Revista de Pediatria SOPERJ

ISSN 1676-1014 | e-ISSN 2595-1769

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Número atual: 15(supl 1)(2) - Março 2015

Trabalho Original

Fatores que influenciam o tratamento de pacientes com câncer infantojuvenil: a visão dos familiares

 

Santi, E.; Bastos,G.; Corrêa, L.; Nunes,R.; Monteiro,L.; Barbosa, L.; Alvim, I.; Sangalli,L.G.; Lips,T.

Universidade Estácio de Sá (UNESA)

 

Resumo

INTRODUÇÃO: O câncer infanto-juvenil (CaIJ) representa cerca de 2,5% de todos os novos casos de câncer no país, sendo a segunda causa de morte nesta faixa etária. No entanto, mais de 50% chegam ao centro especializado em fase avançada e com menor possibilidade de cura.
OBJETIVO: Identificar os principais fatores que influenciam o tempo entre os primeiros sinais e sintomas, o diagnóstico e o início do tratamento do câncer infanto-juvenil. Elaborar proposta para melhorias no fluxo da assistência ao paciente com câncer infantojuvenil
MATERIAL E MÉTODO: Estudo com abordagem, qualitativa e quantitativa, de acompanhantes/responsáveis por pacientes com CaIJ, de 01 mês a 19 anos, admitidas nos Setores de Hematologia, Transplante de Medula Óssea e Oncologia pediátrica do INCA. Estudo realizado entre fevereiro de 2014 e junho de 2014, em três fases: bibliografia e elaboração de questionário, aplicação de questionário, análise de dados. O questionário foi pré-validado e incluiu características biológicas, sóciodemográficas, fatores que influenciaram o diagnóstico e tratamento e possibilitou a associação entre as características do atendimento inicial e da referência ao nível de alta complexidade.
RESULTADOS: Foram abordados 111 acompanhantes/responsáveis e 101 consentiram em participar do estudo. Foram compatíveis com a literatura, os dados biológicos, os tipos mais prevalentes e os primeiros sintomas de CaIJ. 83,2% dos pacientes tinham acompanhamento médico prévio ao diagnóstico de câncer, sendo 63,4% com Pediatra, 15,8% pelo Programa de Saúde da Família e 4% com outro especialista. Em 68,3% dos casos, foi realizado atendimento médico em que o profissional não suspeitou de câncer e destes, mais da metade (60,9%), levaram mais de um mês para um atendimento com suspeita de câncer. Para os 78/101 entrevistados que entenderam que houve atraso no diagnóstico do câncer (54%), 55% aponta a dificuldade diagnóstica do profissional de saúde como principal fator para tal, seguida de fatores como atraso na marcação de consulta (14%) e dificuldade/demora da realização da biópsia (13%).
CONCLUSÃO Existe um atraso no diagnóstico do CaIJ, o que pode ser atribuído a diversos fatores, sobretudo à falhas no atendimento inicial. São fundamentais para o controle dessa situação e o alcance de melhores resultados, ações específicas do setor de saúde, como a organização da rede de atenção e a capacitação dos profissionais envolvidos, visando oferecer uma assistência de qualidade e melhorar o prognóstico dos pacientes.

 

Responsável
LUIS FERNANDO DA SILVA BOUZAS