Trabalho Original
Perfil de Crianças Vítimas de Violência Familiar Atendidas em um Hospital Universitário - Construind
Santos, S.C.F.; Moura, A.T.M.S.; Rafael, R.M.R.
Instituição Faculdade de Ciências Médicas (FAPERJ)
Resumo
INTRODUÇÃO: O setor da saúde vem tentando estruturar-se para o atendimento de casos de violência familiar, construindo redes intersetoriais e linhas de cuidado. Os serviços especializados fazem parte dessa rede, recebendo um perfil diferenciado de crianças, que, além da vitimização, apresentam necessidades complexas.
OBJETIVO: Descrever o perfil das crianças vítimas de violência familiar atendidas em um serviço especializado e suas demandas por cuidados especiais.
MATERIAL E MÉTODO: Realizou-se análise de todos os prontuários de serviço direcionado ao atendimento de casos de violência familiar referidos pelo ambulatório de pediatria de um hospital universitário, no período de agosto de 2012 a maio de 2013. Foram avaliados os tipos de violência, o perfil da criança e de seu cuidador, o uso de serviços de suporte social e a frequência em outros serviços de especialidades.
RESULTADOS: A amostra compreendeu 128 prontuários, em que a maioria das crianças era do sexo feminino (52,6%) e na faixa etária entre 5 e 9 anos (62,3%). A violência mais frequente foi a física (58%), seguida da sexual (30,5%), da psicológica (27,8%) e da negligência (23,6%). Dos participantes do estudo, 29,8% faziam acompanhamento na psicologia, 16,7% na fonoaudiologia, e 14,9% na nutrição. Quanto à presença de comorbidades, 50 % também frequentavam o ambulatório de neuropediatria, 28,5% a nefropediatria, e 25% a genética e follow-up. Não houve relato de uso de suporte social nos prontuários.
CONCLUSÃO A assistência oferecida por serviços especializados está contemplada na proposta de organização de linhas de cuidado e precisa estar integrada à rede de proteção às crianças vítimas. Os casos complexos acabam envolvendo diversos equipamentos da saúde, o que poderia facilitar a detecção de conflitos e a construção de vínculos entre familiares e equipes. Para tanto, seria necessário o desenvolvimento de mecanismos que promovessem a comunicação entre os setores, evitando a superposição da assistência oferecida nos diferentes níveis de atenção e minimizando as consequências da violência familiar contra a criança.
Responsável
ANNA TEREZA MIRANDA SOARES DE MOURA