Revista de Pediatria SOPERJ

ISSN 1676-1014 | e-ISSN 2595-1769

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Número atual: 15(supl 1)(2) - Março 2015

Trabalho Original

Violência Familiar Contra a Criança: Entendendo a Associação de Doenças Crônicas com Episódios de Violência

 

Conceição, L.V.; Rafael, R.M.R.; Moura, A.T.M.S.

Faculdade de Ciências Médicas (FAPERJ)73

 

Resumo

INTRODUÇÃO: A violência contra a criança é considerada um problema complexo, gerando expressivo impacto social, com repercussões nas políticas da saúde e de outros setores envolvidos. O perfil de comorbidades na prática pediátrica mudou, exigindo um cuidado ampliado para crianças portadoras de doenças crônicas. O acompanhamento desses pacientes demanda uma avaliação integral, sendo fundamental perceber como se desenvolvem os cuidados e os vínculos na família envolvida.
OBJETIVO: Estimar a prevalência de violência familiar em crianças portadoras de doenças crônicas atendidas em ambulatório de especialidades pediátricas, refletindo sobre os potenciais impactos sobre o cuidado multiprofissional.
MATERIAL E MÉTODO: Estudo seccional realizado em ambulatório de especialidades de hospital universitário, utilizado o instrumento "Conflict Tactic Scales: Parent Child Version" (CTSPC). A coleta de dados ocorreu por meio de amostragem por oportunidade com os responsáveis das crianças. Foram estimadas as prevalências dos diferentes tipos de violência, calculando-se os respectivos intervalos de confiança a 95%.
RESULTADOS: A amostra compreendeu 152 questionários aplicados, com predomínio de crianças do sexo masculino, idade até 4 anos e frequentando a rede de ensino. A quase totalidade dos participantes relatou mais de 3 consultas médicas por ano (89.5%; IC95%: 84.5/94.4). Em relação aos tipos de violência, observou-se positividade na escala de maus-tratos físicos graves em 8.0% da amostra (IC95%: 21.3/38.3) e 87.5% para agressão psicológica (IC95%: 75.3/87.8).
CONCLUSÃO Famílias com pacientes portadores de doenças crônicas tendem a ter uma forma de resolução violenta de conflitos, pois o cuidado desse paciente é um fator frequente de estresse na dinâmica cotidiana da família. Os dados mostram uma realidade alarmante, com um número expressivo de vítimas de violência grave em idade pré-escolar, período crucial do desenvolvimento infantil. Vale ressaltar que a complexidade dessas situações acaba dificultando a detecção da violência, pois as demandas assistenciais envolvem múltiplas tarefas e olhares multiprofissionais.

 

Responsável
ANNA TEREZA MIRANDA SOARES DE MOURA