Revista de Pediatria SOPERJ

ISSN 1676-1014 | e-ISSN 2595-1769

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Número atual: 8(2) - Outubro 2007

Teses e Dissertaçoes

Efeitos do salbutamol inalatório na função pulmonar de prematuros de muito baixo peso ao nascer próximo a alta hospita

 

Aniele Medeiros Costa

 

RESUMO

A reatividade da via aérea ainda é controversa devido à presença da musculatura lisa e embora existam estudos (Montgomery e Tepper, 1990; Hayden et al, 1997) sobre a resposta da via aérea aos agentes broncoconstrictores em crianças, inclusive saudáveis, poucos trabalhos avaliam os níveis de relaxamento do tônus da mesma em prematuros, através da resposta ao broncodilatador.
O aumento de reatividade da via aérea tem sido proposto como uma explicação possível para o aumento da ocorrência de sibilância nos primeiros anos de vida (Martinez et al, 1991; Pelkonen et al, 1997). A musculatura lisa desenvolve-se precocemente na vida fetal e, segundo Rotschild (1989) e Lee (1994), prematuros de extremo baixo peso, mesmo sem apresentar doença pulmonar, possuem musculatura brônquica suficiente para responder à broncodilatação por via inalatória desde 25 semanas de gestação. Tem sido reportado que a resistência e a complacência pulmonares tendem a melhorar após a administração de broncodilatador (Rotschild et al, 1989; Denjean et al, 1998), no entanto, mais estudos são necessários.
O objetivo deste estudo foi verificar, próximo à alta hospitalar, o tônus basal das vias aéreas e a resposta ao uso do broncodilatador por via inalatória, em prematuros de muito baixo peso ao nascer.
Realizamos um ensaio clínico controlado, duplo-cego, randomizado e cruzado. Portanto, cada paciente foi seu próprio controle e recebeu a seqüência salbutamol-placebo ou placebosalbutamol, em um intervalo de 6 a 24 horas. Foram incluídos os pré-termos com peso de nascimento inferior a 1500g e com idade gestacional menor que 34 semanas, no período de agosto de 2005 a setembro de 2006. Os bebês com malformação congênita e hemorragia intracraniana (graus III e IV) foram excluídos.
Após o uso do broncodilatador, encontramos um aumento significativo na freqüência cardíaca (p<0,001). Este aumento mostra que método de administração foi eficaz em fazer com que a medicação chegasse às vias aéreas distais. O volume corrente e complacência pulmonar corrigidos pelo peso também foram significativamente melhores (p<0,01). A resistência pulmonar média diminuiu de 75,5 ± 30 cmH2O/l/s para 55,3 ± 19,2 cmH2O/l/s. De toda a população estudada, 13 recém-nascidos pré-termo não tinham diagnóstico de displasia broncopulmonar nem resistência pulmonar alterada mas também apresentaram melhora nos valores de resistência pulmonar após administração de salbutamol. No entanto, a resposta broncodilatadora foi mais evidente naqueles bebês com resistência pulmonar elevada.
Os resultados encontrados nesta dissertação e a coerência com a literatura apontam para evidências, mostrando que bebês nascidos prematuramente, mesmo aqueles sem doença pulmonar prévia, são capazes de relaxar a musculatura brônquica com a administração de broncodilatador inalatório.

Palavras chave: prematuros, resposta da via aérea, salbutamol, resistência pulmonar

 

Orientador:
Prof. José Roberto de Moraes Ramos
Mestrado em Ciências do Curso de Pós-graduação em Saúde da Mulher e da Criança do Instituto Fernandes Figueira / FIOCRUZ