças infecciosas ou pode se manifestar apenas por alterações laboratoriais.
OBJETIVO: Alertar o Pediatra para o diagnóstico provável da Hepatite Autoimune em crianças com aumento das enzimas hepáticas. O diagnóstico precoce e tratamento adequado podem evitar ou retardar a evolução para cirrose hepática.
MATERIAL E MÉTODO: G.C.S., sexo masculino, 7 anos, natural de Caxias-RJ. Dor abdominal e icterícia há 2 anos, quando foi internado por 3 dias. Exames revelaram aumento de transaminases, porém, como houve melhora da icterícia recebeu alta hospitalar sem diagnóstico. As sorologias para infecção por vírus hepatotrópicos foram negativas. Durante 2 anos mantinha sempre elevação de transaminases até 20x o valor de referência, mas assintomático. Não foram feitos outros exames de investigação diagnóstica. Encaminhado ao Ambulatório de Gastropediatria onde a investigação laboratorial revelou hipergamaglobulinemia, fator antinuclear positivo e anticorpo anti-músculo liso positivo, caracterizando hepatite autoimune tipo I. Iniciou terapêutica com corticoterapia normalizando os níveis de transaminases em 2 semanas. Posteriormente tolerou redução da corticoterapia e manteve enzimas hepáticas em níveis normais. A função hepática sempre foi normal. A histopatologia hepática foi característica de hepatite autoimune com infiltrado inflamatório linfocitário leve, mas com agressão a hepatócitos da placa limitante (hepatite de interface).
RESULTADOS: Na criança, a Hepatite Autoimune pode se apresentar clinicamente de várias formas: semelhante a uma hepatite viral; de forma insidiosa com sintomas gerais de fadiga, anorexia e cefaléia, e sem sinais de doença hepática; como hepatite fulminante e tardiamente já com sinais e sintomas referentes à cirrose hepática e hipertensão porta. O curso clínico pode ser flutuante com recaídas e remissões espontâneas o que pode contribuir para o atraso do diagnóstico.
CONCLUSÃO A Hepatite Autoimune deve fazer parte do diagnóstico diferencial clínico e laboratorial em crianças. O diagnóstico mais precoce e o tratamento adequado podem melhorar a morbimortalidade desta doença em crianças.
Responsável
MARCIA ANGÉLICA BONILHA VALLADARES
Valladares, M.A.B.; Carvalho, S.; Junqueira, J.C.; Paiva, F.T.; Coutinho, R.; Dias, F.; Sampaio, M.C.; Maia, J.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):80.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A glicogenose hepática tipo I, doença de Von Gierke, causada pela deficiência da enzima hepática glicose-6-fosfatase, acomete o fígado por deposição de glicogênio. Os episódios frequentes de hipoglicemia são um desafio para o pediatra. O diagnóstico precoce e o apoio terapêutico multidisciplinar podem garantir o sucesso na adesão ao tratamento e melhorar o prognóstico da doença em relação à sua morbidade.
OBJETIVO: Relatar um caso em criança de 10 meses, que recebeu atendimento multidisciplinar no Ambulatório de Gastropediatria, com boa adesão ao tratamento e com rápida regressão dos episódios de hipoglicemia e das alterações laboratoriais.
MATERIAL E MÉTODO: Lactente de 10 meses foi atendido com história de episódios de sudorese excessiva, palidez cutâneo-mucosa e atraso psicomotor. O exame físico mostrou grande distensão abdominal com hepatomegalia até a fossa ilíaca direita de consistência macia, ausência de esplenomegalia, fácies arredondada ("de boneca"). Os exames laboratoriais de urgência mostraram hipoglicemia, hipertrigliceridemia, hiperuricemia e elevação de enzimas hepáticas. A terapêutica nutricional foi imediatamente instituída com retirada de açúcares da alimentação e introdução de amido de milho cru regular para evitar episódios de hipoglicemia. A relação médico-paciente foi valorizada pelo entendimento da importância da colaboração da família no tratamento e do valor da terapêutica nutricional. A abordagem multidisciplinar com médico gastropediatra, médico nutrólogo, nutricionista e médico pediatra, foi importante na evolução clínica. Em 5 meses de acompanhamento houve normalização dos parâmetros laboratoriais e melhora importante do desenvolvimento psicomotor. A histopatologia hepática confirmou depósito hepatocitário de glicogênio.
RESULTADOS: A glicogenose hepática tipo I é uma doença metabólica, de herança autossômica recessiva, causada por defeito enzimático que acomete a liberação de glicose pelo fígado, tanto pela glicogenólise como pela gliconeogênese. Isto leva ao depósito hepatocitário de glicogênio e frequentes episódios de hipoglicemia que podem ser danosos ao desenvolvimento neurológico do lactente.
CONCLUSÃO O diagnóstico desta doença deve fazer parte do diagnóstico diferencial das hipoglicemias da infância
Responsável
MARCIA ANGÉLICA BONILHA VALLADARES
Coelho, C.S.; Jacques, A.D.; Olichon, B.; Lima, M.D.J.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):81.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: É incontestável que o Brasil experimenta, nos últimos anos, uma rápida transição nutricional. O aumento da prevalência de obesidade consolida-se como agravo nutricional associado a uma alta incidência de doenças crônicas na vida adulta, como diabetes e doenças cardiovasculares (Souza, 2010). Em Petrópolis, de acordo com os relatórios 2012 do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), encontramos os seguintes resultados em crianças de 5 a 10 anos no indicador IMC x Idade: sobrepeso 14,94%; obesidade 6,38%; obesidade grave 5,35% (Brasil, 2013). Diante destes indicadores, o Programa de Saúde da Criança de Petrópolis (PAISC) e a Área Técnica de Alimentação e Nutrição (ATAN) criaram uma cartilha sobre alimentação saudável para crianças.
OBJETIVO: Relatar a elaboração e a utilização da cartilha de alimentação infantil.
MATERIAL E MÉTODO: A cartilha foi elaborada durante o ano 2013, por pediatras e nutricionistas da atenção básica, abrangendo a faixa etária de 6 meses a 10 anos de idade. Seu conteúdo aborda orientações aos pais sobre alimentação saudável, explicando as dúvidas mais comuns, além de receitas acessíveis, nutritivas e com aproveitamento integral dos alimentos. As ilustrações foram exclusivas e as receitas retiradas de banco gratuito da internet. O lançamento ocorreu em abril de 2014, com a confecção de 12.500 cartilhas, distribuídas nas escolas municipais do primeiro segmento e nas unidades de saúde.
RESULTADOS: Foram realizadas capacitações de 4 horas cada, para 130 profissionais da educação e 160 profissionais da saúde com aprofundamento sobre o conteúdo da cartilha e estratégias de sua utilização pelos pais. O tema alimentação saudável está contemplado no Programa Saúde na Escola (PSE/MS), que foi fortalecido com esta ação.
CONCLUSÃO A alimentação saudável rompeu as barreiras da saúde sendo também trabalhada na educação, auxiliando profissionais e responsáveis a promoverem mudança de hábitos, despertando o interesse nas crianças em experimentar novos alimentos através de ilustrações e receitas inovadoras.
Responsável
MARCIA DE SÁ FORTES GULLINO DE FARIA
Domingues, J.L.; Magalhaes, L.F.S.; Caputo, B.C.; Stocco, D.C.; Miranda, J.A.; Guimaraes, M.L.; Souza, A.L.M.; Bulkool, D.P.; Lucchetti, M.R.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):82.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O Streptococcus Pyogenes coloniza principalmente as crianças. Pequenos traumatismos podem ser suficientes para inocular as bactérias, causando diversas infecções de pele e partes moles, podendo evoluir para sepse.
OBJETIVO: Relatamos o caso de um paciente que desenvolveu sepse grave por S. Pyogenes após ter recebido uma injeção intramuscular.
MATERIAL E MÉTODO: L.F.O.A., sexo masculino, 1 ano e 5 meses, apresentou dor abdominal difusa e foi à UPA, onde recebeu hioscina+dipirona intramuscular em glúteo direito. Dois dias depois apresentou dor, hiperemia e edema em coxa direita, claudicação e queda do estado geral. Retornou à UPA, sendo prescrito cefalexina. Diante da piora clínica, foi levado à emergência do HUAP. Ao exame, apresentou taquicardia, taquipneia e hipotensão arterial, torporoso, desidratado, hipocorado, e perfusão capilar periférica lentificada. Abdome distendido, doloroso à palpação e halo hiperemiado em região periumbilical. Apresentava edema endurecido do glúteo ao joelho direito e lesões cicatriciais de impetigo em perna direita. Colhidas hemoculturas, iniciado oxacilina, gentamicina, metronidazol e expansão volêmica. Hemograma: anemia (Hb 8g/dl), plaquetopenia (115.000/mm3) e leucopenia (3.100/mm3). Evoluiu com oligúria, anasarca, insuficiência respiratória, choque, necessitando de ventilação mecânica e aminas. Modificada antibioticoterapia para vancomicina, cefepime e metronidazol. Transferido para UTI, permanecendo por 10 dias. Hemocultura cresceu Streptococcus Pyogenes. Apesar da melhora clínica, mantinha febre diária. Ultrassonografia e tomografia mostraram coleção em coxa direita, que foi drenada cirurgicamente e tratada com cefepime e clindamicina por mais 14 dias.
RESULTADOS: A sepse é caracterizada por febre ou hipotermia, leucocitose ou leucopenia, taquicardia e taquipnéia associados a um foco infeccioso. Quando há disfunção orgânica, instala-se a sepse grave. O paciente em questão evoluiu com choque séptico refratário a volume, mas responsivo a aminas.
CONCLUSÃO Procedimentos invasivos apresentam riscos de complicações. Logo, é importante evitarmos procedimentos desnecessários, principalmente em pacientes com lesões de pele já estabelecidas, como impetigos, pois eles têm potencial de desenvolver infecções por S. Pyogenes ou Staphylococcus Aureus.
Responsável
MARIA EMMERICK GOUVEIA
Gonçalves, G.E.; Branco, L.G.; Crisóstomo, A.C.; Schmidt, C.M.; Lucchetti, M.R.; Sias, S.M.A.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):83.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O abscesso retrofaríngeo (ARF) é uma condição potencialmente grave, com alta letalidade se não diagnosticada e tratada precocemente. Mais prevalente em crianças entre dois a quatro anos. Suas causas incluem infecções de cavidade oral, osteomielite vertebral, ingestão de corpo estranho ou intubação orotraqueal.
OBJETIVO: Apresentamos o relato de uma criança com ARF com diagnóstico inicial de torcicolo.
MATERIAL E MÉTODO: Y.M.F.A., 5 anos, sexo feminino, apresentou odinofagia, febre (38,5º C), disfagia e sialorréia. Foi medicada com ibuprofeno e dipirona, sem melhora. No dia seguinte apresentou edema e flexão lateral em região cervical à direita. Procurou o pronto-socorro, onde foi diagnosticado torcicolo. Fez uso regular de analgésicos por três dias com melhora da febre, mas com persistência dos outros sintomas e piora do edema cervical. Percorreu mais dois hospitais onde foi novamente diagnosticada com torcicolo. Após duas semanas do início do quadro, devido à persistência dos sintomas, foi realizada tomografia computadorizada (TC) de região cervical, que evidenciou ARF. Iniciou tratamento com Ceftriaxone e Clindamicina e foi encaminhada ao HUAP-UFF. Ao exame apresentava-se afebril, com abaulamento cervical à direita, sem sinais flogísticos, com restrição à lateralização e hiperextensão do pescoço e poliadenopatia indolor à direita. Orofaringe hiperemiada, com abaulamento inferior, sem exsudato purulento, dentes em mau estado de conservação. O abscesso foi drenado por via oral, com saída de bastante secreção purulenta. A cultura da secreção foi negativa. Após 14 dias de antibioticoterapia venosa recebeu alta com resolução do quadro.
RESULTADOS: Se não tratado adequadamente, o ARF pode evoluir para complicações potencialmente fatais, como pneumonia, empiema, mediastinite, pericardite e invasão de grandes vasos adjacentes por contiguidade. Dessa forma, é importante o diagnóstico precoce dessa doença.
CONCLUSÃO Esse trabalho chama atenção para a importância de pensar em ARF em crianças menores de cinco anos que se apresentam com quadro compatível com torcicolo, mesmo na ausência de infecção prévia em orofaringe.
Responsável
MARIA EMMERICK GOUVEIA
Teixeira, N.G.; Novaes, F.M.; Pucci, F.H.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):84-85.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A NMO também conhecida como Doença de Devic é uma doença desmielinizante do SNC com característica inflamatória, imunomediada, idiopática e grave. Acomete o nervo óptico, a medula espinhal e é relativamente rara. É mais comum em mulheres na 4ª década de vida. Era considerada uma variante da EM. Atualmente estudos sugerem tratar-se de uma entidade clínica distinta. Apontam para hipótese de uma doença canulopatia auto-imune. Novos avanços demonstram que NMO resulta de alterações inflamatórias por ataque à aquaporina-4, uma proteína localizada nos pés dos astrócitos na barreira hemato-encefálica. RM demonstra lesão medular que se estende por três ou mais segmentos vertebrais. O tratamento é focado na crise, no controle da doença de base e na sintomatologia. É preconizada a pulsoterapia com metilprednisolona. O prognóstico é reservado, com grave repercussão funcional.
OBJETIVO: Relatar um caso de NMO na população pediátrica num hospital de emergência e chamar atenção para o diagnóstico.
MATERIAL E MÉTODO: Escolar, sexo feminino, afrodescendente, 11 anos, iniciou quadro com dor ocular seguido de diminuição da acuidade visual. Foi diagnosticado papiledema bilateral. Negava outras intercorrências. Dois dias após a internação também apresentava paresia de MSE e MIE, parestesia em abdome e MIE, hiporreflexia em MIE e ptose em olho esquerdo. Posteriormente referiu retenção urinária. TC de crânio sem anormalidades. Hemograma inespecífico. Vitamina B12 normal. Citomegalovírus IgM reativo. Foram feitos 5 dias de tratamento com Imunoglobulina e 14 dias com Ganciclovir. A paciente apresentou melhora significativa. A RM evidenciou alterações compatíveis com doença desmielinizante. Realizado diagnóstico sindrômico de NMO com dois eventos índices: Neurite óptica bilateral e Síndrome Medular parcial, sem antecedentes de infecção e com um achado laboratorial de IgM reativo para Citomegalovírus. Dosado anticorpo AQP4 e paciente referenciada para um serviço especializado em neurologia pediátrica onde foi feita corticoterapia, investigação e acompanhamento ambulatorial.
RESULTADOS: Observamos escassez de dados na literatura nesta faixa etária. A terapêutica com metilprednisolona foi instituída e o paciente obteve excelente resultado. O uso de técnicas convencionais e avançadas da RM associado a novos estudos histopatológicos têm ajudado a esclarecer a fisiopatologia da doença e a melhor classificá-la dentro do espectro das doenças desmielinizantes. O quadro clínico somado aos achados da RM contribuíram para o diagnóstico da NMO em nosso paciente.
CONCLUSÃO Esse caso torna-se particular por ter acometido uma criança de 11 anos. Os critérios diagnósticos pediátricos para a NMO são semelhantes àqueles em adultos. O correto diagnóstico permitiu a instituição da terapêutica adequada e acompanhamento em centro especializado. Contudo, a NMO com acometimento em crianças é uma condição pobremente estudada sendo frequentemente incapacitante e de difícil manejo. Nesta faixa etária a doença é potencialmente severa e necessita ser melhor manejada e estudada. Portanto, é necessária a continuação de estudos visando uma melhor compreensão dos mecanismos subjacentes dessa doença.
Responsável
MARIANA LOPES DOMINGUES
Madeira, I.R.; Vasconcelos, C.M.; Gomes. M.P.F.; Ribas, S.A.; Oliveira, V.L.H.; Carvalho, C.N.M.; Gazolla, F.M.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):86.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A obesidade é bastante prevalente na sociedade atual, inclusive na faixa etária infantil. Ela está relacionada à outras doenças como a hipertensão arterial, à dislipidemia e à alteração do metabolismo da glicose, formando a chamada síndrome metabólica, em que exerce papel fisiopatológico central.
OBJETIVO: O estágio tem como objetivo a participação do aluno no processo de abordagem clínica multidisciplinar de observação, intervenção e educação em saúde em um grupo de crianças, como forma de fortalecer a articulação da teoria com a prática, enfatizando a promoção, a prevenção e a reabilitação em saúde com foco na obesidade infantil.
MATERIAL E MÉTODO: Os cenários práticos do projeto são o Ambulatório da Pediatria e o Ambulatório de Pesquisa em Obesidade Infantil no HUPE-UERJ, e o público alvo são crianças e familiares que frequentam estes ambulatórios. O aluno participa de atividades lúdicas com as crianças e de discussões com os acompanhantes sobre estilo de vida saudável e obesidade, com a participação de uma equipe multidisciplinar de profissionais da saúde.
RESULTADOS: O aproveitamento durante as atividades é ótimo, e a avaliação feita pelas crianças e seus responsáveis também mostra como as tarefas são bem aceitas e alcançam seus objetivos. Eles passam a conhecer mais sobre a alimentação saudável e os benefícios da atividade física.
CONCLUSÃO A obesidade infantil é um tema relevante na formação médica que, no entanto, ainda não está contemplado de forma consistente no curso de graduação em medicina. Sendo assim, por meio da realização de atividades técnico-profissionais e pedagógicas e através do treinamento prático supervisionado, o aluno complementa a sua formação de maneira ativa e participante. Além disso, através do contato com o público alvo, o aluno enriquece a sua relação médico-paciente, fundamental para o desenvolvimento de um futuro bom profissional. Não existe conflito de interesses.
Responsável
MARIANA MENDES BASTOS FIGUEIREDO
Serejo, L.N.; Costa, L.; Santos, B.J.M.; Fraga, P.L.; Costa, P.D.M.; Pimentel, A.M.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):87.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A Estenose Hipertrófica de Piloro (EHP) consiste na principal causa de obstrução gástrica neonatal, sobretudo em lactentes abaixo dos três meses de idade, decorrendo da hipertrofia progressiva da musculatura pilórica. Já a hiperplasia adrenal congênita (HAC), um dos erros inatos do metabolismo, ocorre devido à mutações em genes que codificam enzimas androgênicas envolvidas na síntese de glicocorticóides. As baixas concentrações de cortisol plasmático elevam a secreção de hormônio adrenocorticotrófico estimulando as suprarrenais, acarretando hiperplasia funcional.
OBJETIVO: Relatar um caso de coexistência de EHP e HAC em um lactente do sexo masculino.
MATERIAL E MÉTODO: T.S.F, a partir da terceira semana de vida evoluiu com dificuldade de ganho ponderal e vômitos após a mamada, evoluindo com comprometimento do estado geral, adinamia e emaciação marasmática. O exame físico revelou paciente eupneico, taquicárdico (160bpm), hipoativo, acianótico, anictérico e hipocorado. Ausculta cardíaca e pulmonar sem apresentar alterações, otoscopia e orofaringe normal. Abdome flácido, indolor e sem viceromegalias. Os exames laboratoriais revelaram anemia normocrômica e normocítica, hipercalemia e hiponatremia. Foi solicitado seriografia esôfago-estômago-duodeno que evidenciou EHP e refluxo gastroesofágico, sendo encaminhado ao serviço de cirurgia pediátrica onde foi submetido à piloroplastia. Ao 15o dia de pós-operatório apresentou diminuição importante do apetite com evolução para desnutrição e desidratação, a persistência de acidose metabólica hiponatremica e hipercalemica, sugeriu o diagnóstico de HAC perdedora de sal que foi confirmada com dosagem de 17 alfa-hidroxiprogesterona e atividade renina plasmática que estavam muito elevadas.
RESULTADOS: Apesar da EHP e HAC formarem diagnóstico diferencial, neste caso são concomitantes, se apresentam principalmente com clínica de vômitos e dificuldade de ganho ponderal, sendo diferenciadas por exames laboratoriais e de imagem.
CONCLUSÃO Os achados clínicos, radiológicos e laboratoriais permitiram o diagnóstico de EHP associada à HAC. A piloroplastia bem como o tratamento medicamentoso com acetato de fludrocortisona e hidrocortisona foram satisfatórios para a restituição do trânsito gastrointestinal e o controle dos níveis dos eletrólitos.
Responsável
MARIANA NAKABORI SEREJO
Costa, A.M.; Pereira, S.M.B.; Diniz, E.A.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):88.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: De acordo com Ministério da Saúde (MS), a Síndrome respiratória aguda grave (SRAG) é definida como síndrome gripal acompanhada de dispnéia ou um dos seguintes sinais: Saturação de oxigênio < 95% ar ambiente, desconforto respiratório ou aumento da frequência respiratória, piora nas condições clínicas de doença de base ou hipotensão. Em crianças, observam-se batimentos de asa de nariz, cianose, tiragem intercostal, desidratação e inapetência.
OBJETIVO: Descrever características clínicas e epidemiológicas dos pacientes com SRAG atendidos no IPPMG de janeiro de 2013 a julho de 2014.
MATERIAL E MÉTODO: Estudo observacional descritivo retrospectivo. Estudados pacientes com SRAG internados no IPPMG de janeiro de 2013 a julho de 2014. Dados foram coletados a partir das fichas de investigação de SRAG do MS, armazenados e analisados no EPIINFO. Descritas características sóciodemográficas, frequências dos sintomas, agentes etiológicos, uso de antimicrobianos, comorbidades e desfecho.
RESULTADOS: 47 pacientes apresentaram SRAG, 62% do sexo masculino; 45% de até 1 ano de idade (idade média 3,9± 2 meses); 55% a partir de 1 ano de idade (idade média 4,2 ±3,2 anos). 17% haviam tomado vacina contra gripe. Quanto à doença de base: 13% pneumopatia crônica, 8,5% cardiopatia, 8,5% imunodeficiência, 28% doença neurológica crônica, 4,3% Síndrome Down. Os sinais/sintomas mais comuns: tosse (81%), febre (81%), dispnéia (83%) e Sat O2 <95% (83%). 49% foram para UTI. Do total de pacientes, 46% utilizaram suporte ventilatório invasivo e 14% não invasivo. 98% dos pacientes utilizaram oseltamivir. Em 43 pacientes (92%) coletou-se amostra de naso/orofaringe para pesquisa viral, analisada por imunofluorescência ou RT-PCR no LACEN. Em 1 caso isolou-se Influenza A e em 5 Vírus Sincicial Respiratório (VSR). Dentre todos os pacientes, 4% evoluíram para óbito.
CONCLUSÃO Metade dos pacientes necessitou internação em UTI e suporte ventilatório. VSR foi o agente etiológico mais comum, isolado em lactentes até 5 meses. A maioria dos pacientes evoluiu para cura.
Responsável
MARIANA TSCHOEPKE AIRES
Costa, A.M.; Diniz, E.A.; Pereira, S.M.B.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):89.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar (NVEH) do IPPMG foi criado em 2012 obedecendo à Portaria do Ministério da Saúde (MS) que institui a Vigilância epidemiológica em âmbito hospitalar. O NVEH exerce a vigilância epidemiológica dos agravos e doenças de notificação compulsória (DNC).
OBJETIVO: Descrever as DNC no período de janeiro a junho de 2014.
MATERIAL E MÉTODO: Estudo descritivo, observacional e retrospectivo. Os dados foram coletados através do preenchimento de fichas do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN) e armazenados em uma planilha no formato Excel. Foi realizado o levantamento do número absoluto das doenças e agravos de notificação compulsória registrados no primeiro semestre de 2014.
RESULTADOS: Foram Notificados 133 doenças e agravos: 02 acidentes de trabalho com exposição à material biológico; 02 coqueluches; 06 doenças meningocócicas; 01 doença exantemática; 02 esporotricoses; 01 evento adverso pós vacinação; 01 intoxicação exógena; 54 crianças expostas ao HIV; 13 gestantes HIV; 23 pacientes menores de 13 anos com SIDA; 01 sífilis congênita, 08 Síndromes respiratórias agudas graves; 05 tuberculoses; 02 varicelas e 12 casos de violência.
CONCLUSÃO Não houve casos de dengue. O número de casos de sífilis congênita foi pouco expressivo, porém não reflete o perfil nosológico, já que o IPPMG acompanha crianças com sífilis congênita referenciadas da Maternidade Escola (ME/UFRJ), que realiza a notificação. O número expressivo de notificações relacionados à Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA), exposição e doença, reflete a condição do IPPMG como centro de referência para SIDA e o comprometimento com a Rede Cegonha, através da disponibilização de assistência ambulatorial à gestantes infectadas pelo HIV e outras infecções. Os dados registrados são consequência do processo contínuo de sensibilização da equipe assistencial com relação ao papel do profissional de saúde e a importância da vigilância epidemiológica. Ressalta-se que no período em estudo a Unidade de Emergência/IPPMG disponibiliza atendimento referenciado com reflexo no quantitativo de notificações.
Responsável
MARIANA TSCHOEPKE AIRES
Geisel, N.R.; Oliveira, T.A.; Vitor, J.M.G.; Silva, R.A.S.; Silva, C.T.F.; Silva, M.A.G.; Soffe, BAC; Natasha Geisel Pimenta
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):90.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Eritema nodoso (EN) é uma paniculite septal caracterizada pelo aparecimento súbito de vários nódulos subcutâneos, inflamatórios, dolorosos e bilaterais, localizados, principalmente, nas superfícies pré-tibiais, podendo acometer também outras localizações. Sua etiologia é variável, podendo ser de causa idiopática, infecciosa e não infecciosa.
OBJETIVO: Alertar os profissionais a pensarem na hanseníase como uma provável causa de EN, já que a mesma é uma doença endêmica em países em desenvolvimento, como o Brasil
MATERIAL E MÉTODO: Escolar de 11 anos, sexo feminino, história de nódulos em membros inferiores há 2 semanas com acometimento posterior de membros superiores e face. Após uma semana, iniciou febre alta, dor em região pré-tibial, claudicação e artralgia. Na admissão, apresentava-se prostrada, com nódulos subcutâneos difusos, eritematosos e dolorosos à palpação (principalmente em extremidades), com algumas lesões em face, além de lesão hipocrômica em região pré-tibial à esquerda, sem alteração de sensibilidade. Diante da apresentação clínica, foi sugerido como diagnóstico EN. Para tentar elucidar a causa do EN foi realizada a biópsia de um dos nódulos que evidenciou "dermatite granulomatosa superficial e profunda, com linfócitos não epitelióides, vacuolados, apresentando frequentes micobactérias: hanseníase lepromatosa".
RESULTADOS: Eritema nodoso hansênico (ENH) é uma reação inflamatória aguda, sobreposta à evolução crônica e insidiosa da hanseníase, que ocorre em cerca de 25% dos casos lepromatosos, geralmente durante ou após o tratamento. No entanto, alguns casos têm sido relatados antes mesmo de iniciar o tratamento ou como a primeira manifestação clínica da doença, sendo essa forma pouco relatada na literatura científica.
CONCLUSÃO A ausência de lesões cutâneas sugestivas de hanseníase pode atrasar o diagnóstico e o tratamento específico da doença, o que torna a biópsia do nódulo imperativa para melhor elucidação da etiologia, quando não se tem uma causa claramente notória do EN.
Responsável
PRISCILLA AGUIAR DE ARAUJO
Ferreira,N.M.; Torres, A.M.; Pereira, A.F.C.; Webhe, M.A.M.; Oliveira, H.C.C.; Novaes, T.T.F.; Nogueira, N.D.N.; Donato, I.M.V.; Lustosa, S.A.S.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):91.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A infância é um período único de desenvolvimento das potencialidades humanas, gerando vários fatores associados à saúde da criança. A Identificação do perfil de atendimento em prontos socorros e o levantamento das causas que levam à busca pelos hospitais possibilitam promover planejamento de ações em saúde.
OBJETIVO: Descrever o perfil das crianças atendidas em um pronto socorro infantil público da maior cidade da região Sul Fluminense e a terceira maior do interior do estado do Rio de Janeiro.
MATERIAL E MÉTODO: Estudo epidemiológico transversal, descritivo, com abordagem quantitativa. Foram avaliados 901 boletins de atendimentos (BANs) de crianças entre 0 e 13 anos selecionados em 6 meses durante o ano de 2012, com intervalo de 2 meses entre eles. As variáveis avaliadas foram sexo, idade, queixa principal e hipóteses diagnósticas, bairro, naturalidade, ocorrência policial e procedência.
RESULTADOS: A principal queixa encontrada foi febre, representando 25,3% (228) dos casos. Dentre as hipóteses diagnósticas, as doenças do aparelho respiratório somaram 51,6% (465) dos casos, seguidas de doenças do aparelho gastrointestinal, 13,9% (126) dos casos. Houve leve prevalência do sexo masculino com 51,6% (465) dos casos. Poucos atendimentos com procedência de outras cidades, 98,7% (890) corresponderam à moradores de Volta Redonda-RJ. A faixa etária de maior acometimento encontrou-se entre 0 e 1 ano, com 24,9% (225) dos casos. Foram 77,8% (701) procedentes de seus domicílios, apenas 13,3% (120) foram encaminhados das unidades básicas de saúde.
CONCLUSÃO As doenças respiratórias, em especial as infecções de vias aéreas superiores, persistem como as principais causas de adoecimento em crianças. Nos atendimentos dessa unidade prevaleceram pacientes provenientes do município do nosocômio estudado, com quantidade de encaminhamentos de unidades básicas de saúde muito inferior à origem domiciliar direta. Torna-se indispensável aos profissionais de saúde conhecerem o perfil dos pacientes atendidos, suas características e o cuidado hospitalar que podemos oferecer.
Responsável
NATHALIA MARINHO FERREIRA
Silva, E.J.; Domingues, B.S.; Rocha, A.P.F.; Lustosa, S.A.S.; Santos, M.C.P.;
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):92.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Observamos, nessas últimas décadas, grande avanço da medicina intensiva neonatal, gerando modificação na evolução e prognóstico. Os levantamentos epidemiológicos neste setor ainda são pouco estudados nos países em desenvolvimento.
OBJETIVO: Traçar o perfil epidemiológico de recém-nascidos (RNs) admitidos em UTI neonatal pública do interior do estado do Rio de Janeiro em 2013 e conhecer as características e os fatores relacionados com a internação neonatal.
MATERIAL E MÉTODO: Estudo transversal descritivo de abordagem quantitativa. Os dados foram coletados através da análise do livro de registro de internação da unidade no período de janeiro a dezembro de 2013, em que foram analisados 193 neonatos.
RESULTADOS: Dos 193 RNs, 52,85% eram do sexo masculino e 47,15% do sexo feminino. Foram 69,95% nascidos de parto cesáreo, enquanto 30,05% nascidos de parto vaginal. 39,9% tinham peso de nascimento maior ou igual a 2500g e 60,1% tinham baixo peso, muito baixo ou extremo baixo peso ao nascer. 64,24% dos RNs do estudo eram prematuros, sendo destes 21,77% prematuros extremos e 78,23% prematuros moderados. 42,48% das mães tinham menos de 25 anos, 20,20% entre 26 e 30 anos e 37,3% mais de 30 anos. 7,5% foi o percentual de óbitos, 81,34% os casos com alta e 11,4% transferidos para outros serviços de neonatologia.
CONCLUSÃO A população internada apresentou índice expressivo de RNs prematuros e/ou com baixo peso ao nascer, nascidos de parto cesáreo, filhos de mães com 25 anos ou menos e mães com 30 anos ou mais. Através do conhecimento das características dos pacientes internados, nossos esforços deverão visar melhor assistência pré-natal e prever recursos, organizar processos e treinar pessoas para melhorar a assistência à saúde na UTI neonatal e, ainda, no período pré-natal.
Responsável
NATHALIA MARINHO FERREIRA
Silva, E.J.; Domingues, B.S.; Rocha, A.P.F.; Lustosa, S.A.S.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):93.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A sepse contribui para elevação dos índices de mortalidade neonatal, caracterizada por resposta inflamatória sistêmica na presença, ou como resultado de uma infecção suspeita ou confirmada.
OBJETIVO: Comparar as diferenças entre os recém-nascidos (RNs) que necessitaram de internação em UTI neonatal por sepse e não sepse.
MATERIAL E MÉTODO: Estudo transversal de abordagem quantitativa dos RNs internados em UTI neonatal pública de Volta Redonda-RJ no ano de 2013. Os RNs foram incluídos de maneira consecutiva e foram avaliadas as seguintes variáveis: idade materna, Ballard, peso, Apgar, tempo de internação, sexo, parto, prematuridade, desconforto respiratório e óbito. Comparados em dois grupos: Grupo A (sepse) e Grupo B (não sepse). Foi realizada análise estatística com teste quiquadrado para variáveis categóricas, com correção de Fisher para pequenas proporções e Teste T Student para variáveis numéricas. Foi considerando p<0,05 para significância estatística.
RESULTADOS: Dos 192 neonatos internados, o Grupo A teve 28 pacientes e o Grupo B teve 164 pacientes. Os resultados apresentaram-se no Grupo A e Grupo B, respectivamente: idade materna 24 anos±8 vs 27 anos±7 com p<0,05, Ballard sem significância estatística, peso 1652g±788g vs 2497g±1853g com p<0,001, Apgar sem significância estatística, tempo de internação 22 dias±30 dias vs 14 dias±18 dias com p=0,02, sexo sem significância estatística, parto cesariana 13 casos (46%) vs 121 casos (72%) com p < 0,005, RR=0,02, prematuridade 22 casos (78%) vs 87 casos (53%) com p>0,05, desconforto respiratório 19 casos (68%) vs 83 casos (51%) com p>0,05, e óbito 4 casos (14%) vs 10 casos (6%) com p>0,05.
CONCLUSÃO A sepse é importante causa de internação e mortalidade em RNs. Na casuística estudada, o recém-nascido que vai para a UTI neonatal nascido de mãe mais jovem, menor peso e parto vaginal apresentam risco maior de internação por sepse, aumentando o tempo de internação, custo hospitalar e resistência bacteriana.
Responsável
NATHALIA MARINHO FERREIRA
Silva, E.J.; Domingues, B.S.; Rocha, A.P.F.; Lustosa, S.A.S.; Santos, M.C.P.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):94.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Os índices brasileiros mostram taxas de infecção hospitalar em unidade de terapia intensiva neonatal (UTIneo) entre 18,9 e 57,7%, havendo referência para possíveis causas nas condições de trabalho, estrutura física e número de profissionais por leito.
OBJETIVO: Descrição epidemiológica de neonatos admitidos em UTIneo diagnosticados com infecção hospitalar.
MATERIAL E MÉTODO: Estudo transversal descritivo de abordagem quantitativa com dados coletados através de registros da CCIH de nosocômio estudado. Foram selecionados neonatos admitidos de janeiro a dezembro de 2013 em UTIneo pública da região Sul Fluminense do Rio de Janeiro.
RESULTADOS: Em 2013, dos 192 recém-nascidos internados, 39 (20,3%) apresentaram infecção hospitalar com prevalência nos neonatos com peso ao nascer maior que 2500g em 8 casos (20,5%), e neonatos com peso ao nascer inferior a 2500g, 31 casos (79,8%). Destes, 14 (45,1%) tinham peso extremamente baixo e 13 (41,9%) tinham peso muito baixo. A topografia das infecções hospitalares mostrou 10 casos (25,6%) de pneumonia (PNM), 9 casos (23,1%) de infecção primária da corrente sanguínea (BSI), 6 casos (15,4%) de conjuntivite, 4 casos (10,2%) de infecção de sítio cirúrgico (ISC), 4 casos (10,2%) de pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV), 2 casos (5,1%) de infecção relacionada ao cateter central (IAVC), 2 casos (5,1%) de gastroenterite aguda (GEA), 1 casos (2,5%) de infecção do trato urinário (ITU) e 1 casos (2,5%) de infecção relacionada ao cateter periférico (IAVP).
CONCLUSÃO A unidade avaliada apresentou ênfase para PNM, BSI e Conjuntivite, representando aproximadamente 64% dos casos. Os casos de infecções hospitalares dos submetidos a procedimentos invasivos, apesar de relevantes, mostraram-se inferiores ao esperado. Dentre casos de pneumonias, 28,5% estiveram relacionadas à ventilação mecânica. Busca-se rigor no cumprimento dos protocolos propostos pela CCIH e orientação de profissionais na assistência ao neonato. Todavia, nem todas as infecções hospitalares são passíveis de prevenção mesmo em condições ideais. Busca-se redução dos dados encontrados, identificando nos mapeamentos epidemiológicos formas de melhorias da assistência prestada.
Responsável
NATHALIA MARINHO FERREIRA
Oliveira, I.V.D.; Torres, A.M.; Pereira, A.F.C.; Webhe, M.A.M.; Oliveira, H.C.C.; Lustosa, S.A.S.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):95.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O Sudeste constitui 49,7% dos 41.249 casos registrados de Sífilis Congênita entre 1998 e 2007, levando à desfechos negativos da gestação em aproximadamente 50 % dos casos com complicações precoces e tardias, apesar de grande mobilização para sua prevenção.
OBJETIVO: Descrição de caso sobre Pseudoparalisia de Parrot em pronto atendimento.
MATERIAL E MÉTODO: Lactente com 1 mês de vida,sexo masculino, 3 kg, deu entrada em pronto socorro público de Volta Redonda-RJ por irritação ao manipular membros superiores. Nascido de parto normal, 41 semanas, movimentos e reflexos preservados. A mãe realizou 4 consultas de pré-natal, VDRL positivo durante gestação, feito 3 doses de Penicilina Benzatina. Pai sem tratamento. Nenhuma investigação do neonato durante permanência em alojamento conjunto. Exame físico hipocorado 2+/4+, membros superiores com paresia e paralisia bilateralmente, edema periulnar simétricos, diminuição da força, diminuição do reflexo bicipital. Preensão palmar e Reflexo de Moro ausentes. Exames laboratoriais com seguintes resultados: Líquor mostrando glicose 56, proteína 146, VDRL 1/8, citometria (leuco 200; hemácias 140000), citologia (85% mononucleares; 17% polimorfonucleares). VDRL no sangue do lactente 1/512 e materno 1/16. Radiografia mostrando periostite bilateral e simétrica. Foi diagnosticado Neurossífilis e Pseudoparalisia de Parrot. Iniciou-se Penicilina Cristalina 100.000UI/kg por 14 dias, com melhora parcial dos movimentos no 3º dia. No 7º dia, houve melhora parcial de paresia do membro superior direito. No 9º dia o membro superior esquerdo realizava flexão. Os reflexos e força normalizaram-se. O Paciente obteve alta no 14º dia de internação com melhora total,. O lactente continua em acompanhamento ambulatorial.
RESULTADOS: Dentre as manifestações de Sífilis Congênita, a Pseudoparalisia de Parrot é observada em 16% dos casos, caracterizada por periostite com dor à movimentação ativa ou passiva dos membros, principalmente superiores, havendo irritabilidade e imobilidade.
CONCLUSÃO A Sífilis, com aumento de incidência nos países em desenvolvimento, reflete falhas no controle das DSTs, programas de pré-natal e execução dos protocolos pelas maternidades, como demonstrado pelo relato. Destaque evolutivo da Pseudoparalisia de Parrot e, ainda, Neurossífilis.
Responsável
NATHALIA MARINHO FERREIRA
Silva,E.J.; Rocha, A.P.F.; Lustosa, S.A.S.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):96.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A hérnia diafragmática congênita (HDC) é um defeito na fusão das membranas pleuroperitoneais do diafragma, permitindo migração de órgãos da cavidade abdominal para torácica, 88 a 97% tem acometimento prioritário à esquerda e raro à direita. Os sintomas respiratórios são comuns logo após o nascimento. 5 a 10% dos casos manifestam-se tardiamente como síndromes suboclusivas ou oclusivas de trato gastrointestinal, podendo passar desapercebido até a fase adulta ou nunca se expressar clinicamente.
OBJETIVO: Atentar para importância de considerar defeitos congênitos do diafragma no diagnóstico de manifestações respiratórias súbitas.
MATERIAL E MÉTODO: Y.B.B.S., 23 dias, sexo feminino, deu entrada em pronto socorro com queixa de tosse seca, cansaço e distensão abdominal. Ao exame físico apresentou-se hipocorada, cianótica ao choro, irritada, dispneica, batimento de asa de nariz e retrações subcostais. Abdome globoso, doloroso à palpação, peristalse diminuída. A radiografia torácica mostrou imagem densa nos dois terços inferiores de hemitórax direito. Diagnosticada inicialmente como pneumonia e levantada hipótese de cardiomegalia. Após avaliação cuidadosa foi diagnosticada HDC. Gestação com realização de quatro ultrassonografias, sem anormalidades. Nascida de parto cesáreo devido iteratividade, a termo, apgar 6/8 com alta hospitalar após 48 horas de vida. A paciente foi encaminhada para cirurgia, sendo encontrado em cavidade torácica cólon transverso, ascendente e lobo hepático esquerdo. Foi realizado fechamento direto. Permaneceu em UTI neonatal em IMV protetora. Alta hospitalar com acompanhamento ambulatorial.
RESULTADOS: Com menor ocorrência à direita e devido bloqueio hepático, este relato demonstra a raridade do caso, por se tratar de paciente do sexo feminino, visto que a literatura descreve prevalência no sexo masculino. A sintomatologia se deu devido ao aumento da pressão intra-abdominal, deslocando conteúdo abdominal para hemitórax direito em forame anteriormente bloqueado.
CONCLUSÃO Como na manifestação tardia da HDC, devemos considerar os defeitos congênitos do diafragma na abordagem diagnóstica de manifestações respiratórias de instalação súbita em crianças.
Responsável
NATHALIA MARINHO FERREIRA
Silva, C.M.C; Oliveira, I.V.D.; Lustosa, S.A.S.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):97.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: As primeiras descrições de doenças renais em pediatria datam do século XIX Todavia, apenas a partir do século XX a nefrologia pediátrica se estabeleceu como especialidade médica reconhecida. O desenvolvimento de novas terapêuticas nefrológicas e acompanhamento específico possibilitaram lidar com a fisiologia e fisiopatologia dos rins e trato urinário em crianças e adolescentes, grupo etário que apresenta características constitucionais próprias.
OBJETIVO: Traçar o perfil epidemiológico do ambulatório público de nefrologia pediátrica da maior cidade da região Sul Fluminense e a terceira maior do interior do estado do Rio de Janeiro.
MATERIAL E MÉTODO: Estudo epidemiológico transversal descritivo de abordagem quantitativa. Foram coletados 631 prontuários dos pacientes assistidos em ambulatório público de nefrologia pediátrica desde sua fundação (2005), até o ano de 2012, com idade entre 0 e 16 anos. Foram excluídos 14 prontuários por apresentarem dados incompletos. Foram avaliados sexo, idade, diagnóstico de encaminhamento, alta, acompanhamento, transferência, abandono e óbito.
RESULTADOS: Dos 617 prontuários avaliados, 29,17% (180) corresponderam à infecções de trato urinário, representando o diagnóstico de maior encaminhamento para avaliação e acompanhamento. Em segundo lugar, com 11,83% (73) a Enurese Noturna. A idade de maior acometimento foi 7 anos, com 9,72% (60), seguido de 8 anos, com 8,75% (54). A faixa etária de 0 a 2 anos apresentou destaque, somando 25,26% (156) dos casos. Prevalência do sexo feminino. O ambulatório apresentou 24,84% (151) de altas e 61,26% (378) de abandono.
CONCLUSÃO Os principais motivos de encaminhamento foram Infecção Urinária, Enurese Noturna e Hematúria, correspondendo a 49,75% (307) dos atendimentos da unidade, acordados parcialmente com a literatura. A importante demanda pela especialidade nefrológica pediátrica do município reforça a necessidade da manutenção do mesmo. Acreditamos que o alto valor de abandono esteja relacionado principalmente à melhora clínica destas crianças, mesmo com orientações acerca da importância do seguimento.
Responsável
NATHALIA MARINHO FERREIRA
Silva, C.M.C; Oliveira, I.V.D.; Lustosa, S.A.S.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):98.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A infecção de trato urinário (ITU) mostra-se prevalente em crianças, gerando risco de complicações que, associados à repetição do quadro, podem levar ao desenvolvimento de cicatrizes renais, com evolução para hipertensão arterial e/ou insuficiência renal.
OBJETIVO: Relatar casuística retrospectiva de 211 crianças com ITU durante encaminhamento ou seguimento de ambulatório público de nefrologia pediátrica.
MATERIAL E MÉTODO: Estudo epidemiológico transversal descritivo de abordagem quantitativa. Foram coletados 211 prontuários de pacientes assistidos em ambulatório público de nefrologia pediátrica atendidas de janeiro de 2005 a dezembro de 2012, com idade entre 0 a 16 anos e diagnóstico de ITU. Foram considerados todos os pacientes encaminhados por ITU e/ou que apresentaram em algum momento do seguimento no ambulatório. As variáveis incluíram sexo, idade, sinais/sintomas, exames diagnósticos e doenças associadas.
RESULTADOS: Pacientes do sexo feminino representaram 80,09% (169) dos casos, contra 19,9% (42) do sexo masculino. Lactentes com idade inferior a 12 meses representaram 18% (38) dos casos. A febre esteve presente em 60,66% (128) dos casos. Entre as queixas principais, 18,48% (39) relataram dor abdominal e 15,63% (33) disúria. As crianças assintomáticas somaram 8,05% (17). A constipação intestinal esteve associada em 26,06% (55) dos casos. O diagnóstico para ITU foi dado por exame de urina tipo I (EAS) em 73,46% (155) contra apenas 26,54% (56) por urocultura. 32,22% (68) receberam alta ambulatorial.
CONCLUSÃO A infecção urinária foi predominante no sexo feminino em acordo com a literatura, porém acima das médias encontradas nos principais estudos. Maior acometimento em lactentes com idade inferior a 12 meses, necessitando de atenção preventiva específica. A constipação intestinal mostrou-se como importante associação. Apesar do diagnóstico definitivo ser firmado por urocultura (padrão ouro), ainda é pouco utilizado se comparado ao EAS.
Responsável
NATHALIA MARINHO FERREIRA
Moreira, M.E.L.; Soares, F.V.M.; Abranches, A.D.; Costa, A.C.C.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):99.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O elevado percentual de recém-nascidos pré-termo apresenta-se com restrição de crescimento na alta hospitalar, gerando importantes consequências para sua saúde. Sendo assim, análises da terapia nutricional prescrita e administrada com o objetivo de identificar falhas no processo da oferta nutricional são importantes.
OBJETIVO: Analisar as diferenças da prescrição e oferta de nutrientes no período neonatal.
MATERIAL E MÉTODO: Foi realizado um estudo de coorte prospectivo em recém-nascidos admitidos em UTI com peso de nascimento de 1500 g e/ou idade gestacional de 32 semanas. Testes de T pareados foram realizados para verificar se a taxa hídrica (ml/Kg), quantidade de calorias (Kcal), proteínas (g/Kg), lipídios (g/Kg) e carboidratos (g/Kg) prescritos e recebidos diferem significativamente ao longo das semanas. A suposição de normalidade foi verificada através do teste de Kolmogorov-Smirnov. Todas as análises foram feitas no software SPSS versão 20 (IBM Corp. Released 2011. IBM SPSS Statistics for Windows, Version 20.0. Armonk, NY: IBM Corp.). O nível de significância adotado foi 5%.
RESULTADOS: A análise da terapia nutricional na terceira semana de vida evidenciou uma diferença entre a dieta prescrita e a ofertada em todas as variáveis observadas, exceto lipídios, sendo a prescrita maior. Os valores de média (M), desvio padrão (DP) e intervalo de confiança (IC) da diferença foram: taxa hídrica (ml/Kg) = (M) 3,831/ (DP) 5,693/ (IC) 1,779 - 5,884; proteína (g/Kg)= (M) 0,078/ (DP) 0,204/ (IC)0,005 - 0,152; lipídeo (g/Kg) = (M) 0,138/ (DP) 0,385/ (IC) -0,001- 0,277; carboidrato (g/Kg) = (M) 0,329/ (DP) 0,485/(IC) 0,154- 0,503; caloria (Kcal) = (M) 2,838/ (DP)4,996/ (IC) 1,037 - 4,639.
CONCLUSÃO O recém-nascido pré-termo é extremamente vulnerável às deficiências nutricionais e qualquer redução nos macronutrientes recebidos pode ser significativa. As prováveis causas para tal disparidade referem-se à não aceitação da dieta e o retardo na troca da prescrição do dia, infundindo-se a prescrição do dia anterior por períodos mais prolongados.
Responsável
OLIVIA ARAUJO ZIN
Fonseca, G.M.; Albernaz, A.L.G.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):100.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A Pediatria é uma especialidade médica que requer muita atenção aos detalhes. Observar o desenvolvimento, identificar alterações e fazer intervenções precoces podem mudar o prognóstico de uma vida inteira.
OBJETIVO: Destacar a necessidade de o pediatra estar atento à atrasos no desenvolvimento. Descrevemos um caso em que o diagnóstico final de síndrome de Dandy-Walker foi estabelecido somente aos vinte meses de vida e o acompanhamento multiprofissional durante o processo de investigação diagnóstica foi fundamental para a melhora do prognóstico.
MATERIAL E MÉTODO: Criança do sexo masculino acompanhada pelo Instituto Fernandes Figueira a partir dos dois meses de idade, encaminhada para tratamento de hidrocele e criptorquidia. A criança apresentava manchas róseas cutâneas na face e região lombo sacra e atraso motor observado aos seis meses de vida. Foi encaminhada para avaliação da fisioterapia e terapia ocupacional, enquanto se procedia a investigação diagnóstica através de pareceres da Dermatologia, Neurologia, Genética. Foram solicitados os estudos radiológicos e tomográficos da coluna lombo sacra. Os estudos preliminares não foram elucidativos, tendo o diagnóstico de síndrome de Dandy-Walker sido estabelecido após realização de ressonância magnética de crânio.
RESULTADOS: A síndrome de Dandy-Walker não possui tratamento específico, consiste de malformações congênitas do sistema nervoso envolvendo três maiores anormalidades: dilatação cística do IV ventrículo, agenesia completa ou parcial do vermis cerebelar e hidrocefalia, que pode tornar-se aparente após meses ou anos de vida. A maioria dos casos é diagnosticado por ultrassonografia realizada durante o período pré-natal ou neonatal. No caso em questão, o diagnóstico só foi possível com a realização da ressonância magnética de crânio.
CONCLUSÃO O caso se destaca pelo diagnóstico etiológico tardio e o encaminhamento pelo pediatra para tratamento fisioterápico e de terapia ocupacional em uma etapa de maior plasticidade do sistema nervoso, melhorando o prognóstico do paciente.
Responsável
PASCALE GONÇALVES MASSENA
Aranda, R.M.M.C.; Albernaz, A.L.G.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):101.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Conhecer a história é fundamental para aperfeiçoar o presente e criar bases para o futuro. Desde a sua origem, no fim do século XIX, até os dias atuais, a puericultura incorporou características próprias de cada momento e local em que foi praticada.
OBJETIVO: Resgatar a história da puericultura e da atenção à criança no Brasil.
MATERIAL E MÉTODO: Procedeu-se a revisão da literatura por meio de busca nos bancos de dados LILACS, MEDLINE e ScIELO, e seleção de artigos relacionados ao tema.
RESULTADOS: A puericultura sofreu mudanças significativas nos últimos anos. Antes era um conjunto de noções e técnicas sobre cuidados de higiene, nutrição e disciplina de crianças pequenas, que era passado de mãe para filha ao longo dos tempos. Após a apropriação pela pediatria geral, transformou-se em ciência, com aplicações baseadas em evidências cientificas modulada pelas boas práticas em saúde.
CONCLUSÃO Observa-se que a puericultura interage com aspectos sociais, econômicos e culturais. A promoção da saúde, baseada na proposta da atenção integral ao indivíduo, faz da pediatria geral uma prática médica capaz de prevenir, tratar doenças e incentivar a autonomia. O pediatra geral precisa cada vez mais ter consciência do seu papel como educador e formador de opinião, aproximando-se da sociologia e antropologia, além dos conhecimentos biomédicos e evidências cientificas. É necessário, ainda, conhecer o cenário no qual está inserido a fim de pensar criticamente e ter uma atuação que busque o melhor para cada paciente em sua individualidade.
Responsável
PASCALE GONÇALVES MASSENA
Varella, C.P.; Freires, M.G.; Cruz, G.N.; Soffe, B.A.C.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):102.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A infecção do trato urinário é importante causa de febre no lactente e pode estar relacionada a malformações renais. É fundamental a investigação por imagem logo no primeiro episódio.
OBJETIVO: Relatar um caso de anomalia do trato urinário, ressaltando a importância do USG como primeiro método investigativo.
MATERIAL E MÉTODO: D.C.A.C., quatro meses, atendida com quadro de febre, coriza e tosse há sete dias e medicada com Amoxicilina no segundo dia de evolução. Persistiu com febre, retornando à UPA três dias depois. Foi trocado o antibiótico para Amoxicilina com Clavulanato e solicitada internação. Ao exame físico apresentava-se febril, eupneica, estertores na base direita. EAS: piócitos incontáveis, 10 a 15 hemácias por campo. Urinocultura: negativa (sexto dia de antibiótico). Hemograma: leucocitose sem desvio à esquerda. Bioquímica: normal. Hemocultura: negativa. PCR 499 mg/l e VHS 77 mm. O USG de vias urinárias evidenciou imagem cística em polo superior de rim direito, medindo 49 x 37 mm com dilatação pielocaliciana moderada. Fez Ampicilina e Gentamicina por 14 dias. Recebeu alta com cefalexina profilática e encaminhamento para avaliação da nefrologia pediátrica. Realizou-se novo USG de vias urinárias evidenciando duplicidade pieloureteral com ectasia à direita e cintilografia renal que mostrou rim direito com contorno irregular e distribuição heterogênea à custa de área de hiporradioatividade. Uretrocistografia miccional sem alterações. Paciente em pré-operatório no momento.
RESULTADOS: A duplicidade do sistema coletor representa cerca de 5% das anormalidades do trato urinário. A descoberta normalmente é pós-natal. O início de qualquer investigação é pelo USG de vias urinárias, logo após o primeiro episódio de ITU. Hidronefrose, refluxo vesicoureteral, anomalias congênitas devem ter seguimento com cintilografia renal e uretrocistografia.
CONCLUSÃO Após o primeiro episódio de ITU é fundamental o diagnóstico precoce de anomalias do trato urinário pelo USG e tratamento adequado, com o objetivo de minimizar danos renais, evolução para hipertensão arterial e comprometimento progressivo da função renal.
Responsável
PATRICIA ALMEIDA WATSON VARANDAS
Gomes, C.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):103.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Caso da síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada(SVKH) ocorrido em paciente de doze anos com abertura de quadro com acometimento exclusivamente oftalmológico e melhora eficaz pelo tratamento proposto. Tal síndrome consiste em uma enfermidade rara que pode atingir os tecidos que contêm melanócitos, como os olhos, sistema nervoso central, orelha interna e pele, com provável etiologia autoimune. Há, dessa forma, destruição dos melanócitos desses tecidos por processos inflamatórios.
OBJETIVO: Mostrar as particularidades dessa patologia e seus acometimentos isolados, com grande dificuldade diagnóstica na maioria das vezes.
MATERIAL E MÉTODO: LASM, doze anos, branca, natural e residente no Rio de Janeiro. Apresentou-se com a queixa inicial de vermelhidão e turvação nos olhos no início de janeiro de 2014. Teve diagnóstico de conjuntivite por duas vezes consecutivas, fazendo uso de colírio antibiótico, sem melhora do quadro. Após o segundo episódio, começou a apresentar cefaléia e piora da turvação ocular. Procurou novamente oftalmologista que realizou, desta vez, a aferição de pressão intra- ocular. que estava aumentada. Foi prescrito nessa ocasião Maleato de Timolol por dez dias. Nesse intervalo perdeu progressivamente a visão, chegando a outro hospital em 24/02/14 com essa queixa e cefaléia de forte intensidade. Foi atendida, em primeira instância, pela emergência pediátrica e encaminhada para a oftalmológica, onde diagnosticou-se o descolamento bilateral de retina e suspeitou-se da SVKH. Nesse momento foi internada e iniciou-se o tratamento com corticóide e imunossupressores.
RESULTADOS: A paciente teve alta com dez dias de internação, ainda com baixa acuidade visual e prescrição de Prednisolona VO , fazendo uso desta por noventa dias e obtendo melhora de 100% do descolamento da retina. Cabe ressaltar que não houve demais alterações em outros sistemas e que encontra-se ainda em acompanhamento severo pela Pediatria, Oftlmologia e Endocrinologia.
CONCLUSÃO Trata-se de um caso relevante por sua raridade clínica de peculiar diagnóstico e sua boa resposta ao tratamento proposto.
Responsável
PATRICIA ELOAN DA SILVA MONTEIRO
Esposito A.; Barth A.; Queiroz M.; Macedo G.; Goés F.; Horovitz D.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):104.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A Doença de Pompe (DP - glicogenose tipo II) é uma doença de depósito lisossômico, causada por deficiência da enzima alfa-glicosidase ácida, de herança autossômica recessiva, afetando o sistema muscular. É classificada em: forma clássica/infantil, com comprometimento miocárdico, hipotonia grave e óbito precoce; formas juvenil e adulta, comprometendo predominantemente musculatura esquelética. Desde 2006 há tratamento específico com terapia de reposição enzimática (TRE), que mudou a história natural da doença, permitindo a sobrevida e melhorando a qualidade de vida.
OBJETIVO: Relatar três casos de DP com diferentes formas de apresentação
MATERIAL E MÉTODO: - Caso 1: sexo feminino, irmão falecido aos quatro meses com diagnóstico de DP. Diagnóstico confirmado ao nascimento,.TRE iniciada aos 2 meses. Aos 5 anos é hipotônica, capaz de deambular, necessitou gastrostomia por microaspirações e pneumonias de repetição,
RESULTADOS: Estes pacientes ilustram a diversidade de apresentação e dificuldade diagnostica da DP, especialmente nas formas não clássicas, na ausência de antecedente familiar.
CONCLUSÃO Os achados característicos para suspeita são: hipotonia e/ou fraqueza muscular inexplicadas, hipertrofia miocárdica e CPK elevada. Em caso de suspeita de atrofia muscular espinhal a DP deve sempre ser investigada. O alto grau de suspeição da DP é fundamental para o diagnóstico, permitindo iniciar a TRE o quanto antes.
Responsável
PATRICIA SANTANA CORREIA
Macedo G.; Madeira L.; Queiroz M.; Correia P.; Llerena Jr, J.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):105.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A osteogênese imperfeita (OI), popularmente conhecida como "doença dos ossos de vidro", é uma doença determinada geneticamente e caracterizada por uma desordem do tecido conjuntivo associada à fragilidade óssea, deformidades e deficiência do crescimento. Existem 12 tipos de OI identificados, 90% de transmissão autossômica dominante. As características clínicas de cada tipo correspondem às diferentes mutações dos genes que codificam as proteínas ou enzimas envolvidas na biossíntese do colágeno. A ocorrência de fraturas intra-útero nestes pacientes está descrita como sendo a maioria nas formas graves, mas pode ocorrer também nas formas mais leves. Assim, a presença de deformidades em membros ou fraturas nas ultrassonografias (USG) obstétricas deve levar à suspeita de OI. O parto, então, deve ser programado, contraindicando a via baixa, a fim de evitar futuras lesões no concepto.
OBJETIVO: Avaliar os casos de OI com diagnóstico intra-útero de deformidades ou fraturas acompanhados no ambulatório de OI do IFF.
MATERIAL E MÉTODO: Foram avaliados 41 pacientes e 17 tinham alterações observadas no USG obstétrico (41% da amostra estudada) sendo 4 nascidos por parto vaginal. 8 pacientes foram classificados como tipo I, a forma mais leve da doença, e os demais apresentavam formas graves ou moderadas.
RESULTADOS: Dentro da nossa casuística houve uma grande prevalência de alterações detectadas já no pré-natal, inclusive nas formas leves da OI. Mesmo com diagnóstico intra-útero, alguns nasceram de parto vaginal, com risco de novas fraturas.
CONCLUSÃO O reconhecimento de alterações esqueléticas sugestivas de OI no pré-natal deve motivar uma maior atenção tanto da parte dos obstetras quanto dos pediatras, visando possibilitar um nascimento com menos intercorrências.
Responsável
PATRICIA SANTANA CORREIA
Oliveira, G.M.; Ramos, L.L.P.; Ignêz, L.S.; Almeida, J.V.; Madeira, L.F.A. ; Góes, F.V.; Correia, P.S.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):106.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A doença de Tay-Sachs é uma doença genética autossômica recessiva que resulta da mutação no gene HEXA levando a um defeito da subunidade alfa da hexosaminidase A, gerando o acumulo do GM2 nos neurônios e resultando em uma meganeurite e neurodegeneração. As formas infantil e juvenil tardia aparecem na variante B1, que possui maior incidência no norte de Portugal. O início dos sintomas ocorre entre 2 e 10 anos evoluindo com ataxia cerebelar, incoordenação e disartria seguidas de deterioração psicomotora, arreflexia, sinais piramidais, espasticidade, mioclonia e epilepsia. Essa variante pode não apresentar a mancha vermelho-cereja típica no fundo de olho e a eletroneuromiografia pode apresentar denervação muscular atrófica. O diagnóstico laboratorial habitualmente é feito com testes enzimáticos em leucócitos ou cultura de fibroblastos para avaliar a atividade da hexoaminidase A.
OBJETIVO: Descrever e atentar para os diagnósticos diferenciais de síndromes que cursam com hipotonia, regressão do desenvolvimento e crise convulsiva no período pré-escolar.
MATERIAL E MÉTODO: Paciente sexo feminino com 3 anos e 5 meses, iniciou quadro de crises convulsivas tônico-clônicas e mioclonias aos 3 anos, de caráter progressivo e de difícil controle. Apresenta história de desenvolvimento motor sem atrasos, porém com certo grau de fraqueza muscular e atraso de linguagem importante. História familiar neonatal e gestacional sem intercorrências. Inicialmente apresentou hipotonia axial e apendicular, incoordenação motora e sinais de piramidalismo evoluindo com hipotonia progressiva, distonia generalizada, aumento na frequência das crises convulsivas, apraxia oculomotora e plegia de membros inferiores. A eletroneuromiografia evidenciou aumento de amplitude.
RESULTADOS: Suspeitou-se de distrofia neuroaxonal e doença de depósito (gangliosidose), então solicitou-se dosagem da atividade de hexoaminidases e beta-galactosidades evidenciando redução significativa de hexosaminidase A-MUGS, obtendo o diagnóstico de Tay-Sachs variante B1.
CONCLUSÃO Apesar da epilepsia responder bem aos anticonvulsivantes, a neurodegeneração progride inexoravelmente. Embora haja estudos promissores para o tratamento, ainda não existe terapia que regrida a progressão da doença.
Responsável
PATRICIA SANTANA CORREIA
Navi, N.P.; Santos, L.P.B.; Lombardi, P.I.M.L.; Arbex, M.B.B.; Simoes, P.F.; Fernandes, R.B.A.; Soares, M.V.; Guerra, I.P.; Luz, C.A.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):107.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O uso da imunoglobulina intravenosa (IgIV) é indicada em diversas situações, tanto para reposição nas deficiências de imunoglobulinas quanto em terapêuticas imunomoluduladoras. Efeitos adversos podem ocorrer em até 20% dos casos, sendo a maioria leve e transitório, tais como mialgias, febre, náuseas, vômitos, hipotensão, taquicardia e cefaléia. Estes se iniciam durante ou logo após a infusão, e normalmente são controlados diminuindo a velocidade de infusão ou interrompendo o uso. Entretanto, efeitos mais graves podem ocorrer como anafilaxia, tromboembolias, complicações renais, hemólise e neutropenia.
OBJETIVO: Alertar sobre um dos efeitos graves da imunoglobulina.
MATERIAL E MÉTODO: W.S.C., sexo masculino, 12 anos, com miastenia gravis há dois anos e internado para realização de timectomia. No pré-operatório, realizou dois dias de IgIV 1g/kg/dia (total 150g). O paciente apresentou-se ictérico após 36h do término da infusão, sendo solicitados exames laboratoriais. Nos resultados observou-se anemia, aumento dos reticulócitos, hiperbilirrubinemia indireta, elevação de LDH, Coombs direto positivo, caracterizando anemia hemolítica. Foi prescrito prednisona 1mg/Kg/dia por quatro semanas. Evoluiu com diminuição progressiva da hemoglobina até sete dias após a infusão da imunoglobulina (queda total de 4,9mg/dL) e interrupção da hemólise após seis dias de uso do corticoide.
RESULTADOS: A hemólise intravascular após infusão de IgIV, com Coombs direto positivo é pouco frequente. Seu mecanismo ocorre pela ação dos anticorpos contra o sistema ABO e Rh que podem estar contidos na IgIV. Os fatores de risco já identificados que parecem estar relacionados à hemólise são: altas doses de IgIV (>100 gramas em 2 a 4 dias), grupos sanguíneos A ou B, marcador inflamatório positivo e sexo feminino. A queda total da hemoglobina, em média, é de 3,2mg/dL, podendo ser observada até 10 dias após a primeira infusão de IgIV.
CONCLUSÃO A IgIV contém anticorpos que podem causar diversos efeitos colaterais, incluindo anemia hemolítica. Cabe ao clínico saber identificá-los e conduzi-los de forma adequada.
Responsável
PEDRO IVO DE MOURA LEITE LOMBARDI
Torbey, A.F.M.; Souza, A.L.A.A.G.; Souza, L.C.M.R.; Santos, L.P.B.; Firme, L.H.C.; Luz, C.A.; Navi, N.P.; Oliveira, V.F.; Cestari, A.B.C.S.S.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):108.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: As cardiopatias congênitas apresentam incidência de 5 -8% na população geral e em gestantes com fator de risco podem chegar a 25%. O diagnóstico pré-natal é fundamental para o melhor planejamento ao nascimento dos portadores de cardiopatias congênitas.
OBJETIVO: Determinar a evolução dos recém-nascidos cardiopatas diagnosticados através do ecocardiograma (ECO) fetal, quanto à necessidade de internação em uti neonatal, tratamento cirúrgico e sua mortalidade.
MATERIAL E MÉTODO: Estudo retrospectivo dos portadores de cardiopatia congênita diagnosticados ao ecocardiograma fetal entre 2010 e 2014 no ambulatório de cardiologia fetal do Hospital Universitário Antônio Pedro. Foram estudadas as seguintes variáveis: cardiopatia congênita, necessidade de internação em UTI neonatal, cirurgia cardíaca no período neonatal e mortalidade.
RESULTADOS: Foram realizados 224 exames, em que 53 (23,6%) apresentaram alteração ao ECO fetal, sendo as mais frequentes: arritmias cardíacas (8 casos), hipertrofia concêntrica do ventrículo esquerdo (7 casos), comunicação interventricular (5 casos), anomalia de Ebstein (4 casos), transposição dos grandes vasos da base (4 casos), coarctação da aorta (4 casos) e cardiopatia complexa (4 casos). A internação em unidade de terapia intensiva neonatal foi recomendada em 23 casos. Foram submetidos à cirurgia cardíaca no período neonatal 15 pacientes, 13 já se encontram em acompanhamento ambulatorial, e 2 permanecem internados. A mortalidade fetal foi de 5,6 % (n=3) e o óbito no período neonatal foi de 4 casos (7,5 %). Dos pacientes que evoluíram para o óbito, 3 foram encaminhados para estudo anatomopatológico, o qual mostrou concordância diagnóstica.
CONCLUSÃO O diagnóstico intra-útero e precoce das cardiopatias congênitas influencia na morbi-mortalidade dos recém-nascidos, devido ao melhor preparo da equipe para sala de parto, estabilização em unidade de terapia intensiva e programação para a abordagem cirúrgica.
Responsável
PEDRO IVO DE MOURA LEITE LOMBARDI
Santos, L.P.B.; Navi, N.P.; Lombardi, P.I.M.L.; Tavares, S.R.; Arbex, M.B.B.A.; Simoes, P.F.; Guerra, I.P.; Soares, M.V.; Soares, V.K.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):109.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O derrame pleural (DP) consiste em acúmulo de líquido na cavidade pleural e está presente em várias doenças.
OBJETIVO: Relatar um caso de tuberculose pleural realçando a importância de se pesquisar a etiologia tuberculosa como causa de DP, visto que as localizações mais frequentes de tuberculose (TB) extrapulmonar são: gânglios periféricos, pleura, ossos e meninges.
MATERIAL E MÉTODO: Paciente, sexo masculino, 14 anos, com história de internação prévia há 45 dias por pneumonia e DP, à época submetido à antibioticoterapia e drenagem pleural com melhora clínico-radiológica. Após 15 dias da alta, na revisão ambulatorial, foi novamente detectado DP à radiografia de tórax, sendo encaminhado ao HUAP. Paciente em bom estado geral, corado e afebril. Tórax atípico, expansibilidade e frêmito diminuídos à esquerda, submacicez e murmúrio vesicular abolido em 2/3 inferiores do hemitórax esquerdo. Evoluiu com piora clínica, sendo necessária nova drenagem. Líquido pleural de aspecto purulento, proteína 6g/dL, glicose 8mg/dL, desidrogenase lática 1796 U/L, celularidade e pH prejudicados devido viscosidade da amostra, pesquisa direta negativa para germes comuns e positiva para bacilo álcool ácido resistente (BAAR). Iniciado esquema RIPE com boa resposta clínica, porém radiografia de tórax com espessamento pleural maior que 1 centímetro.
RESULTADOS: Existem várias causas de DP, sendo a infecciosa a mais prevalente na infância e adolescência. A investigação de TB pleural inclui: exame do líquido pleural com citologia, bioquímica, pesquisa direta e cultura para BAAR, dosagem de adenosina deaminase e biópsia pleural.
CONCLUSÃO Diante da grande prevalência de TB em nosso país faz-se necessário pensar nesta doença como causa de DP, especialmente quando há dissociação clínico radiológica, ausência de resposta ao tratamento com antibióticos para germes comuns, evolução arrastada, além de exames laboratoriais sugestivos. Assim, o tratamento é iniciado precocemente reduzindo o risco de sequelas
Responsável
PEDRO IVO DE MOURA LEITE LOMBARDI
PROVITINA, CF; OBADIA, DA; PELEGRINA, PRD; ARAUJO,PA; FREITAS, ALS; REGO, JD; VALETE, COS
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):110.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A Varicela é uma enfermidade infecto-contagiosa comum em crianças, podendo evoluir de forma grave,apresentando lesões de tecidos subcutâneos com necrose, rapidamente progressivas, que podem ser fatais. A identificação precoce dos casos graves e seu encaminhamento para tratamento intensivo são fundamentais para o bom prognóstico
OBJETIVO: Descrever caso de Varicela necrotizante
MATERIAL E MÉTODO: Menina, 11 anos, internada com lesões de varicela associada à sepse, vasculite e choque. Contato intradomiciliar com irmão doente. Admitida com vesículas e crostas, celulite facial à direita, edema doloroso em regiões cervical e torácica superior bilateral, vasculite em pescoço, região inguinal esquerda e membros inferiores, febre, prostração, taquicardia, taquipneia, hipotensão, anúria, perfusão capilar lentificada e extremidades frias. Proteína C reativa elevada. Ultrassonografia e Tomografia de região cervical compatíveis com celulite e edema. Sob os cuidados da equipe de Terapia Intensiva, iniciou Aciclovir, Oxacilina e Clindamicina, substituídos por Meropenem e Cefepime devido à Pseudomonas aeruginosa em secreção de lesões cervicais e, posteriormente, por Vancomicina e Ciprofloxacino, pela presença de Staphylococcus coagulase negativo em hemocultura e swab de lesões . Fez Fluconazol devido o swab de secreção das lesões contendo Candida. Utilizou Imunoglobulina venosa, aminas vasoativas, hidrocortisona, furosemida e reposição volêmica com cristaloide. Submetida à ventilação não invasiva. Realizou desbridamentos cirúrgicos das áreas necrosadas e enxertia de pele sintética pela Cirurgia Plástica, além de sessões de tratamento hiperbárico. Com evolução clínica satisfatória, recebeu alta hospitalar após dois meses, com acompanhamento ambulatorial.
RESULTADOS: A Varicela é causa pelo DNA vírus varicela-zoster, cuja transmissão é de forma direta. Tem como complicações: infecções de pele e subcutâneo (mais comuns), pneumonia e infecções do sistema nervoso central. O aspecto das lesões pode ser peculiar, típico ou hemorrágico, evoluindo algumas vezes para necrose, caracterizando a chamada varicela necrotizante.
CONCLUSÃO O diagnóstico correto, o tratamento intensivo precoce e a abordagem continuada da cirurgia plástica garantiram a evolução satisfatória neste caso.
Responsável
POLLIANY ROBERTA DORINI PELEGRINA
Obadia, D.A.; Provitina, C.F.; Souza, R.L.C.; Santana, B.P.; Oliveira,V.S.C.; Reis, F.A.; Rego, J.D.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):111.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A Deficiência Seletiva de IgA é bastante freqüente e os pacientes podem apresentar-se assintomáticos ou com quadros de infecções de repetição graves (vias aéreas superior e inferior e gastrointestinais).
OBJETIVO: Descrever caso de sepse em paciente com imunideficiência
MATERIAL E MÉTODO: Escolar de 7 anos, histórico de 2 episódios de pneumonia, inúmeras sinusites e gastroenterite por rotavírus, diagnosticada com deficiência de IgA há 1 ano. Deu entrada no CTI com gastroenterite aguda após ingestão de comida japonesa. Evoluiu com choque hipovolêmico, acidose metabólica, distúrbio hidroeletrolítico e falência renal. Iniciou-se antibioticoterapia de largo espectro, aminas vasoativas e hemodiálise contínua. A coprocultura isolou uma estirpe de Shigella sensível a ciprofloxacino e cefepime. Após 17 dias apresentou boa progressão clínica, estabilização hemodinâmica e recuperação das funções renal e pulmonar, permitindo suspender os suportes de aminas vasoativas, ventilatório e da terapia de substituição renal.
RESULTADOS: A IgA nos protege contra microorganismos invasores (vírus e bactérias) na superfície das mucosas. A incapacidade de produzi-la pode ser parcial ou total. É total quando seu nível sérico é menor do que 5 mg/dl, com IgM e IgG normais, e não há produção de IgA secretora. Na parcial, o nível sérico é maior do que 5 mg/dl, porém, dois desvios-padrões menores do que o valor normal para a idade. Apesar da maioria dos pacientes serem assintomáticos, alguns apresentam infecções de repetição levando ao rastreio imunológico permitindo o diagnóstico. O tratamento das infecções deve ser realizado com antibiótico adequado e devem ser evitadas transfusões sanguíneas devido ao risco aumentado de reações devido à presença de anticorpos anti-IgA. A reposição de imunoglobulinas não está indicada.
CONCLUSÃO Devemos atentar aos quadros de infecções de repetição e investigar possíveis imunodeficiências. As crianças que possuem esse diagnóstico devem ser acompanhadas por estarem sob risco maior de desenvolvimento de doenças autoimunes e evolução para Imunodeficiência Comum Variável.
Responsável
POLLIANY ROBERTA DORINI PELEGRINA
Pelegrina, P.R.D.; Araujo, P.A.; Reis, F.A.; Oliveira,V.S.C.; Santana, B.P.; Souza, R.L.C.; Freitas, A.L.S.; Valete, C.O.S.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):112.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Pacientes internados para tratamento de pneumonia, que mantém sintomatologia clínica apesar do tratamento, devem sempre ser investigados quanto à outras patologias clínicas que possam justificar o quadro. Hérnias diafragmáticas não podem ser excluídas dos diagnósticos diferenciais a serem abordados.
OBJETIVO: Descrever caso de Hérnia de Morgagni
MATERIAL E MÉTODO: Paciente de 9 meses, prematuro de 33 semanas, gemelar, com ileostomia devido à enterocolite necrotizante neonatal. Internado para tratamento de pneumonia, mantendo esforço respiratório apesar de antibióticoterapia venosa (amoxicilina+clavulanato). Em uma nova radiografia de tórax há manutenção da imagem de hipotransparência arredondada. Uma tomografia de tórax sem contraste evidencia uma massa em terço inferior do mediastino anterior. Opta-se pela realização de uma biópsia com radiologista intervencionista, cujo resultado mostra presença de células hepáticas. Por fim, realiza-se uma ressonância de abdome que traz como laudo: Formação expansiva sólida com sinal semelhante ao fígado protuindo pelo trígono esterno costal direito e se insinuando anteriormente ao mediastino. Sem impregnação anômala de contraste. Aspecto sugere Hérnia de Morgagni com herniação hepática.
RESULTADOS: A Hérnia de Morgagni é responsável por 2 a 6% das hérnias diafragmáticas. Causada por defeitos no diafragma e localiza-se atrás do osso esterno. A malformação é obliterada pelo pericárdio, portanto, a maioria das hérnias estão localizadas à direita. Grande parte dos casos é assintomático e a hérnia pode ser encontrada acidentalmente em uma radiografia. Por outro lado, alguns pacientes podem manifestar sintomas de dor retroesternal, dispnéia e tosse. Recomenda-se o reparo cirúrgico para todos os pacientes.
CONCLUSÃO Apesar de ser uma patologia com uma incidência pequena, pacientes com imagem suspeita em exame de imagem e com manifestação clínica devem sempre ser investigados e avaliados quanto à possibilidade de alguma má formação anatômica que justifique a manutenção do quadro clínico.
Responsável
POLLIANY ROBERTA DORINI PELEGRINA
Araújo, P.A.; Souza, R.L.C.; Pelegrina, P. R.D.; Obadia, D. A.; Santana, B.P.; Reis, F. A.; Oliveira, V.S.C.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):113.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Pneumonia necrotizante (PN) é uma complicação rara e grave das pneumonias comunitárias, e sua incidência vem aumentando.
OBJETIVO: Relatar um caso clínico ocorrido em junho de 2014, no Prontobaby - Hospital da Criança.
MATERIAL E MÉTODO: Lactente do sexo feminino, 4 meses de idade, sem história pregressa importante, admitida na emergência com queixa de tosse produtiva há 5 dias associada à náusea e diarreia. Apresentava-se afebril, gemente, fontanela normotensa, vias aéreas superiores congesta, hiperemia moderada de orofaringe, taquidispneica, com tiragem subcostal e de fúrcula esternal moderada, roncos e sibilos à ausculta. Realizado o diagnóstico, foram solicitados hemograma completo mostrando leucocitose sem desvio e radiografia de tórax com condensação em lobo superior direito. Iniciada antibioticoterapia empírica com penicilina cristalina. Houve melhora clínica, porém no terceiro dia evoluiu com piora radiológica, optando-se por trocar a antibioticoterapia por amoxicilina com clavulanato. Realizados novos exames de imagem, observou-se derrame pleural e iniciou-se oxacilina. Apesar disso, a paciente apresentou piora radiológica. Havendo troca do esquema antibiótico para cefepime, vancomicina e claritromicina, utilizou-os por 21 dias, tendo condições de alta hospitalar.
RESULTADOS: A criança com PN apresenta um aspecto doente, febre alta e sintomas respiratórios com hipoxemia, devendo esse diagnóstico ser pensado diante de uma pneumonia com evolução desfavorável. A tomografia computadorizada é o exame padrão ouro para o diagnóstico. A antibioticoterapia deve ser prolongada (por 4 semanas), sendo a vancomicina e a clindamicina os antibióticos de escolha. Mesmo sendo uma uma doença grave na fase aguda, a PN tem um prognóstico favorável na população pediátrica.
CONCLUSÃO Conclui-se que há relevância na demonstração do caso, pois devemos ficar atentos aos quadros de pneumonias comunitárias que se arrastam por um longo período, associados à sinais e sintomas de piora. Havendo diagnóstico precoce e tratamento e acompanhamento adequados, o paciente evolui para a cura sem maiores complicações ou sequelas.
Responsável
PRISCILA DE ALMEIDA ARAUJO
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):114.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O intestino curto é observado quando há ressecção de considerável parte do intestino, quando inadequado para manter a nutrição satisfatória, tem-se a síndrome do intestino curto. Os pacientes acometidos podem depender cronicamente de nutrição parenteral total. Dentre as etiologias dessa síndrome a mais comum é a Enterocolite Necrosante. A adaptação intestinal é um processo fundamental na determinação das conseqüências fisiopatológicas da síndrome e resulta da resposta de mudanças na estrutura intestinal, motilidade e função.
OBJETIVO: Relatar o caso de intestino curto que obteve sucesso no procedimento de enteroplastia transversa seriada, tendo como objetivo específico demonstrar a aplicabilidade desta técnica em crianças e a melhora da qualidade de vida que a cirurgia propõe.
MATERIAL E MÉTODO: O presente trabalho relata um caso de intestino curto após ressecção por enterocolite necrosante, onde houve distensão do intestino devido à provável brida, possibilitando a realização da enteroplastia de aumento.
RESULTADOS: O manejo eficaz do grupo de pacientes com intestino curto requer uma abordagem multidisciplinar abrangente, em função da complexidade desta condição. Dentre as estratégias cirúrgicas, a enteroplastia transversa seriada de aumento supera as limitações de outras técnicas e produz maior sobrevida com melhor qualidade de vida.
CONCLUSÃO Conclui-se que os pacientes portadores de intestino curto requerem muita dedicação da equipe médica e dos familiares para que o planejamento terapêutico não seja negligenciado. Recursos terapêuticos clínicos e cirúrgicos são inúmeros e a estratégia deve ser individualizada.
Responsável
PRISCILA DE ALMEIDA ARAUJO
Gonçalves, R.; Maia, P.N.; Metzner, J.P.; Ferreira, S.; Parente, A.A.I.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):115.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A estimativa mundial da incidência de pneumonia adquirida na comunidade (PAC) entre crianças menores de cinco anos, nos países em desenvolvimento, é de cerca de 150,7 milhões de casos novos/ano. As variáveis de risco para a PAC, relacionados ao hospedeiro são: desnutrição, baixa idade, comorbidades, baixo peso ao nascer, episódios prévios de sibilos e pneumonias, ausência de aleitamento materno, vacinação incompleta, e infecções virais respiratórias. O conhecimento dessas variáveis pode direcionar medidas estratégicas para redução da PAC na infância.
OBJETIVO: Descrever o perfil clínico de crianças e adolescentes internados com pneumonia adquirida na comunidade (PAC), separando-os em dois grupos: com e sem comorbidades.
MATERIAL E MÉTODO: Estudo observacional, longitudinal, descritivo, com coleta prospectiva dos dados, realizado na coorte de pacientes de 0-11anos, internados com diagnóstico clínico e radiológico de PAC de janeiro de 2010 a janeiro de 2012. Feita análise descritiva; exploratoriamente buscou-se comparar os dois grupos por regressão logística quanto a possíveis fatores de risco para PAC através de risco relativo (RR) com intervalo de confiança (IC) de 95%. O processo de seleção das variáveis independentes foi o de stepwise forward, ao nível de 5%.
RESULTADOS: Foram avaliados 121 casos: 47,9% tinham comorbidades. Na análise bivariada, pacientes com comorbidades mostraram maior chance de apresentar: idade >60 meses (p=0,005), desnutrição (p=0,002), uso prévio de antimicrobianos (p=0,008), internação por PAC nos últimos 24 meses (p=0,004). Na multivariada, estas foram variáveis preditoras independentes para PAC, nos pacientes com comorbidades: idade >60 meses (p=0,002; RR=5,39; IC 95%: 1,89-15,4); desnutrição (p=0,008; RR=1,75; IC 95%: 1,75-44,6); uso prévio de antimicrobianos (p=0,013; RR=3,03; IC95%: 1,27-7,2); internação prévia por PAC (p=0,03; RR=2,91; IC95%: 1,08-7,9).
CONCLUSÃO A maioria daqueles com PAC e comorbidades tinha idade >60 meses, desnutrição, fizera uso prévio de antimicrobianos e havia internado por PAC; as comorbidades relacionam-se à maior chance de desnutrição e à internações por PAC em faixa etária mais elevada que crianças sem comorbidades. O conhecimento desse perfil clínico pode contribuir para melhor assistência da PAC em pacientes pediátricos internados em serviços de referência.
Responsável
RAFAELA BARONI AURILIO
Rubini, N.P.M; Liberal, E.F.; Neto, C.P.L.; Velasco, C.; Barboza, N.S.; Coelho, A.C.C.S.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):116.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Agamaglobulinemia de Bruton é uma imunodeficiência primária (IDP) rara, de herança recessiva ligada ao X, com incidência de 1/100.000, caracterizada pela redução/ausência de células B e imunoglobulinas, levando, principalmente, à maior suscetibilidade de infecções bacterianas graves.
OBJETIVO: Descrever um paciente com Agamaglobulinemia de Bruton, cuja apresentação clínica inicial foi caraterizada por otite média (OM) de repetição.
MATERIAL E MÉTODO: Criança de 4 anos, sexo masculino, branco, com histórico de OM de repetição a partir dos 5 meses de vida, com 23 episódios até o quarto ano de vida. Havia relato de pansinusite aos 2 anos e conjuntivite bacteriana aos 3 anos. Aos 3 anos e 8 meses foi indicada cirurgia para implantação de tubo de ventilação. Nos exames pré-operatórios, foi observada ausência de adenoide e amígdalas, sendo o paciente encaminhado para imunologista. Nos antecedentes familiares havia relato de óbito de tio avô materno aos 4 meses de vida por pneumonia. Avaliação imunológica: CD3 - 4.602 (96%), CD19 - 48 (1%), CD4 - 3.403 (71%), CD8 - 959 (20%); IgG - 164 mg/dL, IgA - 27 mg/dL, IgM, IgE e subclasses de IgG indosáveis. A agenesia de adenoides e amígdalas, redução de linfócitos B e produção de imunoglobulinas, ao lado do histórico familiar, possibilitaram o diagnóstico de Agamaglobulinemia de Bruton. O paciente iniciou o uso de imunoglobulina humana aos 4 anos, evoluindo bem até o presente.
RESULTADOS: Merece destaque a permanência do paciente até os 4 anos, sem diagnóstico e tratamento adequado, apresentando apenas IVAS recorrentes, em especial OM, sem infecções bacterianas graves. Certamente, o uso frequente de antibioticoterapia para tratamento de OM atuou como profilaxia para infecções bacterianas invasivas.
CONCLUSÃO Este relato ressalta a importância de pediatras e otorrinolaringologistas considerarem no diagnóstico diferencial de OM de repetição a possibilidade de IDP.
Responsável
RAFAELA MENDES DE ALMEIDA ARAÚJO
Tortori, M.M.R.L.; Liberal, E.F.; Lemos, D.S.S.; Cunha, M.O.S.; Barboza, N.S.; Goulard, N.V.; Yatabe, S.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):117.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O principal objetivo da criação da Laped-UNIRIO foi aprofundar o conhecimento científico, médico e social na área de Pediatria, associado à vivência e práticas na área. Nos últimos quatro anos, elaboramos e desenvolvemos projetos pautados nos princípios básicos de uma Liga Acadêmica: Ensino, Pesquisa e Extensão.
OBJETIVO: Relatar a experiência da Liaped-Unirio em seu 4º ano de funcionamento.
MATERIAL E MÉTODO: Desde sua fundação, as atividades e projetos propostos pela LAPED abrangem as áreas de Ensino, Pesquisa e Extensão. Em ensino, ocorrem através de seminários apresentados regularmente por membros da Liga, palestras com professores convidados, exibição de vídeos e documentários sobre temas em pediatria e a realização da "Oficina de Reanimação Neonatal". A produção científica se dá por meio da realização anual de Jornadas Acadêmicas, Simpósios, participação em congressos de pediatria com apresentação de trabalhos e financiamento de inscrições para membros e desenvolvimento de pesquisa, atualmente sobre bullying.As atividades de extensão são realizadas na comunidade e englobam a realização de ações sociais como o "Natal LAPED" e de Dia das Crianças, com arrecadação de brinquedos para as crianças assistidas pelo HUGG e outras instituições beneficentes, e o desenvolvimento de dois projetos de extensão, em prevenção de acidentes e puericultura.
RESULTADOS: A LAPED tem contribuído para a formação acadêmica e médica de seus membros. Anualmente, o número de interessados em participar aumenta e os eventos promovidos contam com grande participação externa de alunos e professores da EMC e de outras faculdades.
CONCLUSÃO A LAPED-UNIRIO possui poder transformador e construtivo na formação médica e social. Suas atividades proporcionam discussões e reflexões sobre diversos cenários práticos, teóricos e filosóficos, sobre a prática médica e a relação médico-paciente. Essa vivência é um estímulo à formação de profissionais mais humanos e reflexivos sobre a prática médica pediátrica.
Responsável
RAFAELA MENDES DE ALMEIDA ARAÚJO
Coelho, A.C.C.S.; Barboza, N.S.; Rubini, N.P.M.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):118.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: No Brasil, devido à alta prevalência de tuberculose, crianças com exposição vertical ao HIV, apesar do risco de reação adversa, devem receber a vacina BCG ao nascimento, conforme o calendário básico de vacinação.
OBJETIVO: Descrever dois casos de reação à vacina BCG em crianças HIV+/AIDS.
MATERIAL E MÉTODO: Caso 1: T.P.Q., DN: 03/11/2007, sexo feminino, infecção HIV/Aids por transmissão vertical, início dos sintomas aos 2 meses e diagnóstico aos 4 meses, classificação C3, aplicação de BCG ao nascimento e reação adversa regional aos 6 meses, consistindo abcesso de aproximadamente 3 cm de diâmetro em linha anterior da axila direita, drenando coleção purulenta, bordas hiperemiadas e disseminação linfática. Foi realizada drenagem e tratamento com isoniazida + rifampicina + etambutol. Evoluiu com boa resposta e, atualmente, está assintomática, com CD4 = 2.329 céls/mm3 e carga viral indetectável. Caso 2: M.G.A., DN: 15/05/2005, sexo feminino, infecção HIV/Aids por transmissão vertical, com inicio dos sintomas e diagnóstico aos 2 meses, classificação C3, aplicação de BCG ao nascimento e reação adversa regional aos 6 meses , consistindo nódulo bilobulado em região infra-axilar anterior direita com edema, vermelhidão, livre, móvel, não dolorido à palpação e de consistência semidura. Foi realizada drenagem e tratamento com isoniazida + rifampicina + etambutol. Evoluiu com boa resposta e, atualmente, está assintomática, com contagem de CD4 = 1.424 céls/mm3 e carga viral indetectável.
RESULTADOS: Os casos relatados ressaltam o risco de reação adversa ao BCG em lactentes infectados pelo HIV com imunodepressão grave. Ambas pacientes apresentaram boa resposta ao tratamento e boa evolução.
CONCLUSÃO Considerando que ocorrência de reação adversa ao BCG em lactentes com infecção pelo HIV um evento raro, a tuberculose endêmica no país e principal coinfecção em crianças/adolescentes com infecção pelo HIV, os benefícios da vacinação com o BCG ao nascimento superam os riscos de eventos adversos.
Responsável
RAFAELA MENDES DE ALMEIDA ARAÚJO
Rezende, B.; Lima, F.; Leitao, G.; Medeiros, R.; Monteiro, R.; Mendanha, S.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):119.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A neurofibromatose tipo 1 (NF1) é uma doença genética autossômica dominante, crônica e progressiva, com incidência de 1/2.000 a 1/7.800 nascidos vivos e sem predileção de raça ou sexo.
OBJETIVO: Realizar o relato de um caso sobre NF1 em adolescente, enfatizando as manifestações clínicas, o diagnóstico e a associação com cardiomiopatia hipertrófica.
MATERIAL E MÉTODO: Adolescente, sexo masculino, 15 anos, com diagnóstico de neurofibromatose tipo 1, segundo os critérios da National Institutes of Health (NIH), que incluem manchas café com leite, efélides em região axilar e inguinal bilateralmente, nódulos de Lisch e neurofibroma plexiforme em região glútea. Apresentou alterações ao exame físico cardiológico e alterações ecocardiográficas compatíveis com cardiomiopatia hipertrófica. Não há tratamento eficaz para prevenir ou reverter as lesões características da NF-1, exceto a detecção precoce de complicações e o aconselhamento genético.
RESULTADOS: Neste trabalho relatamos uma apresentação fora da faixa etária usualmente encontrada na literatura e a presença de cardiomiopatia hipertrófica associada que raramente é descrita em artigos científicos publicados.
CONCLUSÃO Trata-se de um relato de caso, cujo objetivo foi apresentar um adolescente com critérios diagnósticos para NF1, além de uma manifestação clínica associada, raramente descrita na literatura, a miocardiopatia hipertrófica. Chegamos ao diagnóstico através de uma anamnese detalhada, exame físico, exames complementares e avaliações pela cardiologia, oftalmologia e neurologia. Destacamos a importância do diagnóstico dessa condição cardiológica, já que a mesma representa a principal causa de morte súbita em jovens.
Responsável
RENATA MONTEIRO BARROS DA SILVA
Antunes, S.C.; Oliveira, N.M.; Morais, R.C.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):120.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O peso ao nascer é considerado um dos mais importantes determinantes das chances de sobrevivência e da qualidade de vida das crianças. A incidência de recém-nascidos com baixo peso (RNBP) está diretamente relacionada à saúde da população em que eles nascem (nutrição, saneamento, habitação, hábitos higiênicos e sexuais, condições de trabalho, assistência perinatal, etc.) [ANDRADE, 2008].
OBJETIVO: Identificar causas para o nascimento de recém-nascidos com baixo peso de gestantes atendidas na UBSF São Geraldo no município de Volta Redonda-RJ, e propor medidas capazes de modificar esse cenário.
MATERIAL E MÉTODO: Foram analisadas 260 Declarações de Nascidos Vivos (DNV), correspondentes aos anos de
2011, 2012 e 2013 da UBSF São Geraldo, correlacionando as seguintes variáveis: 1) mães jovens com RNBP; 2) número de consultas de pré-natal e RNBP; 3) escolaridade materna e RNBP; e 4) número de consultas pré-natal e grau de escolaridade materna. Os dados coletados foram comparados e analisados por meio de tabelas do Microsoft Excel®.
RESULTADOS: Observou-se uma incidência maior de RNBP em gestantes menores de 19 anos (15,6%) e nas maiores de 40 anos (22,2%). Houve ainda, um predomínio de recém-nascidos com baixo peso ao nascer de gestantes que fizeram entre 1 e 3 consultas (42,85%). O grau de escolaridade materna não apresentou relação nítida com RNBP, sendo o maior percentual de RNBP de gestantes com 8-11 anos de estudo (14,4%). Também não foi encontrada associação entre escolaridade materna e o número de consultas de pré-natal visto que, 62,5% das gestantes com 6 ou menos consultas estudaram entre 8/11 anos.
CONCLUSÃO Concluí-se então que o número de RNBP pode reduzir significativamente através de políticas de conscientização da importância do pré-natal e medidas de prevenção à gravidez precoce, além da implantação de estratégias em saúde que garantam o pleno acesso das gestantes ao pré-natal.
Responsável
STEPHANI CARDOSO ANTUNES
Oliveira, J.D.D.; Kirzner, S.; Castro, F.F.; Mesquista, C.F.; Santos, A.S.; Ambo, A.; Conceiçao, A.C.P.; Tristao, S.K.P.C.; Medeiros, D.C.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):121.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O Programa Saúde na Escola objetiva contribuir para a formação integral dos estudantes por meio de ações de promoção, prevenção e atenção à saúde, com vistas ao enfrentamento das vulnerabilidades que comprometem seu pleno desenvolvimento. A I Semana do Autocuidado nas Escolas no município do Rio de Janeiro-RJ foi instituída com propósito de estimular ações de promoção da saúde.
OBJETIVO: Analisar e refletir sobre as atividades que foram desenvolvidas para a população infantojuvenil nesta semana.
MATERIAL E MÉTODO: A Semana ocorreu de 29 de julho a 2 de agosto de 2014 com a participação de 481 escolas e as 151 unidades de atenção primária à saúde de referência do território. As temáticas e estratégias de intervenção foram definidas pelas próprias unidades locais. O monitoramento destas ações foi realizado pela Coordenação de Saúde do Escolar da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.
RESULTADOS: As formas de desenvolver e escolher a abordagem e temáticas das ações foram múltiplas, conforme se estabeleceram as parcerias locais. As metodologias variaram de palestra expositiva à construção coletiva do conhecimento que usaram metodologias mais participativas, permitindo um maior protagonismo às crianças e adolescentes. A escolha dos temas e planejamento das ações ocorreu de forma unilateral ou em parceria com o envolvimento de todos os atores. Algumas ações contemplaram todas as dimensões relacionadas ao processo saúde-doença, outras reproduziram abordagens restritas somente aos seus aspectos biológicos.
CONCLUSÃO Enfatiza-se a importância de uma maior articulação entre os profissionais da saúde e da educação, devendo-se travar um diálogo mais harmônico para a produção efetiva de um trabalho de promoção da saúde de qualidade que possa suprir as reais demandas e necessidades da população infantojuvenil visando a sua qualidade de vida.
Responsável
SUELY KIRZNER GHEINER
Rodrigues, R.S.; Oliveira, L.R.V.; Neurauter, M.L.A.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):122.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A tuberculose representa um grave problema de saúde pública no Brasil
OBJETIVO: Estudar tuberculose em menores de 1 ano do Estado do Rio de Janeiro(ERJ), no período entre 2012 e 2013.
MATERIAL E MÉTODO: Estudo descritivo baseado no SINAN( MS/ SESRJ). Os dados de 2013 estão sujeitos à revisão.
RESULTADOS: Confirmaram-se 809 casos de tuberculose em menores de 1 ano (Brasil) no período entre 2012 e 2013. No ERJ notificou-se 977 casos em menores de 15 anos, sendo 193 em menores de 1 ano (86 em 2012;107 em 2013). A forma pulmonar foi a mais ferquente (2012: 82,9%; 2013: 84,4%). Predomínio do sexo masculino (2012: 63,9%; 2013: 67,3%). Entrada : 63 e 84 casos novos, 6 e 5 reingressos pós abandono, 9 e 4 recidivas, respectivamente; 20 casos sem informação. Encerramento 2012 e 2013: cura (54,6% e 20,9%). Abandono (11,6% e 1,9%). Óbito por tuberculose (6,9% e 3,8%). MDR (1,1% em 2012); ignorado (9,3% e 11,2%). Analisando o segmento menores de 15 anos, observa-se um aumento de 0,63% no número de casos comparando-se 2012 e 2013. Em menores de 1 ano, este aumento foi de 22%. Nas crianças com sorologia HIV conhecida, foram positivas 14,8% (2012) e 28,3% (2013). Dados ignorados em 32 casos (2012) e 59 casos (2013). Dados de gestantes com tuberculose no ERJ mostram 93 casos (2012) e 77 (2013), bacilíferas 49,5% e 48% bacilíferas respectivamente.
CONCLUSÃO Chama a atenção: número de recidivas, reingresso pós abandono, baixo índice de cura (preconizado OMS 85%), elevada taxa de abandono e de óbitos. Apesar das limitações, podemos inferir que precisam ser revistos: qualidade da atenção aos menores de 1 ano e assistência materna, diagnóstico e tratamento precoces dos enfermos, controle de contactantes e busca ativa do abandono, visando reduzir número de casos, aumentar taxa de cura, reduzir abandono e óbitos por doença de tratamento de baixo custo com elevado percentual de cura.
Responsável
VERA LUCIA DA SILVA OLIVEIRA
Balbi, V.A; Martinez, E.B.F.; Lino, R.R.G.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):123.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Acometimento articular na infecção gonocócica disseminada ocorre numa fase inicial bacterêmica com poliartralgia migratória ou aditiva de grandes articulações e tenossinovite que pode evoluir para artrite séptica de uma ou mais articulações.
OBJETIVO: Relatar caso de artrite gonocócica em pediatria e levantar a importância do início precoce da atividade sexual e seus riscos.
MATERIAL E MÉTODO: L.S.S., sexo feminino, 12 anos, apresentou febre. Durante 4 dias, dor no punho esquerdo, sem conseguir abrir a mão. Após dois dias, evoluiu com artrite e tenossinovite incapacitante funcional de tornozelo esquerdo, artrite de joelho direito e cotovelo esquerdo. Não houve regressão do quadro com o uso de penicilina benzatina e ibuprofeno. Foi internada e iniciada oxacilina e ceftriaxone por ter vida sexual ativa. Sem suspeita de abuso. Nos exames laboratoriais havia elevação das provas de atividade inflamatória, cintilografia óssea com hipercapatação sugestiva de processo inflamatório/infeccioso articular e cultura do líquido sinovial purulento com crescimento de Neisseria gonorrhoeae sensível a ciprofloxacina e resistente ao ceftriaxone. Após 10 dias de antibioticoterapia com ciprofloxacino, a paciente já apresentava significativa melhora clínica e laboratorial. Realizado também o tratamento presuntivo de Clamydia com azitromicina.
RESULTADOS: O padrão articular descrito é um exemplo clássico de artrite gonocócica. Essa geralmente ocorre em adultos jovens com vida sexual ativa mas é relatada em todos os grupos etários pediátricos. A identificação da bactéria nem sempre é possível devido à baixa sensibilidade da cultura no sangue e no líquido sinovial. Entretanto, nesse caso foi identificado o germe no liquido sinovial. Houve boa resposta ao tratamento, conforme descrito na literatura.
CONCLUSÃO A dificuldade e estranheza em levantar a hipótese de doenças sexualmente transmissíveis (DST) na população pediátrica muitas vezes atrasam o diagnóstico e o início do tratamento. O caso é relevante, já que sinaliza para a maior incidência das DST na faixa etária pediátrica devido ao início precoce da atividade sexual.
Responsável
VERENA ANDRADE BALBI
Leal, T.M.P.B.; Veiga, F.P.L.F; Boechat, R.A.; Goettenauer, R.B.; Freitas, L.S.; Rocha, M.M.B.S.; Azevedo, C.E.S.; Barbosa, S.S.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):124.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Nevos epidérmicos são hamartomas oriundos do ectoderma embrionário cujas células diferenciam-se em queratinócitos e células formadoras de anexos epidérmicos. As lesões geralmente surgem ao nascimento, são intensamente ou levemente pigmentadas, uni ou bilaterais. Podem acometer mucosas oral e conjuntival. O nevo epidérmico verrucoso prevalece no sexo feminino. Inicialmente são estrias ou placas aveludadas pigmentadas que vão escurecendo com a superfície mais ceratótica. Predominam no tronco, raramente cruzam a linha média. Nos membros tendem a ser lineares.
OBJETIVO: Relatar 2 casos dessa dermatose em crianças, alertando os médicos para lesões sugestivas do NEV, favorecendo diagnóstico precoce.
MATERIAL E MÉTODO: Caso 1- LCA, 6 anos, sexo feminino, branca, natural do RJ, história de alergia ao leite e grande "mancha" cutânea. Apresenta placas pigmentadas, acastanhadas, ceratóticas na região inguinal esquerda, com faixa de continuidade à parte interna da coxa e perna esquerdas. Na perna esquerda apresenta-se como mancha hipocrômica, estendendo-se até o pé esquerdo. As lesões surgiram aos 2 meses como mancha hiperemiada, posteriormente formando crosta, seguida de aspecto ceratótico compatível com NEV. Caso 2 - JPCM, 11anos, sexo masculino, negro, natural do Rio de Janeiro. Investigando macrocefalia sem alterações neurológicas. TC de crânio normal. Aos 3 anos apresentava lesões cutâneas maculares hipercrômicas lineares da escápula ao 2º quirodáctilo esquerdo Áreas com lesões papuloverrucosas no trajeto linear, principalmente no cotovelo e dorso do 2º quirodáctilio sendo diagnosticado NEV.
RESULTADOS: Os casos são exemplos clássicos de NEV com lesões extensas e de aparecimento precoce. Quando não identificadas corretamente podem causar confusão diagnóstica e investigações desnecessárias.
CONCLUSÃO Diante dessas lesões cutâneas potencialmente deformantes, causadoras de estresse psicossocial, torna-se primordial o diagnóstico precoce e acompanhamento especializado. Salienta-se a importância do acolhimento da criança e seus familiares, como medida fundamental para o êxito da conduta, melhor prognóstico e, sobretudo, a melhor qualidade de vida dos pacientes.
Responsável
VERENA ANDRADE BALBI
Chuva, V.C.; Lima, D.S.M.F.; Silva, G.M.G,L; Pimentel, A.C.Q.B; Silva, G.P.; Coutinho, C.M.O.; Soares, D.A.; Grossi, E.C.; Cardoso, F.C.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):125.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: O abscesso cerebral é um processo inflamatório intraparenquimatoso focal secundário a infecções de outras partes do organismo, na maioria das vezes de origem bacteriana.
OBJETIVO: Relatar caso de paciente com 1 ano e 10 meses, previamente hígido, com abscesso cerebral idiopático em região parietal esquerda.
MATERIAL E MÉTODO: O paciente apresentou episódios de crises convulsivas, tanto focal como generalizada e, após as crises, apresentou alteração discreta na marcha por paresia em MID visto, principalmente, ao deambular. Com tal quadro sugestivo e resultados dos exames de imagem complementares, foi feito a abordagem cirúrgica em que verificou-se a saída de material purulento. Completou 6 semanas de antibiótico e teve alta para acompanhamento ambulatorial.
RESULTADOS: Antes da alta hospitalar foi realizada nova tomografia computadorizada que demonstrou ausência da lesão, assim como, ausência de alteração estrutural cerebral. Como na maioria dos casos, a causa do abscesso cerebral foi desconhecida independente desse fato, o paciente teve boa recuperação e recebeu alta para acompanhamento ambulatorial com bom prognóstico.
CONCLUSÃO Os abscessos cerebrais possuem baixa incidência, acometem crianças de qualquer idade e a taxa de mortalidade associada tem diminuído significativamente nos últimos anos. As manifestações clínicas estão relacionadas à diversos fatores incluindo localização da lesão, patógeno, status imunológico do hospedeiro e idade. Esse caso de abscesso idiopático teve um desfecho positivo, seguindo a tendência das estatísticas que demonstram uma queda na taxa de mortalidade.
Responsável
VICTOR COSTA CHUVA
Madalena, A.L.R.; Soares, V.C.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):126.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: Diante do crescente número de adeptos do estilo de vida contrário ao abuso contra animais, observa-se relativa popularização do vegetarianismo/veganismo, aumentando sua incidência no cotidiano de crianças e adolescentes.
OBJETIVO: Expor a ocorrência de carência nutricional do tipo Kwashiorkor, por dieta vegana em lactente.
MATERIAL E MÉTODO: Lactente, sexo feminino, 11 meses, residente em Ipanema,-RJ, atendida na emergência com queixa de febre há 5 dias, diarréia, vômitos, prostração. Os pais relatam, ainda, que notaram "inchaço". Atendida em outro hospital no dia anterior, recebeu hidratação venosa. No entanto, mantinha prostração e edema. Exame físico: Prostrada, irritada, hipocorada, edema periorbitário bilateral em face e membros. FAN sem sinais de irritação meníngea. Exames complementares: Hematócrito 25,8%, Hg 8,4 g/dL, 32.490 leucócitos (0/1/0/0/14/57/20/7) ; 533.000 plaquetas, PCR 6,6, Proteínas 5,5; albumina 2,2; colesterol normal. EAS: leucocitúria maciça, bacterioscopia com bacilos gram negativos, sem proteinúria. Ultrassonografia de Abdômen: mínima quantidade de líquido livre peri-hepático. Líquor normal. HPP: alergia ao leite de vaca, exclusão de proteína animal da dieta (SIC). H. Alimentar: Dieta vegana com fórmula à base de arroz, cereais e frutas. Não recebendo carne, peixe, frango, ovos ou leite e sem suplementação vitamínica ou de ferro. Impressão diagnóstica: Kwashiorkor com descompensação clínica pós-diarreica levando à edema por hipoproteinemia e Infecção do Trato Urinário (urinocultura com E.Coli multissensível >100.000 UFC). Indicada internação e iniciado ceftriaxone venoso. Foi realizada reintrodução gradual de proteína animal na dieta e iniciada suplementação vitamínica. Recebeu alta hospitalar após dez dias de internação, com melhora do quadro edemigênico e infeccioso, além de orientações de reeducação alimentar.
RESULTADOS: Diferente das descrições clássicas na literatura, a doença de Kwashiorkor não é mais encontrada apenas em condições de pobreza, mas também em núcleos familiares com nível sócio-econômico superior, por transtornos ou má orientação de hábitos alimentares.
CONCLUSÃO Com o aumento do vegetarianismo/veganismo na faixa etária pediátrica, é possível que casos semelhantes se tornem mais frequentes no cotidiano do pediatra.
Responsável
WALLACE SALES GASPAR
Gaspar, W.S.; Soares, V.C.
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):127.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: A perda de um marco de desenvolvimento é sempre fato preocupante. É imprescindível a investigação e, por vezes, necessária a ampliação dos diagnósticos diferenciais.
OBJETIVO: Expõe o caso de lactente com retrocesso no desenvolvimento da marcha, tendo como diagnóstico final Histiocitose de células de Langerhans (HCL).
MATERIAL E MÉTODO: Lactente , 1 ano, sexo feminino, encaminhada por neuropediatra para internação para investigação de perda de marco de desenvolvimento (marcha) associada à diminuição da frequência de diurese e evacuação. Ao exame clínico: Diminuição da força muscular em membros inferiores, sem outras alterações dignas de nota.. Exames complementares durante internação: LCR (3 células), proteínas (21), glicose (56), bacterioscopia e látex negativos, PCR para HSV1 e HSV2 negativos; Hematócrito (30,3%); Leucócitos (13140); Plaquetas (505.000); Radiografia do Crânio: imagem lítica em região parietal; Radiografia da Coluna vertebral: redução de altura do corpo vertebral de L3; Radiografia da Bacia: imagem lítica em ilíaco esquerdo; RNM neuroeixo: medula normal, mas alteração de sinal em vértebra L3 sugestiva de histiocitose. Foi realizada biópsia de lesão craniana, com diagnóstico de HCL. A paciente foi avaliada pela hematologia pediátrica, com indicação de início de tratamento quimioterápico. Atualmente encontra-se em excelente estado geral, em quimioterapia e com melhora dos sintomas de perda de força muscular e com marcha normal para idade.
RESULTADOS: A HCL possui manifestações clínicas variáveis, estando as manifestações esqueléticas presentes em 80% dos pacientes. É descrito na literatura o acometimento de coluna vertebral (que pode levar à compressão de medula espinal), de crânio (lesões únicas ou múltiplas) e de ossos chatos (lesões líticas sem sinais de neoformação óssea). O que foi descrito equivale ao quadro apresentado pela paciente em questão.
CONCLUSÃO Diante do exposto, faz-se necessário lembrar da HCL no diagnóstico diferencial em casos de perda de desenvolvimento da marcha e redução de força muscular. O diagnóstico preciso e precoce pode, além de evitar lesões permanentes, prevenir a reativação da doença.
Responsável
WALLACE SALES GASPAR
Madalena, A.L.R.; Mezzasalma, D.F.C.U
Rev Ped SOPERJ. 2015;15(supl 1):128.
Resumo PDF PTINTRODUÇÃO: São amplamente discutidas as consequências da infecção pelo Papiloma Vírus Humano (HPV), seu potencial carcinogênico e transmissibilidade pelo contato sexual. Entretanto, é importante salientar que tal infecção, quando não identificada no período pré-natal, pode trazer malefícios ao bebê.
OBJETIVO: Expor o caso de Papilomatose Laríngea Recorrente em pré-escolar.
MATERIAL E MÉTODO: Pré-escolar, sexo feminino, 2 anos e 10 meses, apresentou episódio de infecção de vias aéreas superiores, estando entre a sintomatologia, a presença de rouquidão. Sintoma esse persistindo e evoluindo por 4 meses, apesar do uso de anti-histamínicos e corticoide oral, nesse mesmo período. A paciente precisou ser atendida por otorrinolaringologista após piora dos sintomas (apneias noturnas e desconforto respiratório progressivo) sendo necessário a realização de videolaringoestroboscopia ambulatorialmente, que constatou massa papilomatosa em prega vocal direita a paciente foi encaminhada ao Hospital Copa D'Or para ressecção de urgência da massa e diagnosticada como Papilomatose Laríngea. Diagnóstico esse, corroborado pelo fato de a mãe não saber informar sobre a presença de lesões verrugosas no canal do parto e o mesmo ter sido por via vaginal, além da exclusão de outras causas, com exame físico e anamnese dirigida. Após a ressecção, pré-escolar evoluiu com melhora dos sintomas, permitindo a alta hospitalar. Desde a primeira abordagem, foram necessárias duas novas internações para ressecção de lesões recidivadas, que se manifestaram com o mesmo sintoma de rouquidão.
RESULTADOS: A Papilomatose Laríngea é a neoplasia de trato respiratório mais comum na infância, sendo o diagnóstico típico entre os 2 e 3 anos de idade. O parto vaginal e a presença de lesões verrucosas vaginais no momento do parto, são importantes fatores de risco para essa doença que tem como uma de suas características a recorrência das lesões.
CONCLUSÃO É de suma importância que o pediatra tenha a Papilomatose Laníngea Recorrente como diagnóstico diferencial de rouquidão em crianças com idade entre 2 e 3 anos. Ter ciência da gravidade, incidência e recorrência da doença, permite o diagnóstico precoce e pode evitar desfechos trágicos.
Responsável
WALLACE SALES GASPAR